quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Comentário ao Evangelho do dia (11/10) por Balduíno de Ford

(?-c. 1190), abade cisterciense, depois bispo 
Homilia 6, sobre a Carta aos Hebreus


«Limpais o exterior. [...] Quem fez o interior não fez também o exterior?»


O Senhor conhece os pensamentos e as intenções do nosso coração. Ninguém duvida de que Ele os conhece de facto a todos, mas nós só conhecemos os que Ele nos torna manifestos pela graça do discernimento. Porque o espírito do homem nem sempre sabe o que há nele; e mesmo quando se trata dos seus próprios pensamentos, sejam eles queridos ou não, tem deles uma ideia que nem sempre corresponde à realidade. Nem os que se apresentam com evidência aos olhos do espírito discerne com precisão, tão obscurecido está o seu olhar. 

Com efeito, acontece frequentemente, por uma razão humana ou procedente do tentador, deixarmo-nos levar pelo pensamento para aquilo que é só aparência de piedade e que, aos olhos de Deus, não merece de maneira nenhuma a recompensa prometida à virtude. É que há coisas que podem apresentar o aspeto de verdadeiras virtudes, como também de vícios, e enganar os olhos do coração. Pelas suas seduções, podem perturbar a visão da nossa inteligência ao ponto de muitas vezes lhe fazer tomar por um bem realidades que realmente são más, e inversamente, levá-la a ver um mal onde, na verdade, não existe. É um aspeto da nossa miséria e da nossa ignorância que muito precisamos de deplorar e grandemente de temer. [...] 

Quem pode verificar se os espíritos procedem de Deus a não ser que tenha recebido de Deus o discernimento dos espíritos? [...] Este discernimento é a fonte de todas as virtudes.


Fonte: Evangelho do dia

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