domingo, 29 de setembro de 2013

São Josemaría Escrivá, sobre os Santos Arcanjos



Estás rindo porque te digo que tens “vocação matrimonial”? - Pois é verdade: isso mesmo, vocação. Pede a São Rafael que te conduza castamente ao termo do caminho, como a Tobias. (Caminho, 27)
Vens dizer-me que tens no teu peito fogo e água, frio e calor, paixõezinhas e Deus..., uma vela acesa a São Miguel e outra ao diabo. Sossega; enquanto quiseres lutar, não haverá duas velas acesas no teu peito, mas uma só - a do Arcanjo. (Caminho, 724)

Como te rias, nobremente, quando te aconselhei a pôr teus anos moços sob a proteção de São Rafael!: para que ele te leve a um matrimônio santo, como ao jovem Tobias, com uma moça que seja boa e bonita e rica - disse-te, brincando.

E depois, que pensativo ficaste quando continuei a aconselhar-te que te pusesses também sob o patrocínio daquele Apóstolo adolescente, João, para o caso de o Senhor te pedir mais. (Caminho, 360)

A Virgem Santa Maria, Mestra de entrega sem limites. - Lembras-te? Com palavras que eram um louvor dirigido a Ela, Jesus Cristo afirma: “Aquele que cumpre a Vontade de meu Pai, esse - essa - é minha mãe!...”. Pede a esta Mãe boa que ganhe força na tua alma - força de amor e de libertação - a sua resposta de generosidade exemplar: "Ecce ancilla Domini" - eis a escrava do Senhor. (Sulco, 33)


Estás rindo porque te digo que tens “vocação matrimonial”? - Pois é verdade: isso mesmo, vocação.
Pede a São Rafael que te conduza castamente ao termo do caminho, como a Tobias. (Caminho, 27)
Vens dizer-me que tens no teu peito fogo e água, frio e calor, paixõezinhas e Deus..., uma vela acesa a São Miguel e outra ao diabo. Sossega; enquanto quiseres lutar, não haverá duas velas acesas no teu peito, mas uma só - a do Arcanjo. (Caminho, 724)

Como te rias, nobremente, quando te aconselhei a pôr teus anos moços sob a proteção de São Rafael!: para que ele te leve a um matrimônio santo, como ao jovem Tobias, com uma moça que seja boa e bonita e rica - disse-te, brincando.

E depois, que pensativo ficaste quando continuei a aconselhar-te que te pusesses também sob o patrocínio daquele Apóstolo adolescente, João, para o caso de o Senhor te pedir mais. (Caminho, 360)

A Virgem Santa Maria, Mestra de entrega sem limites. - Lembras-te? Com palavras que eram um louvor dirigido a Ela, Jesus Cristo afirma: “Aquele que cumpre a Vontade de meu Pai, esse - essa - é minha mãe!...”. Pede a esta Mãe boa que ganhe força na tua alma - força de amor e de libertação - a sua resposta de generosidade exemplar: "Ecce ancilla Domini" - eis a escrava do Senhor. (Sulco, 33)


Estás rindo porque te digo que tens “vocação matrimonial”? - Pois é verdade: isso mesmo, vocação. Pede a São Rafael que te conduza castamente ao termo do caminho, como a Tobias. (Caminho, 27)
Vens dizer-me que tens no teu peito fogo e água, frio e calor, paixõezinhas e Deus..., uma vela acesa a São Miguel e outra ao diabo. Sossega; enquanto quiseres lutar, não haverá duas velas acesas no teu peito, mas uma só - a do Arcanjo. (Caminho, 724)

Como te rias, nobremente, quando te aconselhei a pôr teus anos moços sob a proteção de São Rafael!: para que ele te leve a um matrimônio santo, como ao jovem Tobias, com uma moça que seja boa e bonita e rica - disse-te, brincando.

E depois, que pensativo ficaste quando continuei a aconselhar-te que te pusesses também sob o patrocínio daquele Apóstolo adolescente, João, para o caso de o Senhor te pedir mais. (Caminho, 360)

A Virgem Santa Maria, Mestra de entrega sem limites. - Lembras-te? Com palavras que eram um louvor dirigido a Ela, Jesus Cristo afirma: “Aquele que cumpre a Vontade de meu Pai, esse - essa - é minha mãe!...”. Pede a esta Mãe boa que ganhe força na tua alma - força de amor e de libertação - a sua resposta de generosidade exemplar: "Ecce ancilla Domini" - eis a escrava do Senhor. (Sulco, 33)

Fonte: Mensagens de São Josemaría

Comentário do Evangelho do dia (25/09) feito por São Francisco Xavier



(1506-1552), missionário jesuíta
Cartas 4 e 5 a Santo Inácio de Loyola (trad. breviário)
Proclamar o Reino de Deus
            Viemos por povoações de cristãos. […] Quando chegava a estas povoações, baptizava todas as crianças por baptizar. […] Ao entrar nos povoados, as crianças não me deixavam rezar o Ofício divino, nem comer, nem dormir, e só queriam que lhes ensinasse algumas orações. Comecei então a saber porque é deles o Reino dos Céus (Mc 10,14). Como seria ímpio negar-me a pedido tão santo, comecei pela confissão do Pai, do Filho e do Espírito Santo, pelo Credo, Pai-Nosso, Ave-maria, e assim os fui ensinando. Descobri neles grande inteligência; se houvesse quem os instruísse na fé, tenho por certo que seriam bons cristãos.
             Muitos deixam de se fazer cristãos nestas terras por não haver quem se ocupe de tão santas obras. Muitas vezes me vem ao pensamento ir aos colégios da Europa, levantando a voz como homem que perdeu o juízo, e principalmente à Universidade de Paris, falando na Sorbonne aos que têm mais letras que vontade para se disporem a frutificar com elas. Quantas almas deixam de ir à glória e vão ao inferno por negligência deles!
              E, se assim como vão estudando as letras, estudassem a conta que Deus Nosso Senhor lhes pedirá delas, e do talento que lhes deu, muitos se moveriam a procurar, por meio dos Exercícios Espirituais, conhecer e sentir dentro de suas almas a Vontade divina, conformando-se mais com ela do que com suas próprias afeições, e dizendo: «Senhor, eis-me aqui, que quereis que eu faça? (Act 9,10). Mandai-me para onde quiserdes e, se for preciso, até mesmo para a Índia.» 
Créditos: Evangelho Quotidiano

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Remédios para curar a impureza - Santo Antônio Maria Claret






REMÉDIOS PARA CURAR A IMPUREZA:


1- De manhã e a noite pede a Mãe da Pureza , a santíssima Virgem, esta preciosa jóia , saudando-a para esse fim com 3 Ave Marias.

2- Logo que tiveres algum pensamento impuro, despreza-o imediatamente e dize a Maria: Virgem Santíssima , valei-me, assisti-me.

3- Aparta-te das más companhias, de bailes e galanteios; nem pelas capas hás de tocar em livros ou papéis desonestos, não olhes para pinturas , estampas ou outros objetos provocativos, e , sobre tudo ,guarda-te de fazer acenos ou ações escandalosas .

4- Veste com modéstia, come e bebe com temperança, não profiras palavras indecentes, não escutes nem acompanhes más conversas, e não dês liberdade a teus olhos.

5- Lembra-te que DEUS te vê,e que tem poder para tirar-te a vida aqui mesmo e lançar-te aos infernos, como aconteceu, entre outros a Onão, que morreu no ATO de cometer um pecado desonesto e SE CONDENOU.

6- Frequenta os Santos Sacramentos

Livro: O CAMINHO RETO
(St Antônio M. Claret)


Nossa Senhora tão Santa e tão Pura, ora pro nobis!

Fonte: O Caminho Reto

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Imitação de Cristo III - Cap 20 - Da confissão da própria fraqueza, e das misérias desta vida




1 - A ALMA: Confesso contra mim mesmo minha maldade (Sl 31,5), confesso, Senhor, minha fraqueza. Muitas vezes a menor coisa basta para me abater e entristecer. Proponho agir valorosamente, mas assim que me sobrevém uma pequena tentação, vejo-me em grandes apuros. Às vezes é de uma coisa mesquinha que me vem grave aflição. E quando me julgo algum tanto seguro, vejo-me, não raro, vencido por um sopro, quando menos o penso.
2 - Olhai, pois, Senhor, para esta minha baixeza e fragilidade, que conheceis perfeitamente. Compadecei-vos de mim e tirai-me da lama, para que não fique atolado (Sl 68,18) e arruinado para sempre. É isto que a miúdo me atormenta e confunde em vossa presença: o ser eu tão inclinado a cair, e tão fraco a resistir às paixões. E embora não me levem ao pleno consentimento, muito me molestam e afligem seus assaltos, e muito me enfastia o viver sempre nesta peleja. Nisto conheço minha fraqueza, que mais depressa me vem do que se vão essas abomináveis fantasias da imaginação.
3 - Ó poderosíssimo Deus de Israel, zelador das almas fiéis, olhai para os trabalhos e dores de vosso servo, e assisti-lhe em todos os seus empreendimentos! Confortai-me com a força celestial, para que não me vença e domine o homem velho, a mísera carne, ainda não inteiramente sujeita ao espírito, contra a qual será necessário pelejar enquanto estiver nesta miserável vida. Ai! que vida é esta, em que nunca faltam as tribulações e misérias, em que tudo está cheio de inimigos e ciladas! Porque mal acaba um tribulação ou tentação, outra já se aproxima, e até antes de acabar um combate, muitos outros já sobrevêm, e inesperados.
4 - E como se pode amar uma vida cheia de tantas amarguras, sujeita a tantas calamidades e misérias? Como se pode chamar vida o que gera tantas mortes e desgraças? E, não obstante, muitos amam e procuram nela deleitar-se. Muitos acoimam o mundo de enganador e vão, e ainda assim lhes custa deixá-lo, porque se deixam dominar pelos apetites da carne. Muitas coisas nos inclinam a amar o mundo, outras a desprezá-lo. Fazem amar o mundo a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida; mas as penas e as misérias que estas coisas se seguem geram o ódio e aborrecimento do mundo.
5 - Infelizmente, o vil deleite vence a alma mundana, que julga delícia o estar em meio dos espinhos (Jó 30,7), porque nunca viu nem provou a doçura de Deus, nem a intrínseca suavidade da virtude. Mas aqueles que perfeitamente desprezam o mundo e procuram viver para Deus, em santa disciplina, experimentam a doçura divina, e mais claramente conhecem os erros grosseiros do mundo e seus vários enganos. 
Imitação de Cristo III, Tomás de Kempis

Comentário do Evangelho do dia (23/09) feito por São João Crisóstomo



(c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilias sobre os Actos dos Apóstolos, nº 20, 3-4; PG 60, 162

 
«Coloca-a no candelabro»

 
Não há nada mais insensível do que um cristão que não se aplica em salvar os outros. Não podes argumentar sobre isto com o pretexto da pobreza: a viúva que deu as suas duas moedinhas levantar-se-ia para te acusar (Lc 21,2). Pedro também, pois dizia: «Não tenho ouro nem prata» (Act 3,6). Assim como Paulo, que era tão pobre que frequentemente passava fome e carecia de bens necessários (1Cor 4,11). Também não podes objectar com o teu nascimento humilde: também eles eram de modesta condição. A ignorância não te será melhor desculpa: também eles eram iletrados […]. Não invoques igualmente a doença: Timóteo era dado a frequentes indisposições (1Tim 5,23) […]. Qualquer um pode ser útil ao seu próximo se quiser fazer aquilo que lhe for possível. […]


Não digas que te é impossível reconduzir os outros ao bom caminho porque, se és cristão, é impossível que tal não se faça. Cada árvore carrega o seu fruto (Mt 7,17s) e, como não há contradição na natureza, o que dizemos é igualmente verdade, porque tal deriva da própria natureza do cristão. […] É mais fácil a luz ser trevas do que o cristão não brilhar. 
 
 
Créditos: Evangelho Quotidiano

Comentário do Evangelho do dia (22/09) feito por Santo Ambrósio



(c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de Lucas, 7, 244ss; SC 52

 
«Um só é o vosso Mestre […], Cristo» (Mt 23,8)

 
«Nenhum servo pode servir a dois senhores.» Não que haja dois: só há um Senhor. Porque mesmo que haja pessoas que servem o dinheiro, este não possui em si qualquer direito de ser senhor; são as pessoas que tomam sobre si o jugo desta escravatura. Com efeito, o dinheiro não tem qualquer poder justo, antes constitui uma escravatura injusta. É por isso que Jesus diz: «Arranjai amigos com o dinheiro desonesto», para que, pela nossa generosidade para com os pobres, obtenhamos os favores dos anjos e dos santos.


O administrador não é criticado; deste modo, aprendemos que não somos senhores, mas administradores das riquezas de outrém. Se bem que tenha errado, ele é elogiado porque, ao dar aos pobres em nome do seu senhor, arranjou apoios para si. E Jesus falou muito bem do «dinheiro desonesto», porque o amor pelo dinheiro tenta-nos pelas suas diversas seduções, a ponto de aceitarmos ser seus escravos. É por isso que Ele diz: «Se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso?» As riquezas são-nos alheias porque estão fora da nossa natureza: não nascem connosco, não nos seguem na morte. Cristo, pelo contrário, é nosso porque é a vida. […] Não sejamos então escravos dos bens exteriores porque só a Cristo devemos reconhecer como Senhor. 
 
 
Créditos: Evangelho Quotidiano

Comentário do Evangelho do dia (21/09) feito por São Beda


(c. 673-735), monge, doutor da Igreja
Homilias sobre os evangelhos I, 21; CCL 122, 149 (trad. bréviaire 21/09)

«Segue-Me!»

«Jesus ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: “Segue-Me!”» Viu-o, não tanto com os olhos do corpo, como com o seu olhar interior, cheio de misericórdia. Jesus viu um publicano e compadeceu-Se dele; escolheu-o e disse-lhe: «Segue-Me», isto é, imita-Me. Disse para O seguir, não tanto com os passos, como no modo de viver. Porque «quem diz que permanece em Cristo deve também proceder como Ele procedeu» (1Jo 2,6).


Mateus levantou-se e seguiu-O. Não devemos admirar-nos de que o publicano, ao primeiro chamamento do Senhor, abandonasse os negócios terrenos em que estava ocupado e, renunciando aos seus bens, seguisse Aquele que via totalmente desprovido de riquezas. É que o Senhor chamava-o exteriormente com a sua palavra, mas iluminava-o de um modo interior e invisível para que O seguisse, infundindo na sua mente a luz da graça espiritual, para que pudesse compreender que Aquele que na terra o afastava dos negócios temporais lhe podia dar no céu tesouros incorruptíveis (cf Mt 6,20).


«Encontrando-Se Jesus à mesa em sua casa, numerosos cobradores de impostos e outros pecadores vieram e sentaram-se com Ele e seus discípulos.» A conversão de um publicano deu a muitos publicanos e pecadores um exemplo de penitência e de perdão. Foi, na verdade, um belo e feliz precedente: aquele que havia de ser apóstolo e doutor das gentes atraiu consigo ao caminho da salvação, logo no primeiro momento da sua conversão, um numeroso grupo de pecadores.


Créditos: Evangelho Quotidiano

Comentário do Evangelho do dia (20/09) feito pelo Beato João Paulo II



(1920-2005), papa
Discurso de 29/04/1979

Acompanhavam-no os Doze e algumas mulheres

É particularmente comovente meditar sobre a posição de Jesus a respeito da mulher. Ele deu provas de uma audácia surpreendente para aqueles tempos em que, no paganismo, a mulher era considerada objecto de prazer, de lucro e de trabalho e, no judaísmo, marginalizada e aviltada.
Jesus mostrou sempre a máxima estima e o máximo respeito para com a mulher, para com cada mulher, e foi particularmente sensível aos sofrimentos femininos. Ultrapassando as barreiras religiosas e sociais do seu tempo, Jesus restabeleceu a mulher na sua plena dignidade de pessoa humana diante de Deus e diante dos homens.


Como não recordar os seus encontros com Marta e Maria (Lc 10,38-42) com a Samaritana (Jo 4,1-42), com a viúva de Naim (Lc 7,11-17), com a mulher doente de hemorragia (Mt 9,20-22) e com a pecadora (Jo 8,3-9) em casa de Simão, o fariseu (Lc 7,36-50)? A sua simples enumeração faz vibrar o coração de comoção. E como não recordar sobretudo que Jesus quis associar aos Doze algumas mulheres (Lc 8,2-3), que O acompanhavam e serviam, e que O confortaram durante a via-sacra e aos pés da Cruz? E, depois da ressurreição, Jesus apareceu às piedosas mulheres e a Maria Madalena, encarregando-a de anunciar aos discípulos a sua Ressurreição (Mt 28,8). Desejando encarnar e entrar na nossa história humana, Jesus quis ter uma Mãe, Maria Santíssima, elevando assim a mulher ao cume mais alto e admirável da dignidade: Mãe do Deus Encarnado, Imaculada, elevada ao Céu, Rainha do Céu e da Terra.


Por isso vós, mulheres cristãs, como Maria Madalena e as outras mulheres do Evangelho, deveis anunciar e testemunhar ter Cristo ressuscitado verdadeiramente, ser Ele a nossa única e verdadeira consolação! Tende, por isso, em conta a vossa vida interior, reservando todos os dias um pequeno oásis de tempo para meditar e para rezar. 
Créditos: Evangelho Quotidiano

Comentário do Evangelho do dia (19/09) feito pelo Beato João Paulo II



(1920-2005), papa
Encíclica «Dives in Misericordia» § 13
 
 
«São-lhe perdoados os seus muitos pecados»

 
Porque existe o pecado no mundo, neste mundo que «Deus amou tanto […] que lhe deu o seu Filho unigénito» (Jo 3,16), Deus, que «é amor» (1Jo 4,8), não se pode revelar de outro modo a não ser como misericórdia, a qual corresponde não somente à verdade mais profunda daquele amor que Deus é, mas ainda a toda a verdade interior do homem e do mundo, sua pátria temporária. […] É por isso mesmo que a Igreja professa e proclama a conversão. A conversão a Deus consiste sempre na descoberta da sua misericórdia, isto é, do amor que é «paciente e benigno» (1Cor 13,4) […], amor ao qual «Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo» (2Cor 1,3) é fiel até às últimas consequências na história da Aliança com o homem, até à cruz, à morte e à ressurreição de seu Filho. A conversão a Deus é sempre fruto do retorno para junto deste Pai, «rico em misericórdia» (Ef 2,4).


O autêntico conhecimento do Deus da misericórdia, Deus do amor benigno, é a fonte constante e inexaurível de conversão, não somente como momentâneo acto interior, mas também como disposição permanente, como estado de espírito. Aqueles que assim chegam ao conhecimento de Deus, aqueles que assim O «vêem», não podem viver de outro modo que não seja convertendo-se a Ele continuamente. Passam a viver «in statu conversionis», em estado de conversão; e é este estado que constitui a característica mais profunda da peregrinação de todo homem sobre a terra «in statu viatoris», em estado de peregrino.


É evidente que a Igreja professa a misericórdia de Deus, revelada em Cristo crucificado e ressuscitado, não somente com as palavras do seu ensino, mas sobretudo com a pulsação mais profunda da vida de todo o Povo de Deus. Mediante este testemunho de vida, a Igreja cumpre a sua missão própria como Povo de Deus, missão que participa da própria missão messiânica de Cristo, e que, em certo sentido, a continua. 
 
 
Créditos: Evangelho Quotidiano

Comentário do Evangelho do dia (18/09) feito pelo Beato João Paulo II



(1920-2005), papa
Encíclica «Dives in Misericordia» § 13 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana)



Na Igreja, Cristo chama-nos à conversão


A Igreja vive vida autêntica quando professa e proclama a misericórdia, o mais admirável atributo do Criador e do Redentor, e quando aproxima os homens das fontes da misericórdia do Salvador, das quais é depositária e dispensadora. Neste contexto, assumem grande significado a meditação constante na Palavra de Deus, e sobretudo a participação consciente e reflectida na Eucaristia e no sacramento da Penitência ou Reconciliação.


A Eucaristia aproxima-nos sempre do amor que é mais forte do que a morte (Ct 8,6). Com efeito, «todas as vezes que comemos deste Pão e bebemos deste Cálice», não só anunciamos a morte do Redentor, mas proclamamos também a sua ressurreição, «enquanto esperamos a sua vinda gloriosa» (Missal Romano; cf 1Cor 11,26). A própria liturgia eucarística, celebrada em memória daquele que, na sua missão messiânica, nos revelou o Pai por meio da Palavra e da Cruz, atesta o inexaurível amor em virtude do qual Ele deseja sempre unir-Se e como que tornar-Se uma só coisa connosco, indo ao encontro de todos os corações humanos.


O sacramento da Penitência ou Reconciliação aplana o caminho a cada um dos homens (cf Lc 3,3; Is 40,3), mesmo quando sobrecarregados por faltas graves. Neste sacramento todos os homens podem experimentar de modo singular a misericórdia, isto é, o amor que é mais forte do que o pecado.


Créditos: Evangelho Quotidiano

Padre Pio e "La Madonna"

Assistam a esse vídeo do Padre Paulo Ricardo, que trata da relação filial profundíssima e terníssima que o Padre Pio, que hoje comemoramos, tinha com Nossa Mãe, Maria Santíssima, e o quanto a Consagração Total a Ela foi importante para a sua santificação.

http://padrepauloricardo.org/episodios/padre-pio-e-la-madonna

Viva Cristo Rei!
Salve Maria Imaculada!

sábado, 21 de setembro de 2013

Comentário do Evangelho do dia (17/09) feito por Santo Agostinho



(354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Sermão 98

 
«Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!»


No Evangelho encontramos três mortos ressuscitados pelo Senhor de forma visível, e milhares de forma invisível. […] A filha do chefe da sinagoga (Mc 5,22ss), o filho da viúva de Naim e Lázaro (Jo 11) […] são símbolo dos três tipos de pecadores ainda hoje ressuscitados pelo Senhor. A menina ainda se encontrava em casa de seu pai […], o filho da viúva já não estava em casa de sua mãe, mas também ainda não estava no túmulo, […] e Lázaro já estava sepultado. […]


Assim, há pessoas com o pecado dentro do coração mas que ainda não o cometeram. […] Tendo consentido no pecado, ele habita-lhes a alma como morto, mas não saiu ainda para fora. Ora, acontece amiúde […] aos homens esta experiência interior: depois de terem escutado a palavra de Deus, parece-lhes que o Senhor lhes diz: «Levanta-te!» E, condenando o consentimento que dantes haviam dado ao mal, retomam fôlego para viver na salvação e na justiça. […] Outros, após aquele consentimento, partem para os actos, transportando assim o morto que traziam escondido no fundo do coração para o expor diante de todos. Deveremos desesperar deles? Não disse o Salvador ao jovem de Naim: «Eu te ordeno: Levanta-te!»? Não o devolveu a sua mãe? O mesmo acontece a quem actuou desse modo: tocado e comovido pela Palavra da Verdade, ressuscita à voz de Cristo e volta à vida. É certo que deu mais um passo na via do pecado, mas não pereceu para sempre.


Já aqueles que se embrenham nos maus hábitos, ao ponto de perderem a noção do próprio mal que cometem, procuram defender os seus maus actos e encolerizam-se quando alguém lhos censura. […] A esses, esmagados pelo peso do hábito de pecar, albergam as mortalhas e os túmulos […] e cada pedra colocada sobre o seu sepulcro mais não é do que a força tirânica desse mau uso que lhes oprime a alma e não lhes permite, nem levantar-se, nem respirar. […]


Por isso, irmãos caríssimos, façamos de tal modo que quem vive viva, e quem está morto volte à vida […] e faça penitência. […] Os que vivem conservem a vida, e os que estão mortos apressem-se a ressuscitar. 


Créditos: Evangelho Quotidiano

Comentário do Evangelho do dia (15/09) feito por Santo Ambrósio



(c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Comentário ao Evangelho de Lucas, VII, 224s; SC 52

 
«Desperta, tu que dormes; levanta-te de entre os mortos» (Ef 5,14)


«Irei ter com meu pai e vou dizer-lhe: “Pai, pequei contra o Céu e contra ti”.» Esta é a nossa primeira confissão ao Criador, ao Senhor da misericórdia, ao Juiz do erro. Apesar de tudo saber, Deus espera a expressão da nossa confissão; porque «confessar com a boca leva a obter a salvação» (Rom 10,10) […].

Eis o que dizia para si mesmo o filho mais novo; mas não basta falar, se não fores ter com o Pai. E onde vais procurá-Lo, onde vais encontrá-Lo? «Levantou-se». Antes de mais, levanta-te, pois estavas sentado e adormecido. Eis o que diz o apóstolo Paulo: «Desperta, tu que dormes; levanta-te de entre os mortos» (Ef 5,14). […] Já de pé, corre à Igreja: aí está o Pai, o Filho, o Espírito Santo. Aquele que te ouve a falar no segredo da alma vem até ti; e quando ainda estás longe, vê-te e acorre ao teu encontro. Ele vê no teu coração; Ele acorre, para que ninguém te demore; e Ele também te abraça […]. Lança-Se-te ao pescoço para te reerguer, a ti, que jazias carregado de pecados no chão, voltado para a terra; vira-te para o céu, para que aí possas procurar o teu Criador. Cristo lança-Se-te ao pescoço para te libertar a nuca do jugo da escravidão e aí suspender o seu jugo de suavidade. […] Ele lança-Se-te ao pescoço quando diz: «Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos» (Mt 11,28). Tal é a maneira como Ele te estreita em seus braços, se te converteres.

E manda que tragam uma túnica, um anel, sandálias. A túnica é a veste da sabedoria […], a roupa espiritual, o trajo para as bodas. Que outra coisa será o anel, a não ser o selo de uma fé sincera e a marca da verdade? As sandálias, essas são a pregação da Boa Nova.


Créditos: Evangelho Quotidiano 

Comentário do Evangelho do dia (14/09) feito por São Bernardo



(1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja
Meditação sobre a Paixão (atrib.), 6, 13-15; PL 184, 747



A glória da cruz 


«Que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo» (Gal 6,14). A cruz é a tua glória, a cruz é a tua soberania. Eis que tens a soberania sobre os teus ombros (Is 9,5). Quem carrega a cruz carrega a glória. É por isso que a cruz, que atemoriza os infiéis, é para os fiéis mais bela que todas as árvores do Paraíso. Cristo temeu a cruz? E Pedro? E André? Pelo contrário, desejaram-na. Cristo avançou para ela «como um noivo que sai de seu aposento e se lança em sua carreira» (Sl 18,6): «Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer» (Lc 22,15). Ele comeu a Páscoa sofrendo a sua Paixão, quando passou deste mundo ao Pai; na cruz, comeu e bebeu, inebriou-se e adormeceu. [...]


Quem poderá agora temer a cruz? Senhor, poderei dar a volta ao céu e à terra, ao mar e às planícies, que nunca Te encontrarei senão na cruz. É nela que dormes, nela que apascentas o teu rebanho, nela que repousas à hora do meio-dia (Ct 1,7). Sobre esta cruz, aquele que está unido ao seu Senhor canta suavemente: «Vós sois, Senhor, para mim um escudo; vós sois minha glória, vós me levantais a cabeça» (Sl 3,4). Ninguém Te procura, ninguém Te encontra, senão na cruz. Cruz de glória, enraíza-te em mim, para que eu seja encontrado em ti.


Créditos: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Aparição de uma alma do purgatório ao Padre Pio




Padre Pio contou a seguinte história ao Padre Anastasio. "Uma tarde, enquanto eu estava rezando só, eu ouvi o sussurro de um terno e eu vi um monge jovem que se mexeu próximo ao altar. Parecia que o monge jovem estava espanando os candelabros e regando os vasos das flores. Eu pensei que ele era o Padre Leone que estava reestruturando o altar e como era a hora do jantar, eu fui próximo a ele e lhe falei: Padre Leone, vá jantar, não está na hora de espanar e consertar o altar". Mas uma voz que não era a voz do padre Leone me respondeu: Eu não sou o Padre Leone.-Então perguntei: Quem é você?. A voz então respondeu - "Eu sou um irmão seu que fez o noviciado aqui. Minha missão era que eu limpasse o altar durante o ano do noviciado. Desgraçadamente eu durante todo esse tempo eu não reverenciei a Jesus Sacramentado Deus todo Poderoso, todas as vezes que passava em frente ao altar. Causando grande aflição ao sacramento santo por causa da minha irreverência. Por este descuido sério, eu ainda estou no Purgatório. Agora, Deus, com a sua bondade infinita, enviou-me aqui para que você estabeleça o dia em que eu passarei a desfrutar o Paraíso. É para você cuidar de mim.. " Eu creio ter sido generoso com àquela alma de sofrimento e assim exclamei: "você estará a manhã pela manhã ao Paraíso, quando eu celebrar a Santa Missa". Aquela alma chorou e disse: "Cruel de mim, que malvado eu fui”. Então ele chorou e desapareceu. Aquela exclamação me produziu uma ferida no coração, que eu senti e sentirei a vida inteira. Na realidade eu teria podido enviar aquela alma imediatamente ao Céu, mas eu o condenei a permanecer outro noturno nas chamas do Purgatório.”


sábado, 14 de setembro de 2013

Exaltação da Santa Cruz : “A Cruz - a Santa Cruz! - pesa” - São Josemaría Escrivá


“A Cruz - a Santa Cruz! - pesa”
Ao celebrares a festa da Exaltação da Santa Cruz, suplicaste ao Senhor, com todas as veras da tua alma, que te concedesse a sua graça para “exaltares” a Cruz Santa nas tuas potências e nos teus sentidos... Uma vida nova! Um cunho para dares firmeza à autenticidade do teu cometimento..., todo o teu ser na Cruz! - Veremos, veremos. (Sulco, 517)

A Cruz – a Santa Cruz! – pesa.

Por um lado, estão os meus pecados. Por outro, a triste realidade dos sofrimentos da nossa Mãe a Igreja; a apatia de tantos católicos que têm um “querer sem querer”; a separação – por diversos motivos – de seres amados; as doenças e tribulações, alheias e próprias...

A Cruz – a Santa Cruz! – pesa: “Fiat, adimpleatur...!” – Faça-se, cumpra-se, seja louvada e eternamente glorificada a justíssima e amabilíssima Vontade de Deus sobre todas as coisas. Assim seja. Assim seja. (Forja, 769)

A Cruz não é a pena, nem o desgosto, nem a amargura... É o madeiro santo onde triunfa Jesus Cristo..., e onde triunfamos nós, quando recebemos com alegria e generosamente o que Ele nos envia. (Forja, 788)

Sacrifício, sacrifício! - É verdade que seguir a Jesus Cristo - disse-o Ele - é levar a Cruz. Mas não gosto de ouvir as almas que amam o Senhor falarem tanto de cruzes e de renúncias: porque, quando há Amor, o sacrifício é prazeroso - ainda que custe - e a cruz é a Santa Cruz.

- A alma que sabe amar é entregar-se assim, enche-se de alegria e de paz. Então, por que insistir em “sacrifício”, como que procurando consolo, se a Cruz de Cristo - que é a tua vida - te faz feliz? (Sulco, 249)

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Comentário do Evangelho do dia (13/09) feito por São Cirilo de Alexandria



(380-444), bispo, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de Lucas, 6; PG 72, 601

 
 «O discípulo bem formado será como o mestre»


«O discípulo não está acima do seu mestre.» Porque julgas, se o Mestre não o faz? Ele não veio para condenar o mundo mas para o salvar (Jo 12,47). Entendida neste sentido, a palavra de Cristo significa: «Se Eu não julgo, não julgues tu também, que és meu discípulo. Pode ser que tenhas culpas mais graves do que aquele que estás a julgar, e como te sentirás envergonhado ao tomares consciência disso!»


O Senhor ensina-nos o mesmo na parábola em que diz: «Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão?», aconselhando-nos com argumentos irrefutáveis a não julgarmos os outros, mas a perscrutarmos o nosso coração. Seguidamente incentiva-nos a libertarmo-nos dos desejos desregrados que nele estão instalados, pedindo a Deus essa graça. Efectivamente, é Ele que cura os que têm o coração abalado e nos liberta das nossas doenças espirituais. Porque, se os pecados que te esmagam são maiores e mais graves do que os dos demais, porque os censuras sem te preocupares com os teus?


Todos os que desejam viver devotamente, e sobretudo aqueles que estão encarregados de formar os outros, tirarão certamente proveito deste preceito. Se forem virtuosos e sóbrios, vivendo de acordo com o Evangelho, acolherão com brandura os que ainda não agem do mesmo modo. 


Créditos: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O nome de Maria...



A Virgem, cheia de graça, ultrapassou os Anjos, por sua plenitude de graça. E por isto é chamada Maria, que quer dizer, "iluminada interiormente", donde se aplica a Maria o que disse Isaías: (58,11) O Senhor encherá tua alma de esplendores. Também quer dizer: "Iluminadora dos outros", em todo o universo; por isso, Maria é comparada, com razão, ao sol e à lua.

(...) O Anjo reverenciou a Bem-Aventurada Virgem, como mãe do Soberano Senhor e, assim, ela mesma como Soberana. O nome de Maria, em siríaco, significa soberana, o que lhe convém perfeitamente.

A Virgem ultrapassou os anjos em pureza. Não só possuía em si mesma a pureza, como procurava a pureza para os outros. Ela foi puríssima de toda culpa, pois foi preservada do pecado original e não cometeu nenhum pecado mortal ou venial, como foi livre de toda pena.

(...) A Virgem foi isenta de toda maldição e bendita entre as mulheres. Ela é a única que suprime a maldição, traz a bênção e abre as portas do paraíso. Também lhe convém, assim, o nome de Maria, que quer dizer "Estrela do mar". Assim como os navegadores são conduzidos pela estrela do mar ao porto, assim, por Maria, são os cristãos conduzidos à Glória.


São Tomás de Aquino, O Pai Nosso e a Ave Maria

Créditos: GRAA

Comentário do Evangelho do dia (12/09) feito pelo Beato João Paulo II

 
 
(1920-2005), papa
Encíclica «Dives in Misericordia» § 3 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev.)

 
«Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso.»

 
Numerosas são as passagens do ensinamento de Cristo que manifestam o amor e a misericórdia sob um aspecto sempre novo. Basta ter diante dos olhos o bom pastor que vai em busca da ovelha tresmalhada (Mt 18,12ss; Lc 15,3ss), ou a mulher que varre a casa à procura da dracma perdida (Lc 15,8ss). O evangelista que trata de modo particular estes temas do ensino de Cristo é São Lucas, cujo Evangelho mereceu ser chamado «o Evangelho da misericórdia». […]

Cristo, ao revelar o amor-misericórdia de Deus, exigia ao mesmo tempo dos homens que se deixassem guiar na própria vida pelo amor e pela misericórdia. Esta exigência faz parte da própria essência da mensagem messiânica e constitui a medula do «ethos» evangélico. O Mestre exprime isto mesmo, quer por meio do mandamento por Ele definido como «o primeiro e o maior» (Mt 22,38), quer sob a forma de bênção, ao proclamar no Sermão da Montanha: «Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt 5,7).

Deste modo, a mensagem messiânica sobre a misericórdia conserva sempre particular dimensão divino-humana. Cristo – cumprimento das profecias messiânicas –, ao tornar-Se encarnação do amor que se manifesta com particular intensidade em relação aos que sofrem, aos infelizes e aos pecadores, torna presente e, desse modo, revela mais plenamente o Pai, que é Deus «rico em misericórdia» (Ef 2,4). Ao mesmo tempo, tornando-Se para os homens modelo do amor misericordioso para com os outros, Cristo proclama com obras, mais ainda do que com palavras, o apelo à misericórdia, que é uma das componentes essenciais do «ethos» do Evangelho. Não se trata somente de cumprir um mandamento ou um postulado de natureza ética, mas também de satisfazer uma condição de capital importância para que Deus possa revelar-Se na sua misericórdia para com o homem: «os misericordiosos […] alcançarão misericórdia».

Créditos: Evangelho Quotidiano

Oração para invocar sempre o nome de Maria Santíssima - Santo Afonso de Ligório



Grande Mãe de Deus e minha Mãe, ó Maria, é verdade que eu não sou digno de proferir o vosso nome; mas vós, que me tendes amor e desejais minha salvação, concedei-me, apesar de minha indignidade, a graça de invocar sempre em meu socorro vosso amantíssimo e poderosíssimo nome. Pois é ele o auxílio de quem vive e salvação de quem morre.

Puríssima e dulcíssima Virgem Maria, fazei que seja vosso nome de hoje em diante o alento de minha vida. Senhora, não tardeis a socorrer-me quando vos invocar. Pois, em todas as tentações que me assaltarem, em todas as necessidades que me ocorrerem, não quero deixar de chamar-vos em meu socorro, repetindo sempre:

Maria! Maria! Assim espero fazer durante a vida, assim espero fazer particularmente na hora da morte, para ir depois louvar eternamente no céu vosso querido nome, ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria.







Glórias de Maria - Santo Afonso Maria de Ligório.

Créditos: Associação Devotos de Fátima

Comentário do Evangelho do dia (11/09) feito por São Leão Magno



(?-c. 461), papa, doutor da Igreja
Sermão 95; PL 54, 461

 
«Felizes vós, os pobres»


«Felizes os pobres de espírito porque é deles o reino dos céus» (Mt 5,3). Poderíamos perguntar-nos a que pobres quereria a Verdade referir-se se, ao dizer «Felizes os pobres», não tivesse acrescentado nada sobre o tipo de pobres de que falava. Pensar-se-ia então que, para merecer o Reino dos Céus, bastaria a indigência de que muitos sofrem devido a uma necessidade penosa e dura. Mas ao dizer: «Felizes os pobres de espírito», o Senhor mostra que o Reino dos Céus deve ser dado aos que são recomendados mais pela humildade da alma, do que pela penúria dos recursos.


No entanto, não podemos duvidar de que os pobres adquirem mais facilmente do que os ricos o bem que é esta humildade, pois a doçura é uma amiga da sua indigência, ao passo que o orgulho é o companheiro da opulência dos ricos. Porém, também se encontra entre muitos ricos esta disposição de alma que os leva a servirem-se da sua abundância, não para se encherem de orgulho, mas para praticarem a bondade, e que encaram como grande lucro o que gastaram para aliviar a miséria e a infelicidade dos outros. A todos os tipos e classes de homens é dada a oportunidade de participarem nesta virtude, porque podem ser simultaneamente iguais em intenção e desiguais em fortuna; e pouco importam as diferenças entre os recursos terrenos que encontramos entre os homens que são iguais em bens espirituais. Feliz esta pobreza que não está agrilhoada pelo amor das riquezas materiais; ela não deseja aumentar a sua fortuna neste mundo, antes aspira a tornar-se rica dos bens dos céus.


Créditos: Evangelho Quotidiano

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Imitação de Cristo III - Cap 19 - Do sofrimento das injúrias e quem é provado verdadeiro paciente







1 - JESUS: Filho, que é o que estás dizendo? Deixa de te queixar, em vista da minha paixão e dos sofrimentos dos santos. Ainda não tens resistido até derramar sangue. Pouco é o que sofres em comparação do muito que padeceram eles em tão fortes tentações, tão graves tribulações, tão várias provações e angústias. Convém, pois que te lembres dos graves trabalhos dos outros, para que mais facilmente sofras os teus, que são mais leves. E se te não parecem tão leves, olha, não venha isso de tua impaciência. Contudo, sejam graves ou leves, procura levá-los todos com paciência.

2- Quanto melhor te dispões para padecer, tanto mais paciente serás em tuas ações e maiores merecimentos ganharás; com a resignação e a prática torna-se também mais suave o sofrimento. Não digas: não posso sofrer isto daquele homem, nem estou para aturar tais coisas, pois me fez grave injúria e me acusa de coisas que jamais imaginei; de outros sofreria facilmente, quanto julgasse que devia sofrer. Insensato é semelhante pensar, pois não considera a virtude da paciência nem olha àquele que há de coroá-la, mas só atende às pessoas e às ofensas recebidas.

3 - Não é verdadeiro sofredor quem só quer sofrer quanto lhe parece e de quem lhe apraz. O verdadeiro paciente também não repara em quem exercita a paciência; se for seu superior, ou igual, ou inferior, se for homem bom e santo, ou mau e perverso. Mas, sem diferença de pessoa, sempre que lhe sucede qualquer adversidade, aceita-a gratamente da mão de Deus e a considera um grande lucro para sua alma. Porque aos olhos de Deus qualquer coisa, por insignificante que seja, que soframos por amor dele terá seu merecimento.

4 - Aparelha-te, pois, para o combate, se queres a vitória. Sem peleja não podes chegar à coroa da vitória. Se não queres sofrer, renuncia à coroa; mas, se desejas ser coroado, luta varonilmente e sofre com paciência. Sem trabalho não se consegue o descanso e sem combate não se alcança a vitória.

5 - A ALMA: Tornai-me, Senhor, possível, pela graça, o que me parece impossível pela natureza. Vós bem sabeis quão pouco sei sofrer, e que logo fico desanimado com a menor contrariedade. Tornai-me amável e desejável qualquer prova e aflição, por vosso amor, porque o padecer e penar por vós é muito proveitoso à minha alma.


Imitação de Cristo III, Tomás de Kempis

Comentário do Evangelho do dia (10/09) feito pela Beata Madre Teresa de Calcutá



(1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
Não há maior amor

 
«Passou a noite a orar a Deus»


Não conseguimos encontrar a Deus no barulho, na agitação. […] No silêncio, Deus escuta-nos; no silêncio, fala às nossas almas. No silêncio é-nos dado o privilégio de ouvir a sua voz:


Silêncio dos nossos olhos.
Silêncio dos nossos ouvidos.
Silêncio da nossa boca.
Silêncio do nosso espírito.
No silêncio do coração,
Deus falará.


O silêncio do coração é necessário para escutar a Deus em todo o lado — na porta que se fecha, na pessoa que reclama a tua presença, nos pássaros que cantam, nas flores e nos animais. Se estivermos atentos ao silêncio, será fácil orar. Há tanta tagarelice, coisas repetidas, coisas escusadas naquilo que dizemos e escrevemos. A nossa vida de oração é afectada porque o nosso coração não está silencioso. Vou manter com mais cuidado o silêncio no meu coração, para que, no silêncio do meu coração, ouça as suas palavras de consolação e, a partir da plenitude do meu coração, possa consolar Jesus escondido no infortúnio dos pobres.


Créditos: Evangelho Quotidiano

Comentário do Evangelho do dia (09/09) feito por Santo Atanásio



(295-373), bispo de Alexandria, doutor da Igreja
Contra os pagãos, 40; SC 18


Uma cura ao Sábado, símbolo da conclusão da criação


Este mundo é muito bom, tal como foi feito e tal como o vemos, porque Deus o quer assim: ninguém pode duvidar disso. Se a criação fosse desordenada, se o universo evoluísse ao acaso poder-se-ia pôr em causa esta afirmação. Mas como o mundo foi feito com sabedoria e ciência, de modo racional e lógico, posto que foi ornado de toda a beleza, é preciso que Aquele que a ele preside e que o organizou não seja senão a Palavra de Deus, o seu Verbo, o seu Logos. […]


Sendo a boa Palavra do Deus de bondade, foi esse Verbo que dispôs a ordem de todas as coisas, que reuniu os contrários com os contrários para com eles formar uma só harmonia. É Ele, «poder e sabedoria de Deus» (1Cor 1,24), que faz girar o céu, que tem a terra suspensa e que, sem que ela assente em nada, a mantém com a sua própria vontade (cf Heb 1,3). O sol ilumina a terra com a luz que recebe dele, e a lua recebe a sua medida da sua luz. Por Ele a água fica suspensa nas nuvens, as chuvas regam a terra, o mar mantém-se nos seus limites, a terra cobre-se de toda a espécie de plantas (cf Sl 103). […]


A razão de esta Palavra, Verbo de Deus, ter vindo até às criaturas é verdadeiramente admirável. […] A natureza dos seres criados é passageira, fraca, mortal; mas, sendo pela sua natureza bom e excelente, o Deus do universo ama os homens. […] Assim, vendo que, entregue a si própria, toda a natureza criada se esvai e se dissolve, para evitar que isso aconteça e para que o universo não regresse ao nada […], Deus não o abandona às flutuações da sua natureza. Na sua bondade, com o seu Verbo, Ele governa e mantém toda a criação, […] que não sofre, portanto, o destino que teria se o Verbo não cuidasse dela, isto é, a aniquilação. «Ele é a imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criatura; porque foi nele que todas as coisas foram criadas, no céu e na terra, as visíveis e as invisíveis, […] tudo nele subsiste. […] Ele é a cabeça do Corpo, que é a Igreja» (Col 1,15-18).


Créditos: Evangelho Quotidiano

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Comentário do Evangelho do dia (05/09) feito pelo Papa Francisco



Homilia de 14/04/2013


 
«Faz-te ao largo; e vós, lançai as redes para a pesca.»


O anúncio de Pedro e dos Apóstolos não é feito apenas com palavras; a fidelidade a Cristo toca a sua vida, que se modifica e recebe uma nova direcção, e é precisamente com a sua vida que dão testemunho da fé e anunciam a Cristo. […] Isto vale para todos: o Evangelho tem de ser anunciado e testemunhado. Cada um deveria interrogar-se: como testemunho a Cristo com a minha fé? Tenho a coragem de Pedro e dos outros Apóstolos para pensar, decidir e viver como cristão, obedecendo a Deus?


É certo que o testemunho da fé se reveste de muitas formas, como sucede num grande fresco que apresenta uma grande variedade de cores e tonalidades; todas, porém, são importantes, mesmo aquelas que não sobressaem. No grande desígnio de Deus, cada detalhe é importante, incluindo o teu e o meu testemunho pequeno e humilde, incluindo o testemunho oculto de quem vive a sua fé com simplicidade nas suas relações diárias de família, de trabalho, de amizade. Existem os santos de todos os dias, os santos «escondidos», uma espécie de «classe média da santidade» […] da qual todos podemos fazer parte.


Mas há também, em diversas partes do mundo, quem sofra – como Pedro e os Apóstolos – por causa do Evangelho; há quem dê a própria vida para permanecer fiel a Cristo, com um testemunho que lhe custa o preço do sangue. Recordemo-lo bem todos: não se pode anunciar o Evangelho de Jesus sem o testemunho concreto da vida. Quem nos ouve e nos vê deve poder ler nas nossas acções aquilo que ouve da nossa boca, e dar glória a Deus! Isto traz-me à mente um conselho que São Francisco de Assis dava aos seus irmãos: pregai o Evangelho; caso seja necessário, também com as palavras.


Créditos: Evangelho Quotidiano

Beata Alexandrina: "Jesus, eu quero amar-Vos até morrer de amor"



Ao olhar para ela, vemos claramente espelhado o seu lema de vida: AMAR, SOFRER, REPARAR. Numa carta ao Pe. Mariano Pinho, primeiro Diretor espiritual, revela o que ouve de Jesus:

É pouco, porque não posso, mas queria-lhe pedir explicação destas palavras que lhe vou dizer, porque não me lembrei quando me perguntava o que N. S. (Nosso Senhor) me dizia. Muitas vezes me lembro de dizer assim:

'Ó meu Jesus, que quereis que eu faça?' e, sempre que digo isto, não ouço senão estas palavras:

'Sofrer, amar e reparar'. Creio que me entende.”


Alexandrina dá-nos agora a conhecer como amava o projeto de Deus para si:

“Deu-me Nosso Senhor a pérola mais preciosa, a riqueza maior que me podia dar neste mundo. Como é feliz quem sofre com Jesus! [...] Sofrer por amor! Sim, por amor, porque conheço que amo a Nosso Senhor no meio do sofrimento. Muito sofro, mas muito mais quero sofrer, amar, reparar.”

“O tudo desceu ao nada. A grandeza desceu à pobreza. O amor desceu à frieza, à tibieza, à miséria, à indignidade. Que grande amor é Jesus. Desceste do mais alto ao mais baixo. Jesus, dai-me fogo, dai-me amor; amor que me queime, amor que me mate. Eu quero viver e morrer de amor. Jesus, seja o Vosso Divino amor a minha vida! Seja ele, e só ele, a minha morte! Jesus, eu quero amar-Vos, amar-Vos até à loucura, amar-Vos até morrer de amor. Jesus, quero ser a predileta, a loucura do Vosso amor, perder-me na imensidade do Vosso amor.”

Alexandrina oferece-se continuamente como vítima de reparação. Sua grande mensagem é a sua vida eucarística. Desde criança que sente uma especial união com Jesus Eucaristia. Será o centro de toda a sua vida e espiritualidade. Será a vítima e a mensageira da Eucaristia. Alegra-se em receber Jesus na doença. Um sacerdote levava-lhe a Sagrada Comunhão diariamente, mas, a partir de 1933, o Pe. Leopoldino, pároco de Balasar, fazia-o com menos frequência. Mais tarde, voltaria a receber diariamente a Sagrada Comunhão.Quando se via privada de receber Jesus diariamente, ficava muito triste. Ela participou verdadeiramente, no seu corpo e no seu espírito, na Paixão de Jesus. Jesus foi preparando-a para esta grande co-redenção e esta vivência mística, embora fosse evoluindo, esteve presente em sua vida até à sua morte. Viveu, desde o dia 27 de março de 1942, mais de treze anos em jejum e anúria. O seu alimento foi exclusivamente a Eucaristia.

 Fonte: Santidade Salesiana

domingo, 8 de setembro de 2013

Pelo dia da Natividade de Nossa Senhora: A plenitude inicial de graças em Maria Santíssima – Garrigou-Lagrange, Réginald , O.P.



A graça habitual que recebeu a bem-aventurada Virgem Maria no instante mesmo da criação de sua santa alma foi uma plenitude, na qual já se verificava aquilo que viria dizer o anjo no dia da Anunciação: « Ave Maria, cheia de graça ». É o que afirma, com a tradição, Pio IX, ao definir o dogma da Imaculada Conceição.

Ele diz mesmo que Deus, desde o primeiro instante, « de preferência a qualquer outra criatura (prae creaturis universis), fê-la alvo de tanto amor, a ponto de se comprazer nela com singularíssima benevolência. Por isto cumulou-a admiravelmente, mais do que a todos os Anjos e a todos os Santos, da abundância de todos os dons celestes, tirados do tesouro da sua Divindade »1.

Perfeição desta plenitude inicial

Poderíamos citar aqui, sobre este ponto, inúmeros testemunhos da tradição2 Cf. Terrien, La Mère de Dieu, t. II, 1, VII, pags. 191-234. – De la Broise, S. J., La Sainte Vierge, cap. II e XII, e Dict. Apol., art. Marie, col. 207, ss. . Insistiremos sobretudo sobre as razões teológicas comumente invocadas pelos Padres e teólogos.

Santo Tomás3 explica a razão desta plenitude inicial de graças, quando diz: « quanto mais nos aproximamos de um princípio (de verdade e de vida), mais participamos de seus efeitos. É por isso que Denis afirma (De cœlesti hierarchia, cap. 4) que os anjos, que estão mais pertos de Deus que os homens, participam bem mais de seus favores. Ora, Cristo é o princípio da vida da graça; como Deus, é causa principal da graça e, como homem (após a ter merecido para nós), no-la transmite, pois sua humanidade é como um instrumento sempre unido à divindade: « a graça e a verdade nos vieram por meio dele » (Jo 1, 17). A bem-aventurada Virgem Maria, estando mais próxima de Cristo do que qualquer outra pessoa, uma vez que Cristo recebeu dela sua humanidade, recebeu dele, portanto, uma plenitude de graças que ultrapassa a das outras criaturas ».

S. João Batista e Jeremias foram também, como testemunha a Escritura, santificados no seio de suas mães, mas não foram preservados do pecado original; Maria, desde o primeiro instante, recebeu a graça santificante a um grau muito superior ao deles, com o especial privilégio de ser preservada para sempre de todo pecado, mesmo venial, o que não se afirma de nenhum santo4.

Na sua explicação da Ave Maria5, santo Tomás descreve a plenitude de graça em Maria (o que já se verifica na plenitude inicial), da seguinte maneira:

Enquanto que os anjos não manifestam respeito pelos homens, uma vez que lhes são superiores, como espíritos puros e por viverem sobrenaturalmente na santa familiaridade de Deus, o arcanjo Gabriel, ao saudar Maria, mostra-se cheio de respeito e veneração por ela, pois compreendeu que ela o ultrapassava pela plenitude da graça, pela intimidade divina com o Altíssimo e por uma perfeita pureza.

Com efeito, ela tinha recebido a plenitude de graça à um tríplice ponto de vista: para evitar todo pecado, por menor que fosse, e praticar de modo eminente todas as virtudes; para que esta plenitude transbordasse de sua alma sobre seu corpo e para que ela concebesse o Filho de Deus feito homem; para que esta plenitude transbordasse também de sua alma sobre todos os homens6 e nos ajudasse na prática de todas as virtudes.

Ademais, ela ultrapassava os anjos por sua santa familiaridade com o Altíssimo; por isso, o arcanjo Gabriel disse ao saudá-la: « O Senhor é convosco », como se dissesse: sois mais íntima de Deus do que eu, pois Ele se tornará seu Filho, enquanto que não passo de seu servidor. De fato, como Mãe de Deus, Maria tem uma intimidade maior do que os anjos com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Enfim, ela ultrapassava os anjos por sua pureza, mesmo sendo estes últimos puros espíritos, pois ela não era somente puríssima em si mesma, mas já transmitia pureza aos outros. Não somente estava isenta do pecado original7 e de todo pecado, quer mortal, quer venial, mas também da maldição devida ao pecado: « darás à luz com dor… e retornarás ao pó » (Gn 3, 16, 19). Ela conceberá o Filho de Deus sem perder a virgindade, ela o carregará em seu seio num santo recolhimento, dará à luz na alegria, será preservada da corrupção do sepulcro e associada pela Assunção à Ascensão do Salvador.

Ela já é bendita entre todas as mulheres, posto que só ela, com seu Filho e por Ele, levantará a maldição que pesava sobre a raça humana, e nos trará a benção abrindo-nos as portas do céu. É por isso que é chamada Estrela do mar, pois dirige os cristãos ao porto da eternidade.

O anjo lhe dirá, « bendito o fruto de vosso ventre ». Com efeito, enquanto o pecador procura, naquilo que deseja, o que não pode encontrar, o justo encontra tudo no que deseja de modo santo. Desde esse ponto de vista, o fruto do ventre de Maria será três vezes bendito.

Eva desejou o fruto proibido para ter « a ciência do bem e do mal » e saber viver só, sem a necessidade de obedecer; ela foi seduzida pela mentira: « sereis como deuses »; e longe de tornar-se semelhante à Deus, afastou-se e desviou-se dele. Ao contrário, Maria encontrou tudo no fruto bendito de seu ventre; nele, encontrou o próprio Deus e faz com que o encontremos.

Eva, cedendo a tentação, cobiçou o deleite e encontrou a dor. Ao contrário, Maria encontrou e nos leva a encontrar a alegria e a salvação em seu divino Filho.

Enfim, o fruto desejado por Eva não tinha senão uma beleza sensível, enquanto que o fruto do ventre de Maria é o esplendor da glória espiritual e eterna do Pai. A Virgem, ela mesma, é bendita; porém, mais ainda o é seu Filho, que à todos homens leva a salvação e a bem-aventurança.

Assim fala Santo Tomás da plenitude de graça em Maria em seu Comentário da Ave Maria; ele tem em mente sobretudo a plenitude realizada no dia da Anunciação, mas isto também já se aplica, em certa medida, à plenitude inicial, assim como aquilo que se diz do rio, se aplica à fonte do qual procede.

Comparação da graça inicial de Maria à dos santos


Questionou-se se a graça inicial de Maria foi maior que a graça final de qualquer anjo ou homem, e mesmo se foi maior que a graça final de todos os anjos e santos juntos. Esta questão foi levantada não à respeito da graça consumada no céu, mas daquela que precede imediatamente a entrada no céu8.

À primeira parte desta questão, os teólogos respondem comumente de modo afirmativo; é particularmente a opinião de S. João Damasceno9, de Suarez10, de Justin de Miéchow, O.P.11, de Ch. Veja12, de Contenson13, de Santo Afonso14, do Pe. Terrien15, Godts, Hugon, Merkelbach etc.

Hoje, todas as obras de Mariologia são unânimes sobre este ponto e consideram a coisa como certa; isto é mesmo expresso por Pio IX na Bula Ineffabilis Deus, na passagem que acima citamos.

A razão principal é tomada da Maternidade divina, motivo de todos os privilégios de Maria, e esta razão se apresenta sob dois aspectos, conforme consideremos o fim ao qual foi nela ordenada a primeira graça ou o amor divino que foi causa desta graça.

A primeira graça foi, com efeito, concedida a Maria como uma digna preparação à maternidade divina, ou para prepará-la para ser a digna Mãe do Salvador, cf. Santo Tomás (q. 27, a. 5, ad 2). Ora, a graça, mesmo consumada, dos outros santos, não será ainda uma digna preparação à maternidade divina, que pertence à ordem hipostática, ou da união ao Verbo. Portanto, a primeira graça em Maria já ultrapassa a graça consumada dos outros santos.

Do mesmo modo, piedosos autores exprimem esta verdade aplicando esta palavra do Salmo 86: « Fundamenta ejus in montibus sanctis » e eles a entendem assim: o cume da perfeição dos outros santos não é ainda o início da santidade de Maria.

Esta mesma razão nos aparece sob um outro aspecto se consideramos o amor incriado de Deus pela Santa Virgem: como a graça é o efeito do amor, ato de Deus que nos torna amáveis à seus olhos, tais como filhos adotivos, recebe-se a graça tanto mais abundantemente quanto mais se é amado por Deus. Ora, Maria, desde o primeiro instante, em sua qualidade de futura Mãe de Deus, foi mais amada que qualquer outro santo, mesmo chegado ao fim de sua vida, e mais que qualquer anjo. Ela, portanto, recebeu, desde o primeiro instante, uma graça superior.

Disso não há nenhuma dúvida e não mais se discute hoje em dia.

A primeira graça em Maria foi superior à graça final de todos os santos e anjos juntos?

Alguns teólogos o negaram, tanto entre os antigos como entre os modernos16.

No entanto, é ao menos muito provável, senão certo17, segundo a grande maioria dos teólogos, de modo que deve-se responder afirmativamente com Ch. Vega, Contenson, santo Afonso, Godts, Monsabré, Tanquerey, Billot, Sinibaldi, Hugon, L. Janssens, Merkelbach etc.

Antes de mais nada, há um argumento de autoridade.

Pio IX, na bula Ineffabilis Deus, favorece manifestamente esta doutrina, quando diz, na passagem já citada: « Deus ab initio,… Unigenito Filio suo Matrem… elegit atque ordinavit, tantoque prae creaturis universis est prosecutus amore, ut in illa una sibi propensissima voluntate complacuerit. Quapropter, illam longe ante omnes angelicos Spiritus, cunctosque sanctos caelestium omnium charismatum copia de thesauro Divinitatis deprompta ita mirifice cumulavit, ut… eam innocentiae et sanctitatis plenitudinem prae se ferret, et quae major sub Deo nullatenus intelligitur, et quam praeter Deum nemo assequi cogitando potest.»18

Segundo o sentido óbvio, todas estas expressões, especialmente esta: « cunctos sanctos », significam que a graça em Maria, desde o primeiro instante, ao qual se refere o Papa, ultrapassava a de todos os santos juntos; se Pio IX quisesse dizer que a graça em Maria ultrapassava a de qualquer santo, teria escrito « longe ante quemlibet angelum et sanctum » e não « longe ante omnes angelicos spiritus, cunctosque sanctus ». Também não teria dito que Deus a amou mais que a todas as criaturas « prae creaturis universis » e que foi nela que mais se deleitou, « ut in illa una sibi propensissima voluntate complacuerit ».

Não se pode dizer que não se refira ao primeiro instante, pois Pio IX, imediatamente após a passagem citada, acrescenta: « Decebat omnino ut Beatissima Virgo Maria perfectissimae sanctitatis splendoribus semper ornata fulgeret ».

Um pouco mais adiante, na mesma bula, diz o Papa que, segundo os Padres da Igreja, Maria é superior pela graça aos querubins, aos serafins e à toda a milícia angélica « omni exercitu angelorum », ou seja, à todos os anjos juntos. Quanto a isso, todos concordam se se trata de Maria no céu, mas é preciso lembrar que o grau de glória celeste é proporcional ao grau de caridade no momento da morte e que este em Maria era, ele próprio, proporcional à dignidade de Mãe de Deus, à qual a Santa Virgem foi preparada desde o primeiro instante.

A este argumento de autoridade, tirado da bula Ineffabilis Deus, é necessário acrescentar duas razões teológicas que precisam aquelas que expusemos um pouco acima e que derivam da maternidade divina, conforme consideremos o fim ao qual foi ordenado a primeira graça ou o amor incriado, que foi sua causa.

Para bem compreender estas duas razões teológicas, é preciso, antes de mais nada, notar que, ainda que pertença a graça à ordem da qualidade e não à da quantidade, do fato de que a plenitude inicial em Maria ultrapasse a graça consumada do maior dos santos, não é imediatamente evidente para todos que ultrapasse a graça de todos os santos reunidos. A visão da águia, como qualidade ou potência, ultrapassa a do homem que tiver os melhores olhos, mas ela não lhe permite, entretanto, ver o que vêem o conjunto dos homens espalhados pela superfície da terra. É verdade que entra aqui uma questão de quantidade ou de extensão e distância, o que não acontece quando se trata de uma pura qualidade imaterial. Convém, contudo, acrescentar aqui um novo esclarecimento; e este esclarecimento pode conduzir não apenas à uma probabilidade, mas à certeza.

1o. A primeira graça, em Maria, posto que a preparava para ser a digna Mãe de Deus, devia já ser proporcionada, ao menos de modo distante, à maternidade divina. Ora, a graça final de todos os santos, mesmo tomados juntos, ainda não é proporcionada à dignidade da Mãe de Deus, que é de ordem hipostática, como nós já vimos. Portanto, a graça final de todos os santos juntos é inferior à primeira graça recebida por Maria.

Este argumento parece em si mesmo certo, ainda que alguns teólogos não tenham compreendido todo seu alcance.

Objetou-se: a primeira graça em Maria ainda não é uma preparação próxima à maternidade divina; logo, a prova não é conclusiva.

Muitos teólogos responderam: ainda que a primeira graça em Maria não seja uma preparação próxima à maternidade divina, ela é, contudo, uma preparação digna e proporcionada, conforme a expressão de santo Tomás, IIIa, q. 27, a. 5 ad 2m: « prima quidem (perfectio gratiae) quasi dispositiva, per quam B. Maria Virgo reddebatur idonea ad hoc quod esset mater Christi ». Ora, a graça consumada de todos os santos juntos não é ainda proporcionada à maternidade divina, que é um privilégio único no mundo e de ordem hipostática. A prova conserva, portanto, seu valor.

2° A pessoa que é mais amada por Deus que todas as criaturas juntas, recebe uma graça maior do que recebem todas as criaturas juntas, pois a graça é efeito do amor incriado e lhe é proporcionada. Como diz S. Tomás, Ia. q. 20, a. 4: « Deus ama mais este que aquele, na medida em que quer para este um bem superior, pois a vontade divina é a causa do bem que existe nas criaturas. » Ora, desde toda eternidade, Deus amou Maria mais que todas criaturas juntas, como aquela que devia preparar desde o primeiro instante de sua conceição para ser a digna Mãe do Salvador. Conforme a expressão de Bossuet: « Ele sempre amou Maria como mãe, e a considerou como tal desde o primeiro momento em que foi concebida ».

Isso não exclui, por outro lado, o progresso de santidade ou o crescimento da graça em Maria, pois esta, sendo uma participação da natureza divina, pode sempre aumentar e prossegue sempre finita; mesmo a plenitude final de graça em Maria é limitado, ainda que transborde sobre todas as almas.

À estas duas razões teológicas relativas à maternidade divina, acrescenta-se uma importante confirmação que aparecera mais e mais ao se falar da mediação universal de Maria. Ela podia, com efeito, desde aqui em baixo e desde que pode merecer e rogar, mais obter por seus méritos e suas orações que todos os santos juntos, pois eles nada obtém sem a mediação universal da Santa Virgem, que é como o aqueduto das graças ou, no corpo místico, como o pescoço pelo qual os membros se unem à cabeça. Resumindo, Maria, desde que pode merecer e rogar, podia, sem os santos, obter mais que todos os santos juntos sem ela. Ora, o grau do mérito corresponde ao grau da caridade e da graça santificante. Maria, portanto, recebeu desde o início de sua vida um grau de graça superior àquele que possuíam todos os santos e anjos juntos, imediatamente antes de sua entrada no céu.

Há outras confirmações indiretas ou analogias mais ou menos distantes: uma pedra preciosa, como o diamante, vale mais que um monte de outras pedras reunidas. Do mesmo modo, na ordem espiritual, um santo como o Cura d’Ars conseguia mais com suas orações e méritos que todos seus paroquianos juntos. Um fundador de ordem, como São Bento, por si só, pela graça divina que recebeu para sua obra, vale mais que todos seus primeiros companheiros, pois todos reunidos não poderiam ter criado a ordem que ele criou, enquanto que ele teria podido encontrar outros irmãos como aqueles, que o seguiriam. Já se fez ainda outras analogias: a inteligência de um arcanjo ultrapassa a de todos os anjos inferiores a ele em conjunto. O valor intelectual de um Santo Tomás ultrapassa o de todos seus comentadores juntos. O poder de um rei é superior não apenas ao de seu primeiro ministro, mas ao de todos seus ministros em conjunto.

Se os antigos teólogos não trataram explicitamente desta questão, assim o o foi porque, muito provavelmente, a solução lhes parecesse óbvia. Diziam eles, por exemplo, ao final do tratado da graça, para mostrar a sua dignidade: enquanto que uma moeda de dez francos não vale mais que dez de um franco, uma graça ou uma caridade de dez talentos vale muito mais que dez caridades de um só talento19; é por isso que o demônio procurar manter na mediocridade as almas que, pela vocação sacerdotal ou religiosa, são chamadas para uma vida muito elevada; ele quer impedir o pleno desenvolvimento da caridade, que faria bem muito maior que uma caridade inferior simplesmente multiplicada no seu grau mais comum, que vem acompanhada de tibieza.

É preciso aqui prestar atenção à ordem da pura qualidade imaterial que é aquela da graça santificante. Se a visão da águia não ultrapassa a de todos os homens reunidos, é porque entra aqui uma questão de quantidade ou de distância local, o fato que os homens espalhados em diferentes regiões na superfície da terra podem ver o que a águia, posta sobre um cume dos Alpes, não pode. Ocorre diferentemente na ordem da pura qualidade.

Se isto é verdadeiro, não é de se duvidar que Maria, pela primeira graça que já a dispunha à maternidade divina, valia mais aos olhos de Deus que todos os apóstolos, mártires, confessores e virgens reunidas, que existiram e que hão de existir na Igreja, mais que todas as almas e que todos os anjos criados desde a origem do mundo.

Se a arte humana faz maravilhas de precisão e beleza, o que não pode fazer a arte divina na criatura de sua predileção, da qual se diz: « Elegit eam Deus et præelegit eam » e que foi engrandecida, diz a liturgia, acima de todos os coros dos anjos. A primeira graça recebida por ela foi já uma digna preparação à maternidade divina e à sua glória excepcional, que vem imediatamente abaixo da de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela sofreu, ademais, como ele, à proporção, pois devia ser vítima com ele, para ser também vitoriosa com ele, e por ele.

Estas razões teológicas já nos permitem entrever toda a elevação e a riqueza da plenitude inicial de graças em Maria. Se as obras-primas da literatura clássica, grega, latina ou francesa, contém muito mais beleza do que se imagina numa primeira leitura, quando as lemos entre nossos quinze e vinte anos; se estas belezas não nos aparecem senão quando retomamos a leitura destas obras numa idade um pouco mais avançada; se ocorre igualmente com escritos de um santo Agostinho ou santo Tomás, que pensar das belezas nas obras primas do próprio Deus, naquelas obras compostas imediatamente por ele e, em particular, na obra-prima espiritual, quanto a natureza e quanto a graça, que é a santíssima alma de Maria, Mãe de Deus. Somos, de início, obrigados a afirmar a riqueza da plenitude inicial de graças nela por força de sua beleza entrevista; ocorre, em seguida, de perguntarmo-nos se não vai nisso exagero, se não transformamos uma probabilidade em certeza; finalmente, um estudo aprofundado nos reconduz à primeira afirmação, mas com conhecimento de causa, não mais apenas porque é belo, mais porque é verdadeiro, e porque há conveniências não apenas teóricas, mas que efetivamente motivaram a escolha divina, nas quais se repousou a vontade divina.

(La vie spirituelle n° 253, maio de 1941)


1. Ineffabilis Deus: « Ineffabilis Deus… ab initio et ante sæcula unigenito Filio suo Matrem, ex qua caro factus in beata temporum plenitudine nasceretur elegit atque ordinavit, tantoque prae creaturis universis est prosecutus aurore ; ut in illa una sibi propensissima voluntate complacuerit. Quapropter illam longe ante omnes angelicos Spiritus, cunctosque Sanctos cælestium omnium charismatum copia de thesauro Divinitatis, deprompta ita mirifice cumulavit, ut ipsa ab omni prorsus peccati labe semper libera, ac tota pulchra et perfecta eam innocentia et sanctitatis plenitudinem præ se ferret, qua major sub Deo nullatenus intelligitur, et quam præter Deum nemo assequi cogitando potest ». Deus inefável… Assim Deus, desde o princípio e antes dos séculos, escolheu e pré-ordenou para seu Filho uma Mãe, na qual Ele se encarnaria, e da qual, depois, na feliz plenitude dos tempos, nasceria; e, de preferência a qualquer outra criatura, fê-la alvo de tanto amor, a ponto de se comprazer nela com singularíssima benevolência. Por isto cumulou-a admiravelmente, mais do que todos os Anjos e a todos os Santos, da abundância de todos os dons celestes, tirados do tesouro da sua Divindade. Assim, sempre absolutamente livre de toda mancha de pecado, toda bela e perfeita, ela possui uma tal plenitude de inocência e de santidade, que, depois da de Deus, não se pode conceber outra maior, e cuja profundeza, afora de Deus, nenhuma mente pode chegar a compreender. » [N. da P.] Para a íntegra da Bula: http://www.capela.org.br/Magisterio/Pio%20IX/ineffabilis8dez.htm.

2. IIIa, q. 27, a. 5.

3. IIIa, q. 27, a. 5.

4. Ibidem, a. 6, ad 1m.

5. « Expositio super salutatione angelica », opúsculo escrito cerca de 1272-1273. [N. da P.] Leia a tradução para o português no site da Permanência: www.permanencia.org.br/tomas/Sermoes.pdf

6. Os teólogos dizem comumente hoje em dia que Maria nos mereceu de um mérito de conveniência (de congrue) tudo o que Cristo nos mereceu em estrita justiça (de condigno).

7. Cf. a recente edição crítica do opúsculo de santo Tomás que aqui citamos, edição publicada por J.-F. Rossi, C. M., « S. Thomae Aquinatis Expositio Salutionis Angelicæ » (Divus Thomas, Placentiae, 1931, p. 445-479), lê-se nesse passo no original: « Ipsa enim (beata Virgo) purissima fuit et quantum ad culpam, quia nec originale, nec mortale, nec veniale peccatum incurrit… ». Vê-se por este texto que santo Tomás, no fim de sua vida (1272-1273) voltava a afirmar, como o havia afirmado no primeiro período de sua carreira teológica, que Maria fora preservada do pecado original. « Talis fuit puritas beatæ Virginis, quæ a peccato originali et actuali immunis fuit » (I Sent., Q. 44, q. 1, a. 3, ad 3m). O que havia afirmado inicialmente no arroubo de sua piedade, reafirmava, após um período de hesitação, por um julgamento mais maduro e embasado. Não é incomum, neste tipo de questões, que o teólogo afirme inicialmente um privilégio enxergando apenas sua conveniência, alguma coisa de belo, e, finalmente, o reafirme por compreender sua veracidade. G. J.-M. Vosté, O. P., Commentarius in III P., in q. 27, a. 2, Rome, 2° éd..1940.

8. Os teólogos admitem geralmente que a graça consumada de Maria no céu ultrapassa a glória de todos os santos e anjos reunidos; e que, pelo menos a graça final de Maria, no momento de sua morte, ou mesmo no momento da Encarnação do Verbo, ultrapasse a graça final de todos os santos reunidos no término de suas vidas terrestres. Aqui, nós nos perguntamos se a plenitude inicial de Maria já tinha este valor comparada à graça dos santos. Sabemos, por outro lado, que no que toca os eleitos, o grau de glória corresponde ao grau de graça e de caridade que eles tinham antes da entrada no céu.

9. Orat. De Nativ. Virg. P. G. XCVI, 648, ss.

10. « De Mystiriis vitae Christi », disp. IV, sect. I.

11. « Collat. super Litanias B. Mariæ Virg. », col. 134.

12. « Theologia Mariana », n° 1150 ss.

13. « Theolog. Mentis et cordis », 1, 10, diss. VI, c. 1.

14. « Glorie di Maria », II, P., disc. 2.

15. « La Mère de Dieu », t. 1.

16. Théophile Raynaud, Terrien et Lépicier somente respondem afirmativamente quando se trata da plenitude final de graça em Maria, no fim de sua vida mortal. Outros, como Valentia, consentem se se trata da plenitude de graça da segunda santificação, no momento da Encarnação do Verbo; mas, com santo Afonso, « Li Glorie di Maria », II, disc. 2, p. 1, a grande maioria de teólogos modernos o admitem quanto a plenitude inicial. As duas primeiras afirmações são certas, a terceira, relativa à plenitude inicial, é pelo menos muito provável, como bem o mostra o Pe. Merkelbach. « Mariologia » 1939, p. 178-181.

17. Nós consideramos pessoalmente a coisa como certa, por causa dos princípios que iremos expor ao fim do presente artigo, princípios comumente admitidos pelos antigos teólogos.

18. A tradução deste importante texto foi dada na nota 1, para onde remetemos o leitor.

19. Cf. « Salmanticenses », Cursus theol., de Caritate, disp. V, dub. III, § 7, n° 76, 80, 85, 93, 117.



http://www.permanencia.org.br/drupal/node/478

Fonte: Amor a Nossa Senhora

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

São Francisco de Assis e o fundamento evangélico para invadir as terras dos muçulmanos

São Francisco de Assis diante do sultão al-Malik al-Kamil.
Fra Angelico ca. 1429, Lindenau Museum, Altenberg.

Diálogo entre São Francisco de Assis e o Sultão al-Malik al-Kamil
em 1219, perto de Damieta, Egito.


“O sultão lhe apresentou outra questão:

− “Vosso Senhor ensina no Evangelho que vós não deveis retribuir mal com mal, e não deveis recusar o manto que quem vos quer tirar a túnica, etc. Então, vós, cristãos não deveríeis invadir as nossas terras, etc.”.

“Respondeu o bem-aventurado Francisco:

− “Me parece que vós não tendes lido todo o Evangelho. Em outra parte, de fato, está dito: Se teu olho te escandaliza, arranca-o e joga-o longe de ti (Mt. 5,25).

“Com isto quis nos ensinar que também no caso de um homem que fosse nosso amigo ou parente, que nos amássemos como a pupila do olho, nós devemos estar dispostos a separa-lo, e afastá-lo de nós, até arrancá-lo de nós, se tenta nos afastar da fé e do amor de nosso Deus.

“Exatamente por isto o cristãos agem de acordo com a Justiça quando invadem vossas terras e vos combatem, porque vós blasfemais contra o Nome de Cristo e vos empenhais em afastar de Sua religião todos os homens que podeis.

“Se, pelo contrário, vós quiserdes conhecer, confessar e adorar o Criador e Redentor do mundo eles vos amariam como a si próprios”.

“Todos os presentes ficaram tomados de admiração pela resposta dele”.
(Fonte: “Fonti Francescane”, Seção terceira – Outros testemunhos franciscanos, número 2691).

Fonte: As Cruzadas

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Santa Rosa de Viterbo, Virgem

Hoje eu gostaria de apresentar-vos uma santa de minha predileção. A leitura da história dessa menina, cuja festa popular (e não a litúrgica) comemoramos ontem, me marcou profundamente, de modo que ela foi uma das grandes inspirações no meu princípio de caminho de conversão, bem como no meu apostolado e no combate ás heresias.

Outro fato de sua vida, que não é relatado nesse pequeno texto, é a ressurreição de uma tia sua, devido à uma oração da menina, quando tinha apenas 6 anos.

Gloriosa Santa Rosa de Viterbo, rogai por nós, pela juventude católica e pelos apologistas católicos!
***
     Rosa nasceu em uma família humilde de Viterbo. João e Catarina, seus pais, eram agricultores em Santa Maria in Poggio.

Santa Rosa viveu na primeira metade do século XIII, em uma época de grandes confrontos. De um lado surgia São Francisco de Assis, o irmão menor de todos, do outro, o imperador Frederico II, o grande estadista, que governava com mão de ferro. Em um extremo, o poder Espiritual, a Igreja, e de outro o mundo, o Imperador.

Não se sabe muito bem o ano em que Rosa nasceu. Alguns biógrafos mencionam 1234 ou 1235. Mais provável é que tenha nascido em 1236, pois morreu em 1253 com 18 anos incompletos.

Seus pais trabalhavam em um mosteiro de Clarissas, próximo de sua casa, o São Damião, primeiro convento das Clarissas, onde viveu Santa Clara. Desde cedo Rosa recebeu influência da espiritualidade franciscana em sua vida. Seus biógrafos afirmam que desde tenra idade ela já manifestava experiências místicas. Viveu asceticamente e se impunha severas penitências. À medida que ela crescia, aumentavam as suas orações. Muitas vezes passava longas horas da noite em contemplação. Durante o dia procurava os lugares onde poderia ficar em silêncio e entregar-se a oração.

No dia 23 de julho de 1247, foi atacada por uma forte febre. De repente, ajoelhou-se em sua cama e balbuciou o nome de Maria, ficou ali por um longo tempo. Então levantou-se e sorriu: estava sem febre. Contou então que a Virgem lhe apareceu e lhe confiara uma missão: visitar as igrejas de São João Batista, Santa Maria do Outeiro e São Francisco. E que depois da Missa fosse pedir sua admissão na Ordem da Penitência de São Francisco, hoje chamada de Ordem Franciscana Secular.
Naquele a cidade de Viterbo, fiel ao Papa, caira nas mãos do imperador Frederico II. A cidade estava nas mãos dos hereges que negavam a autoridade do Papa e o poder do sacerdote de perdoar os pecados e consagrar.

Em oração, Rosa teve uma visão do crucificado e seu coração ardeu em chamas. Ela não se conteve: saiu pelas ruas para pregar com um crucifixo nas mãos. A notícia correu por toda cidade, muitos se sentiram estimulados na fé e vários hereges se converteram; ela confundia até os mais preparados.
Devido a sua pregação diária, Rosa representava uma ameaça para as autoridades da cidade. Então, em 1250, o prefeito assinou uma ordem condenando Rosa ao exílio, afirmando que ela incitava a revolta entre o povo. Rosa e seus pais foram morar em Soriano del Cimino onde sua fama já havia chegado. Nessa cidade Rosa se tornou uma verdadeira apostola, nas praças pregava o Evangelho a todos.

Na noite de 4 para 5 de dezembro, Rosa recebeu a visita de um anjo, que lhe revelou que o imperador morreria dentro de poucos dias. No dia 13 de dezembro o imperador Frederico II faleceu.
Com a morte de Frederico II, o poder dos hereges enfraqueceu e Rosa pode retornar a Viterbo, no início de 1252. Toda região vivia em paz. Rosa humildemente pode compreender que Deus a fizera "instrumento de sua paz".

No dia 6 de março de 1252, "sem agonia", Deus a chamou. Foi sepultada sem caixão, na terra nua, perto da Igreja de Santa Maria in Poggio.

No dia 25 de novembro de 1252, o Papa Inocêncio IV, por sua Bula Sic in Sanctis, mandou instaurar oficialmente o processo de canonização de Rosa, nunca terminado.

No dia 4 de setembro de 1257, o Papa Alexandre IV mandou exumar o corpo de Rosa e, para a surpresa de todos, o corpo foi encontrado intacto, quase como se ela estivesse viva. Rosa foi então transladada para o mosteiro das Clarissas, a partir de então chamado Mosteiro de Santa Rosa.

O Papa Calixto III mandou retomar os trabalhos do processo de canonização. Em 1457 o processo ficou pronto, mas Calixto III morreu sem que chegasse a promulgar o decreto de canonização. Curiosamente a canonização de Rosa nunca foi oficializada, mas também nunca foi negada pelos Papas e pela Igreja. Tanto que o seu nome já era mencionado na edição de 1583 do Martirológio Romano. Pouco a pouco foram sendo dedicadas a ela igrejas, capelas e escolas por toda a Itália e até na América Latina.

Em setembro de 1922, o Papa Bento XV declarou Santa Rosa de Viterbo padroeira da Juventude Feminina da Ação Católica. No Brasil, Santa Rosa de Viterbo foi escolhida como a padroeira da juventude franciscana secular.

Santa Rosa é festejada dia 6 de março, mas as festas mais notáveis em sua honra acontecem em setembro. Em Viterbo, cidade da qual é padroeira, Santa Rosa é festejada no dia 4 de setembro.
Todos os anos, no dia 4 de setembro, seu corpo, incorrupto e flexível, é levado em procissão, desde o santuário dedicado a ela, pelas ruas de Viterbo pelos chamados Facchini di Santa Rosa, num espetáculo monumental. Uma torre de madeira e tecido renovada a cada ano, com uma estampa da Santa, é levada aos ombros por 62 homens.

A mensagem de Santa Rosa de Viterbo continua atual, plenamente válida e urgente: conversão, fidelidade ao Evangelho, à Santa Igreja e ao Papado.


Fonte: Heroínas da Cristandade
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