quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Beata Alexandrina - Flores para a Mãezinha


Ó Mãezinha, ó mãezinha, Vós sois a Mãe de Jesus, Filha do Pai Eterno, a Esposa do Espírito Santo, a Rainha do Céu e da Terra, e eu uma criatura vossa, filha do Vosso Jesus!


Quem sois Vós e quem sou eu?

Vós bem sabeis, querida Mãezinha, quanto me sinto pequenina na vossa santíssima presença.

Quantas vezes Vos tenho dito que não sou digna de beijar, não só os vossos santíssimos pés, mas também o chão, não onde eles pousassem, mas onde eles fizessem sombra.

Jesus o vê e Vós também, como me sinto pequenina diante de tanta grandeza.

Ó minha bendita Mãezinha,
eu Vos saúdo e Vos dou os meus parabéns!
Sou vossa, toda vossa
e tudo Vos dou por Jesus.


Não posso mais,
lede em mim o que o meu coração
quer dizer-Vos e oferecer-Vos.
A pobre Alexandrina



Ó minha querida Mãezinha,
quantos favores, quantas graças me tendes dispensado!
Sois Mãe, mas, oh, que Mãe sem igual!
Com que carinho, com que amor
me tendes guiado para Jesus!

Ó Mãezinha,
e que mal eu tenho correspondido ao vosso amor!
Dai-me pureza, dai-me amor.

Honra e glória ao Senhor nos altos Céus!
Chegou enfim o dia da minha alegria
e de todos os que são verdadeiramente devotos da querida Mãezinha!

Ó Virgem da Assunção, ó Mãezinha Imaculada,
mais que os Anjos pura e bela!

Criou-Vos o Senhor tão pura, tão pura,
com a sua mesma pureza,
criou-Vos para serdes sua Mãe.

Oh, como és bela e imaculada,
em Ti não há mancha de pecado!

Ó Céus, falai de mim,
por mim aclamai à Mãe do Senhor e Mãe nossa,
a Rainha dos Céus e da Terra!

Mãezinha, sou tua, faz-me pura!

Ó Jesus, ó Mãezinha,
eu não Vos amo, não sinto que Vos amo,
mas quero fazer de conta que Vos amo muito, muito.

E para Vos dar consolação,
sofro hoje pelo mundo inteiro,
para que não peque,
Vos ame e se salve.

Mãezinha, bendita e louvada sejais!
Eu Vos saúdo, ó cheia de graça!
Parabéns, ó Mãezinha!

Quando passarei este dia convosco no Céu!

Ai, que saudade, ai, que saudade!
Eu queria neste dia dar-Vos,
ó minha doce Mãezinha,
uma prenda do mais alto valor;
pobrezinha, nada tenho.

Consagro-Vos mais uma vez
a minha virgindade e a minha pureza,
o meu corpo e a minha alma,
com todo o seu ser.

Aceitai também o ramalhete das minhas dores,
as agonias da minha alma,
as angústias e os punhais
que já e logo me cravam o coração.

São flores tristes, muito tristes, Mãezinha,
mas de resignação.
Tirai-as à minha inutilidade,
porque foi ela que tudo me roubou.


Fonte: http://alexandrinabalasar.free.fr/flores_para_maezinha.htm

A descoberta de Deus de Santo Agostinho



          Estimulado por estas leituras a voltar a mim mesmo, entrei, guiado por ti, no profundo de
meu coração, e o pude fazer porque te fizeste minha ajuda. Entrei, e vi com os olhos da alma,
acima desses mesmos olhos, acima de minha inteligência, a luz imutável; não esta vulgar e visível
a todos os olhos de carne, nem outra do mesmo gênero, embora maior. Era muito mais clara e
enchendo com sua força todo o espaço. Não, não era esta luz, mas uma luz diferente de todas
estas.

            Ela não estava sobre meu espírito como o azeite sobre a água, como o céu sobre a terra,
mas estava acima de mim porque me criou; eu lhe era inferior por ter sido criado por ela. Quem
conhece a verdade conhece a luz, e quem a conhece, conhece a eternidade. O amor a conhece!

            Ó eterna verdade, amor verdadeiro, amada eternidade! Tu és meu Deus. Por ti suspiro dia
e noite. Quando te conheci pela primeira vez, ergueste-me para me fazer ver que havia algo para
ser visto, mas que eu ainda era incapaz de ver. E deslumbraste a fraqueza de minha vista com o
fulgor do teu brilho, e eu estremeci de amor e temor. Pareceu-me estar longe de ti numa região
desconhecida, como se ouvira tua voz do alto: “Sou o pão dos fortes; cresce, e comer-me-ás. Não
me transformarás em ti, como fazes com o alimento da tua carne, mas tu serás mudado em mim”.

            E conheci então que “castigaste o homem por causa de sua iniqüidade”, e “que secaste
minha alma como uma teia de aranha”, e eu disse: Porventura não existe a verdade, por não ser
difusa pelos espaços finitos e infinitos? E tu me gritaste de longe: Na verdade, Eu sou o que sou.

            E eu ouvi como se ouve no coração, sem deixar motivo para dúvidas; antes, mais facilmente
duvidaria de minha vida que da existência da verdade, que se manifesta à inteligência pelas
coisas da criação.


Confissões, Cap X, Santo Agostinho

Imitação de Cristo III - Cap 16 - Que só em Deus se há de buscar a verdadeira consolação



1. A alma: Tudo que posso desejar ou procurar para meu consolo não o espero nesta vida, mas na futura, porque ainda que eu tivesse todas as consolações do mundo e pudesse fruir todas as suas delícias, certo é que não poderiam durar muito tempo. Portanto, considera, ó minha alma, que não poderás achar consolo pleno e alegria perfeita senão em Deus, que consola os pobres e agasalha os humildes. Espera um pouco, ó minha alma, espera a divina promessa, e no céu terás todos os bens em abundâncias. Se desordenadamente desejares os bens presentes, perderás os eternos e celestes. Usa das coisas temporais, mas deseja as eternas. Não te podes satisfazer bem algum temporal, porque não foste criada para gozá-los.

2. Ainda que possuísses todos os bens criados, não poderias ser feliz e estar contente, porque só em Deus, criador de tudo, consiste tua bemaventurança e felicidade; não qual a entendem e louvam os amadores do mundo, mas como a esperam os bons servos de Cristo, e às vezes antegozam as pessoas espirituais e limpas de coração, cuja conversação está nos céus (Flp 3,20). Curto e vão é todo consolo humano; bendita e verdadeira a consolação que a verdade nos comunica interiormente. O homem devoto em toda parte traz consigo seu consolador, Jesus, e lhe diz: Assisti-me, Senhor Jesus, em todo lugar e tempo. Seja, pois, esta a minha consolação: o carecer voluntariamente de toda consolação humana. E se me faltar também vosso consolo, seja para mim vossa vontade, que justamente me experimenta, a suprema consolação. Porque não dura sempre a vossa ira, nem nos ameaçareis eternamente (Sl 102,9).


Imitação de Cristo III - Cap 16 -Tomás de Kempis

Súplica de Santo Agostinho


          Quem me dera descansar em ti! Quem me dera que viesses a meu coração e que o embriagasses, para que eu me esqueça de minhas maldades e me abrace contigo, meu único bem! Que és para mim? Tem piedade de mim, para que eu possa falar. E que sou eu para ti, para que me ordenes amar-te e, se não o fizer, irar-te contra mim, ameaçando-me com terríveis castigos? Acaso é pequeno o castigo de não te amar? Ai de mim! Dize-me por tuas misericórdias, meu Senhor e meu Deus, que és para mim? Dize a minha alma: Eu sou a tua salvação. Que eu ouça e siga essa voz e te alcance. Não queiras esconder-me teu rosto. Morra eu para que possa vê-lo para não morrer eternamente.

             Estreita é a casa de minha alma para que venhas até ela: que seja por ti dilatada. Está em ruínas; restaura-a. Há nela nódoas que ofendem o teu olhar: confesso-o, pois eu o sei; porém, quem haverá de purificá-la? A quem clamarei senão a ti? Livra-me, Senhor, dos pecados ocultos, e perdoa a teu servo os alheios! Creio, e por isso falo. Tu o sabes, Senhor. Acaso não confessei diante de ti meus delitos contra mim, ó meu Deus? E não me perdoaste a impiedade de meu coração? Não quero contender em juízos contigo, que és a verdade, e não quero enganar-me a mim mesmo, para que não se engane a si mesma minha iniqüidade. Não quero contender em juízos contigo, porque, se dás atenção às iniqüidades, Senhor, quem, Senhor, subsistirá?


Confissões, Cap V, Santo Agostinho

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Dia de Santo Agostinho - Solilóquio de Amor (Tarde te amei)

Solilóquio de amor

Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro de mim,
e eu lá fora, a te procurar! Eu, disforme, me atirava à beleza das formas que criaste. Estavas
comigo, e eu não estava em ti. Retinham-me longe de ti aquilo que nem existiria se não existisse
em ti. Tu me chamaste, gritaste por mim, e venceste minha surdez. Brilhaste, e teu esplendor
afugentou minha cegueira. Exalaste teu perfume, respirei-o, e suspiro por ti. Eu te saboreei, e
agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me, e o desejo de tua paz me inflama.

Santo Agostinho, Confissões
 
Abaixo, uma música belíssima da Irmã Kelly Patrícia sobre essa passagem das Confissões.


São Josemaría acerca da Festa de Santa Mónica

Festa de Santa Mónica, mãe de Santo Agostinho. Numa ocasião, a uma mãe preocupada porque um dos filhos andava afastado de Deus disse-lhe: “Lembra-te de Santa Mónica: mais longe do que tinha ido Santo Agostinho…?; ela, rezando – e algumas vezes com lágrimas –, trouxe-o a Deus. E depois foi aquele grande bispo aquele grande doutor da Igreja. De modo que o teu filho pode voltar, voltará!: e, ainda por cima, fará muito bem às almas”.


(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
Encontrado em Spes Deus

Santa Mônica, a oração e as lágrimas


 CONFISSÕES
CAPÍTULO XII
Uma profecia


Nessa mesma ocasião deste à minha mãe outra resposta, de que ainda me lembro – pois
passo em silencio muitas circunstâncias, pela pressa que tenho de chegar àquelas que te devo
confessar com mais urgência, ou porque não as recordo – deste-lhe outra resposta por meio de
um teu bispo, educado em tua Igreja e exercitado em tuas Escrituras. Como ela pedisse que se
dignasse falar comigo, para refutar meus erros e desenganar-me de minhas más doutrinas e
ensinar-me as boas – pois assim fazia com quantos julgava idôneos – ele negou-se com muita
prudência, como pude verificar depois; respondeu-lhe que eu estava incapacitado para receber
qualquer ensinamento, por estar enfatuado com a novidade da heresia maniqueísta, e por haver
criado embaraço a muitos ignorantes com algumas questões fáceis, como ela mesma lhe relatara.
“Deixe-o – disse – e unicamente ore por ele ao Senhor! Ele mesmo, lendo os livros dos hereges,
descobrirá o erro e reconhecerá sua grande impiedade”. – Ao mesmo tempo contou-lhe que,
quando criança, sua mãe, seduzida pelo erro, entregara-o aos maniqueus, chegando não só a ler,
mas a copiar quase todas as suas obras; e que ele mesmo, sem necessidade de que ninguém o
contestasse ou convencesse, chegara a perceber a falácia daquela doutrina, abandonando-a
enfim.
Depois de assim falar, minha mãe não se aquietava, instando com maiores rogos e mais
copiosas lágrimas a que me visitasse, para discutir comigo sobre o tal assunto. O bispo, já com
certo enfado de sua insistência, lhe disse: “Vai-te em paz, mulher, e continua a viver assim, que
não é possível que pereça o filho de tantas lágrimas” – palavras que ela recebeu como vindas do
céu, segundo me recordava muitas vezes em seus colóquios comigo.

Santo Agostinho, Confissões

Pelo dia de Santa Mônica: O sonho de Mônica (Capítulo XI das Confissões de Santo Agostinho)

 
O sonho de Mônica

Mas estendeste tua mão do alto, e arrancaste minha alma deste abismo de trevas,
enquanto minha mãe, tua fiel serva, chorava-me diante de ti muito mais do que as outras mães
costumam chorar sobre o cadáver dos filhos, pois via a morte de minha alma com a fé e o espírito
que havia recebido de ti. E tu a escutaste, Senhor, tu a ouviste e não desprezaste suas lágrimas
que, brotando copiosas, regavam o solo debaixo de seus olhos por onde fazia sua oração; sim, tu
a escutaste, Senhor. Com efeito, donde podia vir aquele sonho, com que a consolaste, ao ponto
de me admitir em sua companhia e mesa, fato que havia me negado porque aborrecia e detestava
as blasfêmias do meu erro?

Nesse sonho viu-se de pé sobre uma régua de madeira; e um jovem resplandecente,
alegre e risonho que vinha ao seu encontro, triste e amarga. Este lhe perguntou a causa de sua
tristeza e lágrimas diárias, não por curiosidade, como sói acontecer, mas para instruí-la; e
respondendo-lhe ela que chorava a minha perdição, mandou-lhe, para sua tranqüilidade, que
prestasse atenção e visse por onde ela estava também estaria eu. Apenas olhou, viu-me junto de
si, de pé sobre a mesma régua.

De onde veio este sonho, senão dos ouvidos que tinhas atentos a seu coração, ó Deus
bom e onipotente, que cuidas de cada um de nós como se não tivesses outro para cuidar, zelando
de todos como de cada um!

E como explicar o que se segue? Contou-me minha mãe esta visão, e querendo-a eu
persuadir de que significava o contrário, e que não devia desesperar de ser algum dia o que eu
era, isto é, maniqueísta, ela, sem nenhuma hesitação, me respondeu: “Não; não me foi dito: onde
ele está ali estarás tu, mas onde tu estás ali estará ele também”.

Confesso, Senhor, e muitas vezes disse que, pelo que me recordo, me abalou mais esta
tua resposta pela solicitude de minha mãe, imperturbável diante de explicação falsa e ardilosa, e
por ter visto o que se devia ver – e que eu certamente não veria sem que ela o dissesse – que o
mesmo sonho com o qual anunciaste a esta piedosa mulher com tanta antecedência, a fim de
consolá-la em sua aflição presente, uma alegria que só havia de se realizar muito tempo depois.
Seguiram-se, efetivamente, quase nove anos, durante os quais continuei a me revolver
naquele abismo de lodo e trevas de erro, afundando-me tanto mais quanto mais esforços fazia
para me libertar. Entretanto, aquela piedosa viúva, casta e sóbria como as que tu amas, já um
pouco mais alegre com a esperança, porém, não menos solícita em suas lágrimas e gemidos, não
cessava de chorar por mim em tua presença em todas as horas de suas orações; e suas preces
eram aceitas a teus olhos, mas deixava-me ainda revolver-me e envolver-me naquela escuridão.

Santo Agostinho, Confissões

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Imitação de Cristo III - Cap 15 - Como se deve haver e falar cada um em seus desejos



1. Jesus: Filho, dize assim em todas as coisas: Senhor, se for do vosso agrado, faça-se isto assim. Senhor, se for para vossa honra, suceda isto em vosso nome. Senhor, se vos parecer que me é proveitosa e útil tal coisa, concedei-ma para que dela use para vossa glória; mas, se conheceis que
me seria nociva e sem proveito para minha salvação, tirai-me tal desejo; porque nem todo desejo procede do Espírito Santo, ainda que nos pareça bom e justo. É di cultoso discernir se te move espírito bom ou mau, a desejar isto ou aquilo, ou se te move tua própria vontade. Muitos se acharam no m enganados, que a princípio pareciam animados de bom espírito.

2. Qualquer coisa, pois, que se te a gura desejável, deves sempre desejá- la e pedir com temor de Deus e humildade de coração, particularmente encomendar-me tudo com sincera resignação, dizendo: Vós sabeis, Senhor, o que é melhor; faça-se isto ou aquilo, conforme vossa vontade. Daime o que quiserdes, quanto e quando quiserdes. Disponde de mim como entendeis, como mais vos agradar e para maior glória vossa. Ponde-me onde quiserdes e disponde de mim livremente em tudo; estou em vossas mãos, virai-me e revirai-me segundo vos parecer. Eis aqui vosso servo, pronto para tudo; pois não desejo viver para mim, mas para vós, oxalá com dignidade e perfeição.


Oração para cumprir a vontade de Deus

1. Concedei-me, benigníssimo Jesus, que a vossa graça esteja comigo, comigo trabalhe e persevere comigo até ao m. Dai-me que deseje e queira sempre o que mais vos for aceito e agradável. Vossa vontade seja a minha, e a minha acompanhe sempre a vossa e se conforme em tudo com ela. Tenha
eu convosco o mesmo querer e não querer, de modo que não possa querer ou não querer, senão o que vós quereis ou não quereis.

2. Fazei que eu morra a tudo que é do mundo, e que deseje ser desprezado e esquecido neste século, por vosso amor. Daí-me que descanse em vós acima de todos os bens desejáveis, e repouse em vós o meu coração. Vós sois a verdadeira paz do coração e seu único descanso; fora de vós tudo é inquietação e desassossego. Nesta paz verdadeira, que sois vós, sumo e eterno bem, quero dormir e descansar. Amém.


Imitação de Cristo III - Tomás de Kempis

Comentário do Evangelho do dia (26/08) feito por Regra do Mestre (Regra Monástica do século VI)




Prólogo, 1-14

 
A encruzilhada do nosso coração: «espaçoso [é] o caminho que conduz à perdição, [...] apertado é o caminho que conduz à vida» (Mt 7,13-14)


Homem, tu que lês esta Regra em voz alta a toda a comunidade, e depois tu, que escutas esta leitura, deixa de lado quaisquer outros pensamentos que possas ter e fica sabendo que, quando te falo, é o próprio Deus que te adverte por meu intermédio; é o Senhor Deus, a quem devemos ir de motu próprio e com boas acções e intenção recta, a não ser que queiramos, por causa da nossa negligência de pecadores, comparecer mais tarde diante dele e ser levados pela morte [...]. Vivemos o tempo que nos resta como uma prorrogação, ao passo que a bondade de Deus espera da nossa parte progressos diários, e quer que amanhã sejamos melhores do que hoje.


Tu, que me escutas, presta atenção às minhas palavras [...] e assim, caminhando na diligência do teu espírito, chegarás à encruzilhada do teu coração. Uma vez aí chegado, [...] deixa para trás o caminho do mal que é o da tua ignorância e considera que os dois caminhos que para ti se abrem são as duas formas de observar os preceitos do Senhor. Quanto a nós, que procuramos o caminho que leva a Deus, detenhamo-nos nesta encruzilhada do coração, examinemos esses dois caminhos, esses dois modos de compreensão que se nos oferecem, e consideremos por qual deles poderemos alcançar a Deus. Se seguirmos pelo da esquerda, uma vez que o caminho é largo, temos a temer que seja precisamente por aí o caminho da perdição; se voltarmos à direita, estaremos no bom caminho, porquanto esse é o caminho estreito, aquele que leva os servos assíduos à presença do Senhor. [...] Atenta, por isso, no que escutas antes de deixares a luz deste mundo, porque só voltarás a tê-la na ressurreição. Aí chegado, se tiveres agido bem durante a tua vida terrena, estarás destinado à glória eterna com os santos do céu.


Créditos: Evangelho Quotidiano

sábado, 24 de agosto de 2013

As perfeições de Deus - Santo Agostinho



       Que és, portanto, ó meu Deus? Que és, repito, senão o Senhor Deus? Ó Deus sumo, excelente, poderosíssimo, onipotentíssimo, misericordiosíssimo e justíssimo.
 
     Tão oculto e tão presente, formosíssimo e fortíssimo, estável e incompreensível; imutável, mudando todas as coisas; nunca novo e nunca velho; renovador de todas as coisas, conduzindo à ruína os soberbos sem que eles o saibam; sempre agindo e sempre repouso; sempre sustentando, enchendo e protegendo; sempre criando, nutrindo e aperfeiçoando, sempre buscando, ainda que nada te falte.
 
         Amas sem paixão; tens zelos, e estás tranqüilo; te arrependes, e não tens dor; te iras, e continuas calmo; mudas de obra, mas não de resolução; recebes o que encontras, e nunca perdeste nada; não és avaro, e exiges lucro. A ti oferecemos tudo, para que sejas nosso devedor; porém, quem terá algo que não seja teu, pois, pagas dívidas que a ninguém deves, e perdoas dívidas sem que nada percas com isso?
 
       E que é o que até aqui dissemos, meu Deus, minha vida, minha doçura santa, ou que poderá alguém dizer quando fala de ti? Mas ai dos que nada dizem de ti, pois, embora seu muito falar, não passam de mudos charlatães.


Confissões, Cap IV, Santo Agostinho

Nossos sofrimentos e o sofrimento de Nosso Senhor (São Pio de Pietrelcina)



“Meu Deus, perdoa-me. Nunca Te ofereci nada na minha vida e, agora, por este pouco que estou sofrendo, em comparação a tudo o que Tu sofreste na Cruz, eu reclamo injustamente!”
(São Pio de Pietrelcina)
Créditos: Páginas Filhos de Pe. Pio

Caridade: A Rainha das Virtudes (São Pio de Pietrelcina)



"A caridade é a rainha das virtudes. Assim como as pérolas se mantêm unidas por meio de um fio, também as virtudes se mantêm unidas pela caridade. E da mesma forma que, se o fio se rompe as pérolas caem, assim também, se a caridade diminui, as virtudes se dispersam." 
(São Pio de Pietrelcina)
Créditos: Página Filhos de Pe Pio

Comentário do Evangelho do dia (24/08) feito por São Pedro Damião



(1007-1072), eremita, bispo, doutor da Igreja
Sermão 42, 2º para a festa de São Bartolomeu; PL 144, 726

 
 
«Vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo por meio do Filho do Homem»

A glória de todos os apóstolos é de tal modo indissociável e está unida por tantas graças que, quando se celebra a festa de um deles, é a grandeza comum a todos que é trazida à atenção da nossa visão interior. Com efeito, eles partilham a mesma autoridade de juízes supremos, o mesmo grau de dignidade, e possuem o mesmo poder de ligar e de absolver (Mt 19,28; 18,18). Eles são essas pérolas preciosas que São João diz ter contemplado no Apocalipse e com as quais são feitas as portas da Jerusalém celeste (Ap 21,21.14). […] Com efeito, quando, através de sinais ou de milagres, irradiam a luz divina, os apóstolos abrem o acesso à glória celeste de Jerusalém aos povos convertidos à fé cristã. […]


É ainda deles que o profeta diz: «Quem são estes que voam como nuvens?» (Is 60,8). […] Deus eleva o espírito dos seus pregadores à contemplação das verdades do alto, […] de modo que eles possam espalhar com abundância a chuva da palavra de Deus no nosso coração. Assim, eles bebem a água na nascente para depois no-la darem a beber. São Bartolomeu bebeu plenamente dessa fonte quando o Espírito Santo desceu sobre ele, tal como sobre os outros apóstolos, sob a forma de línguas de fogo (Act 2,3).


Mas ouves falar de fogo e talvez não vejas a relação com a água. Escuta como o Senhor chama água a esse Espirito Santo que desceu como um fogo sobre os apóstolos. «Se alguém tem sede, venha a Mim e beba» e acrescenta: «Do seio daquele que crê em Mim, como diz a Escritura, correrão rios de água viva»; e o evangelista explica: referia-Se «ao Espírito que iam receber os que nele acreditassem» (Jo 7,37-39). Também o salmista diz dos crentes: «Podem saciar-se da abundância da tua casa; Tu os inebrias na torrente das tuas delícias. Em Ti está a fonte da vida» (Sl 36, 9-10). 
 
 
Créditos: Evangelho Quotidiano

Comentário do Evangelho do dia (23/08) feito por Santa Teresa de Ávila (Santa Teresa de Jesus)



(1515-1582), carmelita, doutora da Igreja
O Castelo interior, quinta morada, cap. 3




O maior mandamento


Deus só nos pede duas coisas: que O amemos e que amemos o nosso próximo. E esse deve ser objectivo dos nossos esforços. Se realizarmos essas duas coisas de maneira perfeita, fazemos a Sua vontade e estamos unidos a Ele. Mas que longe estamos de cumprir esses dois deveres de modo digno dum tão grande Deus! Que Ele Se digne conceder-nos a sua graça, para que mereçamos lá chegar, pois isso está ao nosso alcance, se assim o quisermos.


O meio mais seguro, quanto a mim, de saber se cumprimos esses dois preceitos, é ver se amamos verdadeiramente o nosso próximo. Amamos a Deus? Não podemos ter a certeza, mesmo que tenhamos indícios muito fortes. Mas podemos seguramente saber se amamos o próximo. Tende a certeza de que, quanto mais descobrirdes em vós progressos no amor ao próximo, mais vos adiantareis no amor de Deus. O amor que Nosso Senhor nos dá é tão grande que, em troca do amor que temos ao próximo, faz crescer de mil maneiras o amor que temos por Ele; quanto a isso não tenho a menor dúvida. Eis por que razão é tão importante considerar como amamos o próximo; se o fizermos de modo perfeito, podemos descansar. Pois, quanto a mim, a nossa natureza é tão má que, se o nosso amor ao próximo não se enraizasse no próprio amor de Deus, não se poderia tornar perfeito em nós.


Créditos: Evangelho Quotidiano

Comentário do Evangelho do dia (22/08) feito por São Nersés Snorhali

(1102-1173), patriarca arménio
Jesus, Filho unigénito do Pai, §§ 683-687; SC 203

 
 «Vinde às bodas»

Para vir às bodas
Que o Pai Te preparou, ó Filho unigénito,
Também a voz de teus servos me chamou,
Para me deliciar em alegrias inefáveis,
Já aqui na terra, no mistério do teu altar,
E, um dia, nas alturas da cidade santa (Ap 21,2ss),
Num júbilo eterno,
Inexprimível e imutável.


Mas como não trago vestido o traje nupcial
Digno da sala do banquete,
Pois maculei as vestes da fonte sagrada do baptismo
Com estes pecados negros da alma,
Peço-Te, ó Senhor insondável […],
Reveste-me de novo de Ti (cf Gl 3,27),
E devolve o antigo esplendor
Às minhas primeiras vestes agora maculadas.


Para que eu não ouça a tua voz, Senhor,
Pronunciar a palavra «amigo» com expressão digna de piedade,
E que também eu não seja, como aquele, lançado
Nas trevas para sempre.


Créditos: Evangelho Quotidiano

Comentário do Evangelho do dia (21/08) feito por São João Crisóstomo



(c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilias sobre o evangelho de Mateus, nº 64, 4

 
 «Ide também para a minha vinha»


É evidente que esta parábola trata da conversão dos homens a Deus, alguns desde tenra idade, outros um pouco mais tarde e alguns somente na velhice. Cristo reprime o orgulho dos primeiros e impede-os de censurar os da décima primeira hora, mostrando-lhes que todos têm a mesma recompensa. Ao mesmo tempo, estimula o zelo dos últimos, mostrando-lhes que podem merecer o mesmo salário que os primeiros. O Salvador tinha acabado de falar da renúncia às riquezas e do desprezo por todos os bens, virtudes que exigem coração grande e coragem. Era por isso necessário estimular o ardor da alma cheia de juventude; assim, o Senhor reacende neles a chama da caridade e fortalece-lhes a coragem, mostrando-lhes que mesmo os que chegaram por último recebem o salário do dia todo. […]


Para falar com mais clareza, alguns poderiam abusar desta circunstância e cair na indiferença e no desmazelo. Os discípulos verão claramente que essa generosidade é efeito da misericórdia de Deus, que só ela os ajudará a merecer tão magnífica recompensa. […] Todas as parábolas de Jesus – a das virgens, a da rede, a dos espinhos, a da figueira estéril – nos convidam a mostrar a nossa virtude através dos actos. […] Ele exorta-nos a levar uma vida pura e santa. Uma vida santa custa mais ao nosso coração que a simples pureza da fé, pois é uma luta contínua, um labor infatigável.


Créditos: Evangelho Quotidiano

Comentário do Evangelho do dia (20/08) feito por Santa Juliana de Norwich



(1342-depois de 1416), mística inglesa
Revelações do amor divino, cap. 55


 «Terá por herança a vida eterna»


Cristo é o nosso caminho (Jo 14,6). Ele conduz-nos com segurança pelos seus preceitos e, no seu corpo, leva-nos poderosamente para o céu. Vi que, tendo-nos a todos em Si, a nós a quem vai salvar, Ele nos oferece com devoção a seu Pai celeste, dom que o Pai recebe com grande reconhecimento e remete cortêsmente a seu filho Jesus Cristo. Esse dom e esse gesto são alegria para o Pai, felicidade para o Filho e regozijo para o Espírito Santo. Entre tudo o que podemos fazer, nada há que seja mais agradável a Nosso Senhor que ver-nos rejubilar nessa alegria que a Trindade tem pela nossa salvação. […]


Seja o que for que sintamos — alegria ou tristeza, fortuna ou infortúnio —, Deus quer que compreendamos e acreditemos que estamos mais verdadeiramente no céu que na terra. A nossa fé vem do amor natural que Deus depositou na nossa alma, da clara luz da nossa razão e da inteligência inquebrantável que recebemos de Deus desde o primeiro instante em que fomos criados. Desde que a nossa alma foi insuflada no nosso corpo tornado sensível, a misericórdia e a graça começaram a sua obra, tomando conta de nós e guardando-nos com piedade e amor. Por meio desta operação, o Espírito Santo forma na nossa fé a esperança de regressarmos à nossa substância superior, ao poder de Cristo, desenvolvido e levado à sua plenitude pelo Espírito Santo. […] Pois no próprio instante em que a nossa alma é criada sensível, ela torna-se cidade de Deus, preparada para Ele desde toda a eternidade (Heb 11,16; Ap 21,2-3). É a essa cidade que Ele vem; nunca a deixará, pois Deus nunca está fora da alma, e nela permanecerá na beatitude para sempre.


Créditos: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Triunfal entrada de Maria no céu - Santo Afonso Maria de Ligório

 
               Desde que Jesus Cristo, nosso Salvador, completou a obra da Redenção com a sua morte, anelavam os anjos tê-lo no céu. Em suas preces repetiam por isso incessantemente as palavras de Davi: Levantai-vos, Senhor, para o vosso descanso, vós e a arca de vossa santificação (SL 141, 8). Eia, Senhor, já que remistes os homens, vinde habitar conosco em vosso reino. Conduzi também convosco a arca viva de vossa santificação, isto é, vossa Mãe, a qual santificastes habitando em seu seio. Precisamente assim faz S. Bernardo dizer aos anjos.


                   Jesus em pessoa glorifica a entrada de sua Mãe no céu


                Quis finalmente o Senhor atender ao desejo destes celestes cidadãos, chamando Maria ao paraíso. Ordenara outrora que a arca do Testamento fosse com grande pompa introduzida na cidade de Davi. "Davi e toda a casa de Israel conduziram a arca com júbilo e ao som das trombetas" (2Rs 6,14). Porém com pompa muito mais nobre e gloriosa ordenou que sua Mãe entrasse no céu. O profeta Elias foi transportado ao céu num carro de fogo, que, como dizem os intérpretes, não foi senão um grupo de anjos. Mas para vos conduzir ao céu, ó Mãe de Deus, não bastou um grupo de anjos, observa Roberto abade. O mesmo Rei da glória veio acompanhar-vos com toda a sua corte celeste.

                Também S. Bernadino de Sena é de opinião que, para honrar o triunfo de Maria, veio do paraíso o próprio Jesus Cristo; desceu para encontrá-la e acompanhá-la. E Eádmero diz: O Salvador quis subir ao céu antes de Maria, não só para preparar-lhe o trono, mas também para tornar-lhe mais gloriosa a entrada no céu, pela sua presença e pelo luminoso séquito dos espíritos bem-aventurados. Nicolau, monge, vê mais fulgores na Assunção de Maria, que na Ascensão de Jesus Cristo. Porque, ao Redentor, somente vieram encontrá-lo os anjos, enquanto que a Santíssima Virgem subiu à glória, saindo-lhe ao encontro, e acompanhando-a o mesmo Senhor da glória e toda a bem-aventurara companhia dos santos e anjos. A tal respeito faz Guerrico, abade, falar assim o Verbo Divino: Para glorificar meu Pai desci do céu à terra; mas depois, para honrar minha Mãe, subi de novo ao céu, a fim de lhe sair ao encontro e acompanhá-la ao paraíso.

              Consideremos como, descendo o Salvador do céu para encontrar a Mãe, lhe disse, consolando-a: Levanta-te, apressa-te, amiga minha, pomba minha, formosa minha, e vem. Porque já passou o inverno, já se foram e cessaram de todo as chuvas (Ct 2,10). Vamos, minha cara Mãe, minha bela e pura pomba, deixa este vale de lágrimas, onde tens sofrido tanto por meu amor. "Vem do Líbano, esposa minha, vem do Líbano e serás coroada" (Ct 4,8). Vem com alma e corpo, gozar o prêmio de sua santa vida. Se tens padecido muito no mundo, maior é a glória que te darei de Rainha do universo.

        
       Eis que Maria já deixa a terra. Vêm-lhe à memória as muitas graças que aí recebera de seu Senhor.  Olha-a por isso com afeto e juntamente com compaixão, recordando-se dos pobres que deixa expostos a tantas misérias e a perigos tantos. Jesus lhe estende a mão, e a santa Mãe já se eleva no ar, já passa as nuvens e as esferas. E chega enfim às portas do céu. Quando entra um monarca para tomar posse de um reino, não passa pelas portas da cidade, como as demais pessoas. Tiram-se então completamente as portas e ele entra triunfante. Por isso à entrada de Cristo no céu cantaram os anjos: Suspendei as vossas portas, ó príncipes; levantai-vos, portas eternas; o rei da glória entrará (SL 23,7). Repetem eles a exclamação, agora que Maria vai tomar posse do reino dos céus. Os anjos da comitiva gritam aos outros, que estão dentro: Príncipes do céu, depressa, levantai, tirai as portas, porque deve entrar a Rainha da glória!

                Já entra na celeste pátria. Mas, à sua entrada, veem-na aqueles espíritos celestes tão bela e tão gloriosa, que perguntam aos anjos que chegaram de fora, como contempla Vulgato Orígenes: Quem é esta que sobe do deserto inundando delícias e firmada sobre o seu amado? (Ct 8,5). E quem é esta criatura tão formosa que vem do deserto da terra, lugar de espinhos e abrolhos? vem tão pura e rica de virtudes, com o seu amado Senhor, que se digna ele mesmo acompanhá-la com tanta honra? Quem é? Respondem os anjos que a acompanham: Esta é a Mãe do nosso Rei; é a bendita entre as mulheres, a cheia de graça, a Santa dos santos, a amada de Deus, a Imaculada, a mais formosa de todas as criaturas. E rompem imediatamente todos aqueles espíritos celestes em hinos de louvor e de júbilo, bendizendo-a com mais razão que os hebreus a Judite: Tu és a glória de Jerusalém, a alegria de nosso povo (Jt 15,10). Ah! Senhora, vós sois a glória do paraíso, a alegria de nossa pátria, a honra de todos nós! Eis o vosso reino, eis-nos todos aqui, vossos vassalos, prontos a obedecer-vos!


Santo Afonso Maria de Ligório, Glórias de Maria

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Oração de Santa Edith Stein: "Ser como se não fosse"



"Minha mãe, hoje já foi como um dia de despedida. Nos próximos dois dias devo estar ocupada com preparativos exteriores, e não poderei mais ficar completamente em silêncio junto a ti e contigo junto ao Senhor. Por isso, peço novamente a ti com todo o coração para que me ajudes a dispor-me para a hora do matrimônio. Sobretudo com um arrependimento ardoroso, para queimar em mim tudo que impeça minha união com o Senhor. Faze que, como tu, eu seja como se não fosse, que eu não tenha mais vida senão a vida de Jesus, que se esqueça de mim e saiba apenas dele. Sei que isso que falei e escrevi sobre a verdade me compromete com bastante rigor. Recorda-me sempre disso se por acaso eu escorregar e decair do verdadeiro ser para algo de aparente."


Sta Teresa Benedita da Cruz (Santa Edith Stein)
Créditos: GRAA

A ousadia do Sina da Cruz - Santa Edith Stein



"Quando fazemos o sinal da cruz, dizemos: "em nome do Pai e do Filho, e do Espírito Santo". Significa que aquilo que fazemos acontece como incumbência e na força da Santíssima Trindade. De onde temos o direito a essa linguagem ousada inédita? Da força da sagrada Cruz. Possuímos o direito de falar assim porque fomos remidos pela santa Cruz, ela foi escolhida pela Santíssima Trindade desde a eternidade como instrumento da redenção, e no madeiro amplamente visível da ignomínia foi fixado o peso do pecado da humanidade. Fazendo o sinal da cruz em nome da Trindade, prestamos honra à justiça divina e com ela proferimos o juízo de morte sobre nossa natureza pecadora (Hb 3,6). Nós somos a morada de Deus."


Santa Edith Stein, Teu coração deseja mais.
Créditos: Blog GRAA

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

São João Maria Vianney sobre os atos devocionais


"Podemo-nos oferecer como vítimas durante oito ou quinze dias pela conversão dos pecadores. Sofremos o frio, o calor; privamo-nos de olhar alguma coisa, de ir visitar uma pessoa que causaria prazer; fazemos uma novena; ouvimos missa todos os dias da semana nessa intenção, mormente nas cidades onde se tem facilidade disso. Mas há muita gente que não daria cem passos para ir à missa. Os que têm a felicidade de comungar amiúde, podem fazer uma novena de comunhões. Não somente se contribui para a glória de Deus por essa santa prática, mas se atrai para si grande abundância de graças".







(Santo Cura D'Ars)
Fonte: Católicos Tradicionais

Santo Cura D'Ars fala sobre nossa tibieza para com as coisas de Deus



Óh! Como no momento da morte havemos de lamentar o tempo que tivermos dado aos prazeres, às conversas inúteis, ao repouso em vez de o termos empregado na mortificação, na oração, nas boas obras, em pensar na nossa pobre miséria, em chorar os nossos pobres pecados! É então que vemos que nada fizemos para o Céu. (Sto. Cura D'Ars)
 
 
Fonte: Católicos Tradicionais

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Catequese do Papa Bento XVI sobre Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja

 

PAPA BENTO XVI
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 30 de Março de 2011





Santo Afonso Maria de Ligório


Prezados irmãos e irmãs

Hoje gostaria de apresentar-vos a figura de um santo Doutor da Igreja, ao qual devemos muito, porque foi um insigne teólogo moralista e um mestre de vida espiritual para todos, principalmente para as pessoas simples. É o autor das palavras e da música de um dos cânticos de Natal mais populares na Itália, e não só: Tu scendi dalle stelle.

Pertencente a uma família napolitana nobre e rica, Afonso Maria de Ligório nasceu em 1696. Dotado de acentuadas qualidades intelectuais, com apenas 16 anos obteve a licenciatura em direito civil e canónico. Era o advogado mais brilhante do foro de Nápoles: durante oito anos venceu todas as causas que defendeu. Todavia, na sua alma sedenta de Deus e desejosa de perfeição, o Senhor levava-o a compreender que outra era a vocação à qual o chamava. Com efeito, em 1723, indignado pela corrupção e a injustiça que viciavam o ambiente forense, abandonou a sua profissão — e com ela a riqueza e o sucesso — e decidiu tornar-se sacerdote, não obstante a oposição da parte do pai. Teve mestres excelentes, que o introduziram no estudo da Sagrada Escritura, da História da Igreja e da Mística. Adquiriu uma vasta cultura teológica, que fez frutificar quando, depois de alguns anos, empreendeu a sua obra de escritor. Foi ordenado presbítero em 1726 e, pelo exercício do ministério, uniu-se à Congregação diocesana das Missões apostólicas. Afonso deu início a uma obra de evangelização e de catequese no meio das camadas mais humildes da sociedade napolitana, às quais gostava de pregar, e que instruía acerca das verdades basilares da fé. Não poucas destas pessoas, pobres e modestas, às quais se dirigia, dedicavam-se com frequência aos vícios e praticavam acções criminosas. Com paciência ensinava-as a rezar, encorajando-as a melhorar o seu estilo de vida. Afonso alcançou resultados excelentes: nos bairros mais miseráveis da cidade multiplicavam-se grupos de pessoas que, à noite, se reuniam nas casas particulares e nas oficinas, para rezar e para meditar a Palavra de Deus, sob a orientação de alguns catequistas formados por Afonso e por outros sacerdotes, que visitavam regularmente estes grupos de fiéis. Quando, por vontade do arcebispo de Nápoles, estas reuniões começaram a realizar-se nas capelas da cidade, receberam o nome de «capelas nocturnas». Elas constituíram uma verdadeira fonte de educação moral, de restabelecimento social e de ajuda recíproca entre os pobres: furtos, duelos e prostituição quase chegaram a desaparecer.

Embora o contexto social e religioso da época de santo Afonso fosse muito diferente do nosso, as «capelas nocturnas» parecem um modelo de obra missionária em que podemos inspirar-nos também hoje, para uma «nova evangelização», particularmente dos mais pobres, e para construir uma convivência humana mais justa, fraterna e solidária. Aos sacerdotes é confiada uma tarefa de ministério espiritual, enquanto leigos bem formados podem ser animadores cristãos eficazes, fermento evangélico autêntico no seio da sociedade.

Depois de ter pensado em partir para evangelizar os povos pagãos, Afonso, com 35 anos de idade, entrou em contacto com os camponeses e com os pastores das regiões do interior do Reino de Nápoles e, impressionado com a sua ignorância religiosa e com o estado de abandono em que viviam, decidiu deixar a capital e dedicar-se a estas pessoas, que eram pobres espiritual e materialmente. Em 1732 fundou a Congregação religiosa do Santíssimo Redentor, que pôs sob a tutela do bispo Tommaso Falcoia, e da qual sucessivamente ele mesmo se tornou o superior. Estes religiosos, guiados por Alfonso, foram autênticos missionários itinerantes, que chegaram até aos povoados mais remotos, exortando à conversão e à perseverança na vida cristã, sobretudo por meio da oração. Ainda hoje os Redentoristas, espalhados por muitos países do mundo, com novas formas de apostolado, continuam esta missão de evangelização. Penso neles com reconhecimento, exortando-os a ser sempre fiéis ao exemplo do seu santo fundador.

Estimado pela sua bondade e pelo seu zelo pastoral, em 1762 Afonso foi nomeado bispo de Santa Águeda dos Godos, ministério que, a seguir às enfermidades que o afligiam, deixou em 1775, por concessão do Papa Pio VI. Em 1787 o mesmo Pontífice, recebendo a notícia do seu falecimento, ocorrido depois de muitos sofrimentos, exclamou: «Era um santo!». E não se equivocava: Afonso foi canonizado em 1839 e, em 1871, proclamado Doutor da Igreja. Este título adapta-se-lhe por múltiplos motivos. Antes de tudo, porque ele propôs um rico ensinamento de teologia moral, que exprime adequadamente a doutrina católica, a tal ponto que foi proclamado pelo Papa Pio XII «Padroeiro de todos os confessores e moralistas». Na sua época difundiu-se uma interpretação muito rigorosa da vida moral, também por causa da mentalidade jansenista que, em vez de alimentar a confiança e a esperança na misericórdia de Deus, fomentava o medo e apresentava um rosto de Deus áspero e severo, muito distante daquele que nos foi revelado por Jesus. Sobretudo na sua obra principal, intitulada Teologia moral, santo Afonso, propõe uma síntese equilibrada e convincente entre as exigências da lei de Deus, esculpida nos nossos corações, revelada plenamente por Cristo e interpretada respeitavelmente pela Igreja, e os dinamismos da consciência e da liberdade do homem que, precisamente na adesão à verdade e ao bem, permitem o amadurecimento e a realização da pessoa. Aos pastores de almas e aos confessores, Afonso recomendava que fossem fiéis à doutrina moral católica, assumindo ao mesmo tempo uma atitude caritativa, compreensiva e dócil, a fim de que os penitentes pudessem sentir-se acompanhados, sustentados e encorajados no seu caminho de fé e de vida cristã. Santo Afonso nunca se cansava de repetir que os sacerdotes são um sinal visível da misericórdia infinita de Deus, que perdoa e ilumina a mente e o coração do pecador a fim de que se converta e mude de vida. Na nossa época, em que existem claros sinais de perda da consciência moral e — é necessário reconhecê-lo — de uma certa falta de estima pelo Sacramento da Confissão, o ensinamento de santo Afonso ainda é de grande actualidade.

Além das obras de teologia, santo Afonso compôs muitíssimos outros escritos, destinados à formação religiosa do povo. O estilo é simples e agradável. Lidas e traduzidas em numerosas línguas, as obras de santo Afonso contribuíram para plasmar a espiritualidade popular dos últimos dois séculos. Algumas delas são textos que se devem ler com grande proveito ainda hoje, como As Máximas eternas, As glórias de Maria e A prática de amar Jesus Cristo; esta última obra representa a síntese do seu pensamento e a sua obra-prima. Ele insiste muito sobre a necessidade da oração, que permite abrir-se à Graça divina para cumprir quotidianamente a vontade de Deus e alcançar a santificação pessoal. No que se refere à oração, ele escreve: «Deus não nega a ninguém a graça da oração, com a qual se obtém a ajuda para vencer qualquer concupiscência e tentação. Digo, reitero e repetirei sempre, enquanto viver, que toda a nossa salvação se encontra na oração». Daqui deriva o seu famoso axioma: «Quem reza, salva-se» (Del gran mezzo della preghiera e opuscoli affini. Opere ascetiche II, Roma 1962, p. 171). A este propósito, volta-me ao pensamento a exortação do meu predecessor, o Venerável Servo de Deus João Paulo II: «As nossas comunidades cristãs devem tornar-se “escolas de oração”... Então, é preciso que a educação para a oração se torne um ponto qualificativo de toda a programação pastoral» (Carta Apostólica Novo millennio ineunte, 33.34).

Entre as formas de oração aconselhadas fervorosamente por santo Afonso sobressai a visita ao Santíssimo Sacramento ou, como diríamos hoje, a adoração, breve ou prolongada, pessoal ou comunitária, diante da Eucaristia. «Sem dúvida — escreve Afonso — entre todas as devoções, a de adorar Jesus sacramentado é a primeira depois dos sacramentos, a mais querida a Deus e a mais útil para nós... Oh, como é bom permanecer diante de um altar com fé... e apresentar-lhe as próprias necessidades, como faz um amigo a outro amigo, no qual se tem toda a confiança!» (Visitas ao Santíssimo Sacramento e à Santíssima Maria para cada dia do mês. Introdução). Com efeito, a espiritualidade afonsiana é eminentemente cristológica, centrada em Cristo e no seu Evangelho. A meditação do mistério da Encarnação e da Paixão do Senhor é frequentemente objecto da sua pregação. Com efeito, nestes acontecimentos a Redenção é oferecida «abundantemente» a todos os homens. E precisamente porque é cristológica, a piedade afonsiana é também requintadamente mariana. Devotíssimo de Maria, ele explica o seu papel na história da salvação: Sócia da Redenção e Medianeira da graça, Mãe, Advogada e Rainha. Além disso, santo Afonso afirma que a devoção a Maria nos será de grande conforto na hora da nossa morte. Ele estava persuadido de que a meditação sobre o nosso destino eterno, sobre a nossa chamada a participar para sempre nas bem-aventuranças de Deus, assim como sobre a trágica possibilidade da danação, contribui para viver com serenidade e empenhamento, e para enfrentar a realidade da morte, conservando sempre plena confiança na bondade de Deus.

Santo Afonso Maria de Ligório é um exemplo de pastor zeloso, que conquistou as almas pregando o Evangelho e administrando os Sacramentos, unido a uma maneira de agir caracterizada por uma bondade suave e mansa, que nascia da relação intensa com Deus, que é a Bondade infinita. Ele tinha uma visão realisticamente optimista dos recursos de bem que o Senhor concede a cada homem, e dava importância aos afectos e aos sentimentos do coração, mas também da mente, para poder amar a Deus e ao próximo.

Como conclusão, gostaria de recordar que o nosso santo, analogamente a são Francisco de Sales — sobre o qual já falei há algumas semanas — insiste em dizer que a santidade permanece acessível a cada cristão: «O religioso como religioso, o secular como secular, o sacerdote como sacerdote, o casado como casado, o mercador como mercador, o soldado como soldado, e assim por diante com todas as outras condições» (Prática de amar Jesus Cristo. Obras ascéticas i, Roma 1933, p. 79). Demos graças ao Senhor que, com a sua Providência, suscita santos e doutores em diferentes lugares e tempos, que falam a mesma linguagem para nos convidar a crescer na fé e a viver com amor e alegria o nosso ser cristãos, nos gestos simples de cada dia, para caminhar pela vereda da santidade, pela estrada rumo a Deus e à verdadeira alegria. Obrigado!

 Fonte: Site do Vaticano
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