terça-feira, 30 de abril de 2013

Imitação de Cristo III - Cap 7 - Como se há de ocultar a graça sob a guarda da humildade



1 - JESUS: Filho, muito útil e seguro te é encobrir a graça da devoção, sem te desvanceceres ou te preocupares muito com ela; convindo antes desprezar-te a ti mesmo e temer que não sejas digno da graça recebida. Importa não estares muito apegado a tais sentimentos, que bem depressa podem mudar-se nos contrários. Com a graça presente, pondera quão miserável e pobre és sem ela. O progresso na vida espiritual não consiste tanto em teres a graça da consolação, mas em suporta-lhe com humildade, abnegação e paciência a privação, de sorte que então não afrouxes no exercício da oração, nem deixes de todo as demais boas obras que costumas praticar. Antes faze tudo de boa vontade, como melhor puderes e entenderes, nem te descuides totalmente de ti por causa das securas e ansiedades espirituais.

2 - Muitos há que se deixam levar pela impaciência e pelo desalento, logo que as coisas não correm como desejam. Pois nem sempre está nas mãos do homem o seu caminho (Jer 10,23), mas a Deus pertence consolar e dar a graça quando quiser, e quanto quiser, a quem quiser, tudo como lhe apraz, nem mais nem menos. Perderam-se alguns imprudentes por causa da graça da devoção, porque quiseram fazer mais do que podiam, não ponderando a fraqueza das suas forças e seguindo mais o impulso do coração que os ditames da razão. E porque presumiram de si coisas bem depressa perderam a graça. Caíram maiores do que Deus havia determinado, na pobreza e no abatimento os que pretendiam pôr seu ninho no céu, para assim, humilhados e empobrecidos, aprenderem a não voar com suas próprias asas, mas a esperar à sombra das minhas. Os novos e principiantes no caminho do Senhor facilmente se podem enganar e perder, se não se aconselharem com homens experientes.

3 - Estes, se quiserem antes seguir seu próprio parecer, que confiar no conselho de pessoas experimentadas, põem em grande risco sua salvação, se continuarem aferrados à sua opinião. Os que se têm por sábios raro se deixam dirigir pelosoutros. É melhor saber e entender pouco, humildemente, que possuir tesouros de ciência e presumir de si. Melhor te é ter menos do que muito, se com o muito te vem o orgulho. Não é bastante prudente quem se entrega todo à alegria, esquecido da antiga pobreza e do casto temor de Deus que sempre receia perder a graça concedida. Nem tampouco muita virtude denota entregar-se a nímio desânimo em tempo de adversidade e por qualquer contratempo, sem pôr em mim a confiança devida.

4 - Quem se dá por muito seguro no tempo de paz, muitas vezes se revela tímido e covarde em tempo de guerra. Se te souberes conservar sempre humilde e pequeno no teu conceito, e governar com moderação teu espírito, não cairás tão depressa na tentação e no pecado. É de aconselhar, quando sentes fervor de espírito, meditar no que será de ti, retirando-se esta graça. E quando isto de fato acontecer, pensa que a luz pode voltar, que ta tirei por algum tempo, para tua cautela e minha glória.

5 - Tal provação, muitas vezes, te é mais proveitosa do que se tudo te saísse à medida de teu desejo. Pois não se devem avaliar os merecimentos do homem pelas muitas visões e consolações, nem pela perícia nas Escrituras, nem pela elevação do cargo. Mas, para conhecer o valor de cada um, considera: se está fundamentado na verdadeira humildade e vive cheio de amor de Deus; se sempre busca a honra de Deus com pura e reta intenção; se se despreza a si mesmo, nem faz caso algum de si, e se gosta mais de ser desprezado e humilhado do que estimado pelos homens.


Tomás de Kempis, Imitação de Cristo

Comentário ao Evangelho do dia (30/04) feito por São Pio de Pietrelcina



(1887-1968), capuchinho - Carta, AdFP, 549


                           «Deixo-vos a paz; dou-vos a Minha paz»

O Espírito de Deus é espírito de paz; mesmo quando cometemos os mais graves pecados, Ele faz-nos sentir uma dor tranquila, humilde e confiante, devido, precisamente, à Sua misericórdia. Ao invés, o espírito do mal excita, exaspera e faz-nos sentir, quando pecamos, uma espécie de cólera contra nós; e no entanto o nosso primeiro gesto de caridade deveria justamente ser para com nós próprios. Portanto, quando és atormentado por certos pensamentos, tal agitação não te vem nunca de Deus, mas do demónio; porque Deus, sendo espírito de paz, só pode dar-te serenidade.


Créditos: Evangelho Quotidiano

Maria Santíssima, modelo de pobreza - Por Santo Afonso Maria de Ligório



Si vis perfectus esse, vade, vende quae habes, et da pauperibus; ...et veni, sequere me - "Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobre; ...depois vem, e segue-me" (Matth. 19, 21).


Sumário. O divino Redentor, para nos ensinar a desprezar os bens do mundo, quis sempre ser pobre nesta terra. E a Santíssima Virgem seguiu-lhe o exemplo, mostrando-se a sua discípula mais perfeita, porque ela também nasceu, viveu e morreu na maior pobreza. Somos nós também amantes de tão bela virtude e dos incômodos que a acompanham?... Esforcemo-nos a todo custo por imitar a nossa querida Mãe, lembrando-nos de que o que ama as comodidades e as riquezas, nunca será santo.


I. O nosso amoroso Redentor, para nos ensinar a desprezar os bens mundanos, quis ser pobre neste mundo. Por isso Jesus exorta a todo aquele que queira segui-Lo a que venda todos os seus haveres e distribua o produto entre os pobres: Si vis perfectus esse, vade, vende quae habes, et da pauperibus... et veni, sequere me - "Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres... depois vem e segue-me". Eis como Maria, a sua discípula mais perfeita, lhe seguiu exatamente o exemplo. Afirma o bem-aventurado Canisio, que a Santíssima Virgem, com a herança de seus pais, teria podido viver muito comodamente, mas preferiu ficar pobre, reservando para si uma pequena parte, e distribuindo o mais em esmolas ao templo e aos pobres.


Querem muitos escritores que Maria tivesse feito também voto de pobreza, e sabe-se que ela mesma revelou a Santa Brígida, que desde o principio de sua vida prometera no coração nunca possuir alguma coisa no mundo: A principio vovi in corde meo, nihil umquam possidere in mundo. - Os dons que recebeu dos santos Magos não foram certamente de pouco valor, mas distribuiu-os todos aos pobres, como atesta São Bernardo. Isto se deduz também de que ela, indo ao templo, não ofereceu o cordeiro, que era a oferta das pessoas abastadas (1), mas duas rolas ou dois pombinhos (2), a oferta dos pobres. Maria mesma disse a Santa Brigida: "Tudo o que podia obter, eu dava-o aos pobres, e não reservei nada para mim, senão um tênue alimento e o vestido."


Por amor à pobreza a Virgem não duvidou desposar-se com um pobre oficial, qual foi São José, e depois sustentar-se com o trabalho de suas mãos, fiando ou cosendo, como atesta São Boaventura. Numa palavra, as riquezas do mundo foram para Maria como que lodo, e ela sempre viveu pobre e morreu pobre. Na morte não se sabe que deixasse outra coisa além de duas pobres vestes, que deu a duas mulheres que a haviam servido em vida (3).


II. Quem ama os bens do mundo, nunca se fará santo, dizia São Filipe Neri. E Santa Teresa acrescentava: É justo que quem vai atrás das coisas perdidas, também se perca. por outro lado, dizia a mesma Santa que a virtude de pobreza é um bem que encerra todos os outros bens. - Disse a virtude de pobreza, a qual, como observa São Bernardo, não consiste em ser somente pobre, mas em amar a pobreza. Pelo que Jesus Cristo disse: Beati pauperes spiritu - "Bem-aventurados os pobres de espírito" (4). Bem-aventurados, sim, porque aqueles que não querem senão a Deus, em Deus acham todos os bens, e encontram na pobreza o seu paraíso na terra.


Amemos, pois, aquele único bem em que se acham todos os bens, conforme exortava Santo Agostinho, e peçamos ao Senhor com Santo Ignácio: Meu Deus, dai-me somente o vosso amor com a vossa graça, e sou bastante rico. E quando nos aflige a pobreza, consolemo-nos com o pensamento que Jesus e sua divina Mãe foram também pobres como nós.


Ah, minha Mãe Santíssima, bem tivestes razão de dizer que em Deus estava a vossa alegria: Et exultavit spiritus meus in Deo salutari meo (5) - "E meu espírito alegrou-se em Deus meu Salvador", porque neste mundo não ambicionastes nem amastes outro bem senão Deus. Trahe me post te (6). Senhora, desapegai-me do mundo e arrastai-me atrás de vós, para amar só àquele que só merece ser amado. - E Vós, ó meu Jesus, vinde pelo vosso amor consumir em mim todos os afetos que não sejam para Vós. Fazei com que no futuro eu não atenda senão a Vós, não pense senão em Vós, não suspire senão por Vós. Fazei, numa palavra, com que imitando a virtude de vossa querida Mãe e minha grande Rainha, eu morra a todos os bens da terra e a todas as minhas inclinações, para não amar senão a vossa bondade infinita e não desejar senão a vossa graça e o vosso amor. (*I 267.)

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1 Lev. 12, 6.
2 Luc. 2, 24.
3 Apost. Metaph.
4 Matth. 5, 3.
5 Luc. 1, 47.
6 Cant. 1, 3.


(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 72 - 73.)
Créditos: Blog São Pio V

segunda-feira, 29 de abril de 2013

É preciso deixar o amor mercenário - Diálogos de Santa Catarina



Diz Deus Pai:


"Meus servos devem sair destes sentimentos de amor mercenário, a fim de se tornarem verdadeiros filhos e me servirem sem interesse pessoal. Eu recompenso qualquer labor, dou a cada um segundo seu estado e segundo seus atos. Assim, se eles não relaxarem no exercício da oração e de outras boas obras, e se forem progredindo com perseverança na virtude, chegarão a esse amor de filhos. De minha parte, eu os amarei como os pais amam a seus filhos, porque respondo sempre com igual amor, ao amor que tenham por mim. Se me amardes como um servo ama seu senhor, eu vos amarei como senhor, pagando-vos o devido, segundo vosso mérito; porém não me manifestarei a vós. Os segredos íntimos são reservados para os amigos, com quem formamos um só. Não se faz esta união com um servo...


Mas, se meus servos se envergonharem de suas imperfeições, se se decidirem a amar a virtude, se se empenharem com toda força em arrancar deles a raiz do amor próprio espiritual, se do alto do tribunal de sua consciência e usando a razão, eles não aceitarem em seu coração qualquer movimento de amor servil e de amor mercenário sem antes reformá-los pela luz da santíssima Fé, eu te digo que, agindo assim, eles me serão tão agradáveis que terão acesso a um coração amigo. Eu mesmo me manifestarei a eles, exatamente como proclamou minha Verdade quando disse: "Quem me ama, será amado por meu Pai e eu o amarei e me manifestarei a ele" (Jo 14,21)"


Diálogos de Santa Catarina de Sena, Cap. 60. 

Créditos: GRAA

O caminho da Humildade - Por Santa Catarina de Sena



Saudação e objetivo

Em nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, meu caríssimo filho, no doce Cristo Jesus, eu, Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, vos escrevo no seu precioso sangue, desejosa de vos ver alicerçado na verdadeira e perfeita humildade.
Iluminação divina e humildade


Quem é humilde também é paciente no suportar dificuldades por amor à verdade, pois a humildade alimenta e sustenta a caridade. Quem possui a chama da caridade nunca é negligente, mas sempre solícito, porque a caridade não é preguiçosa, sempre trabalha.


Todavia, sem uma iluminação divina, ninguém possui a caridade e a humildade, que afastam o orgulho. Se o olho tem um objeto que possa ver, mesmo que esteja sadio e haja luz, se ele não estiver aberto, nada verá. O olho da nossa alma é a inteligência, e a sua iluminação vem da fé, se tal olho não estiver velado pelo pano do amor-próprio ou egoísmo. Quando o egoísmo é afastado, a nossa inteligência torna-se limpa e conhece.


Desperta a afeição da alma, que começa a amar o seu benfeitor. Impulsionado pelo amor, o pensamento se abre e contempla o objecto, que é Cristo crucificado. A alma compreende, sobretudo no precioso sangue, o abismo do seu infinito amor.


A humildade é a cela do auto-conhecimento

Onde a inteligência (iluminada pela fé) encontra Cristo crucificado? Na cela do coração, na qual a alma vê a própria miséria, os próprios defeitos, o próprio nada. Mas, ao mesmo tempo, conhece a bondade de Deus. Se a alma ficasse somente a conhecer-se a si mesma, o seu conhecimento de Deus não seria verdadeiro; nem a pessoa colheria os frutos que resultam do conhecimento de si. Ela mais perderia do que ganharia, uma vez que retiraria do conhecimento de si apenas tédio e confusão. Cairia na aridez (espiritual). E se continuasse assim, sem a devida cura, terminaria no desespero. Por outro lado, se a alma apenas conhecesse a Deus e não também a si mesma, colheria como fruto apodrecido uma grande confusão (intelectual), que alimenta a soberba.


Aliás, uma coisa nutre a outra. É preciso, portanto, que o conhecimento iluminado da alma chegue a um grau completo, tanto do conhecimento de Deus como de si mesma.


Desse modo a alma evita a presunção e o desespero, e colhe na cela do coração o fruto da vida, a partir do conhecimento de si e do desprezo do pecado e da perversa lei (da sensualidade), sempre disposta a lutar contra o espírito (Rm 7,23). Tal desprezo gera a paciência, que é o cerne da caridade. No conhecimento de Deus (presente) em si, a alma atinge o abismo do amor por Deus e pelo próximo. Na luz da fé compreende que o amor que tem por Deus não pode ser útil ao Criador. Por isso, imediatamente, a alma começa a ser útil ao próximo, por amor a Deus. Ama a criatura por compreender que Deus a ama sumamente. É condição do amor que alguém ame tudo o que a pessoa amada ama.


Conselhos materiais de Catarina. Conclusão

Filho caríssimo, com a iluminação divina, recebemos a humildade e a caridade. Graças ao esforçado empenho, dado pela chama da caridade, destruiremos toda a negligência; ao mesmo tempo, a água da humildade lavará a nossa soberba. Ficamos sedentos da glória divina e zelosos pela salvação das almas, mediante a cruz do Cordeiro imaculado e humilde. Outro caminho não existe! Foi ao considerar que temos de caminhar por tal caminho da humildade, que eu disse acima estar desejosa de vos ver alicerçado na verdadeira e perfeita humildade. Quero que vivais dessa maneira, sem medo e sem confusão na mente. Mas, sobretudo, quero que recomeceis a viver com fé viva, esperança firme, obediência pronta. Quero que reabasteçais e alimenteis a vossa alma.


Que ela não resseque pela confusão e cansaço da mente. Pelo contrário, com muito empenho, esforçai-vos por despertar do sono da negligência, imitando as virtudes que vedes nos vossos irmãos e conservando-as no vosso coração. Amai a verdade! Que ela esteja sempre nos vossos lábios. Quando oportuno, difundi-a aos outros, sobretudo entre as pessoas que amais. Mas fazei-o com delicadeza, assumindo os defeitos alheios. Se não fizestes isso no passado, com a necessária cautela, corrigi-o no futuro. Quero que não vos aflijais, nem vos preocupeis comigo. Dia após dia, deixemos passar as ondas deste tempestuoso mar, na humildade, caridade fraterna e paciência.


Nada mais acrescento. Permanecei no santo e doce amor de Deus. Jesus doce, Jesus amor.»



Santa Catarina de Sena, carta 51

Créditos: Católicos Tradicionais/ O Segredo do Rosário

Comentário ao Evangelho do dia (29/04) feito por Cardeal Joseph Ratzinger





(Bento XVI, Papa de 2005 a 2013)
Der Gott Jesu Christi

                                  «O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai
                                                 enviará em Meu nome»


Diferentemente das palavras «Pai» e «Filho», o nome do Espírito Santo, a terceira pessoa divina, não é a expressão de uma especificidade; designa pelo contrário, o que é comum a Deus. Ora é justamente aí que aparece o que é «próprio» à terceira pessoa; Ela é «o que é comum», a unidade do Pai e do Filho, a Unidade em pessoa. O Pai e o Filho são um na medida em que vão para além de Si próprios; são um nessa terceira pessoa, na fecundidade do dom. Tais afirmações não poderão nunca ser mais do que aproximações; não podemos reconhecer o Espírito a não ser através dos Seus efeitos. Consequentemente, a Escritura nunca descreve o Espírito em Si mesmo; só fala da maneira como Ele vem ao homem e como Se diferencia dos outros espíritos. [...]

Judas Tadeu pergunta: «Senhor, porque é que Te manifestas a nós e não ao mundo?» A resposta de Jesus parece passar ao lado desta pergunta: «Se alguém Me ama, viverá segundo a Minha palavra, Nós viremos a ele e faremos nele a Nossa morada». Na verdade é a resposta exacta à pergunta do discípulo e à nossa pergunta sobre o Espírito. Não se pode expor o Espirito de Deus como uma mercadoria. Só O pode ver aquele que O traz em si. Ver e vir, ver e permanecer, andam aqui juntos e são indissociáveis. O Espírito Santo permanece na palavra de Jesus e não se obtém a Palavra com discursos, mas através da constância, através da vida.


Créditos: Evangelho Quotidiano

Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem - Capítulo Oitavo



PRÁTICAS PARTICULARES DESTA DEVOÇÃO

Artigo Primeiro

Práticas exteriores
226. Embora o essencial desta Devoção consista no interior,
não deixa de compreender várias práticas exteriores, que
não se devem negligenciar. “É preciso fazer estas coisas, mas
sem omitir aquelas” (Mt 23, 23). A razão disto esclarece-se,
quer porque as práticas exteriores bem feitas ajudam as interiores,
quer porque lembram ao homem, que sempre se guia
pelos sentidos, o que está fazendo ou o que deve fazer. Também
podem edificar os que as vêem, o que não sucede com as
puramente interiores. Portanto, que nenhum mundano critique,
nem aqui meta o nariz, para dizer que a Verdadeira Devoção
reside no coração, que é preciso evitar as exterioridades,
que pode haver nisso vaidade, que é preciso ocultar a devoção,
etc. Respondo-lhes com o meu Mestre: “Que os homens
vejam as vossas obras boas, e glorifiquem o vosso Pai que
está nos céus” (Mt 5, 16). Não que se devem fazer as ações e
devoções exteriores, como diz São Gregório, para agradar aos
homens e tirar daí algum motivo de louvor, pois isso seria
vaidade. Mas por vezes fazem-se diante dos homens com o
fim de agradar a Deus e de, por este meio, o fazer glorificar,
sem a preocupação do desprezo ou louvor dos homens. Mencionarei
apenas, em resumo, algumas práticas exteriores, a
que chamo exteriores não porque sejam feitas sem o interior,
mas porque têm qualquer coisa de exterior, que as distingue
das que são puramente interiores.

domingo, 28 de abril de 2013

Comentário ao Evangelho do dia (28/04) feito por Santo Agostinho



(354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Tratado 65 sobre o Evangelho segundo São João, 1-2

«Que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei»


«Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros.» [...] Na verdade, este mandamento renova o homem que o ouve, ou melhor, que lhe obedece; não se trata, porém, do amor puramente humano, mas daquele que o Senhor quis distinguir, acrescentando: «como Eu vos amei», [...] «para os membros terem a mesma solicitude uns para com os outros. Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria» (1Cor 12,25-26). Porque eles ouvem e observam a palavra do Senhor: «Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros.» Não como se amam os que vivem na corrupção da carne; nem como se amam os seres humanos apenas como seres humanos; mas como se amam aqueles que são «deuses» (Jo 10,35) e «filhos do Altíssimo» (Lc 6,35). Deste modo se tornam irmãos do Filho Unigénito de Deus, amando-se uns aos outros com aquele amor com que Ele os amou, e por Ele serão reconduzidos à plenitude final, onde os seus desejos serão completamente saciados de bens. Então nada faltará à sua felicidade, quando Deus for «tudo em todos» (1Cor 15,28). [...]


Aquele que ama o seu semelhante com espiritual e puro amor, não amará nele senão a Deus? É para distinguir este amor da afeição puramente natural que o Senhor acrescenta: «como Eu vos amei», pois quem amou Ele em nós a não ser o próprio Pai? Não o Pai tal como já O possuímos, mas tal como Ele pretende que O possuamos quando Deus for «tudo em todos». O médico ama os seus doentes não por causa da doença, mas por causa da saúde que quer restituir-lhes: «que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei». Foi para isto que Ele nos amou, para que nos amássemos uns aos outros.


Créditos: Evangelho Quotidiano

A Sabedoria da Cruz está acima de qualquer outra - São Luís Maria de Montfort



Amigos da Cruz, que estudais um Deus crucificado, o mistério da cruz é um mistério desconhecido dos Gentíos, repelido pelos Judeus e desprezado pelos hereges e pelos maus católicos; é, porém, o grande mistério que deveis aprender praticamente, na escola de Jesus Cristo, e que somente em sua escola podeis aprender. Procurareis em vão, em todas as academias da antiguidade, um filósofo que vô-lo haja ensinado; consultareis em vão a luz dos sentidos e da razão; não há senão Jesus Cristo que, por sua graça vitoriosa, vos possa ensinar e fazer saborear este mistério.

Tornai-vos hábeis, pois, nesta ciência supereminente, sob a direção de tão grande mestre, e tereis todas as outras ciências, pois ela as contém a todas soberanamente. É ela a nossa filosofia natural e sobrenatural, nossa teologia divina e misteriosa, e nossa pedra filosofal, que muda, pela paciência, os metais mais grosseiros em metais preciosos, as dores mais agudas em delícias, as pobrezas em riquezas, as humilhações mais profundas em glórias. Aquele dentre vós que melhor sabe levar a sua cruz, mesmo que não conheça o A nem o B, é o mais sábio de todos.

Escutai o grande São Paulo, que ao voltar do terceiro céu, onde conheceu mistérios ocultos aos próprios Anjos, exclamava não saber e não querer saber senão Jesus Cristo crucificado. Regozijai-vos, pobre idiota, ou pobre mulher sem espírito e sem ciência: se souberdes sofrer alegremente, sabereis mais que um doutor da Sorbonne que não soube sofrer tão bem quanto vós...


 São Luís Maria Grignion de Montfort, Carta aos Amigos da Cruz

Créditos: GRAA/ O Segredo do Rosário

Os dois partidos (São Luiz de Montfort)




“Tendes aí, meus queridos associados, tendes aí os dois partidos que se apresentam a vós todos os dias: o partido de Jesus Cristo e o partido do mundo. À vossa direita tendes o partido do nosso amável Salvador. Este, avança por uma estrada bem mais estreita e dificultosa devido à corrupção do mundo. À testa da fila vai o divino Mestre, de pés nus, com a cabeça coroada de espinhos, como o corpo coberto de sangue e carregando pesadíssima Cruz. Só um punhado de pessoas O seguem, e essas, são, efetivamente, corajosas.


Quanto às restantes, ou a sua voz não chega até elas devido aos tumultos do mundo, ou então não se tem coragem de Segui-lo na pobreza, na dor, na humilhação e nas outras cruzes que todos os dias da vida é obrigatoriamente necessário carregar com Ele. À vossa esquerda tendes o partido do demônio. À primeira vista este é mais numeroso, mais esplêndido e atraente do que o outro. A elite dos indivíduos corre atrás dele, acotovelando-se, apesar dos seus serem caminhos largos e espaçosos devido às multidões que por lá passam como torrentes: é uma estrada toda coberta de flores, rodeada de diversões e prazeres, coberta de ouro de prata. À direita, o “pequeno rebanho” que segue Jesus Cristo fala só de lágrimas, de penitência, de oração e de desprezo do mundo. (Carta aos amigos da Cruz. São Luis de Montfort. Cleófas, 2007, p. 24-25)


 “Os mundanos, pelo contrário, para se encorajarem a perseverar nas suas maldades sem escrúpulos, todos os dias gritam os seus slogans: “A vida! A vida! Vivamos a vida” Paz! Alegria! Comamos, cantemos, dancemos, divirtamos-nos ! Deus é Pai de misericórdia e não nos criou para depois nos condenar; Deus não nos proíbe o divertimento; por isso não seremos condenados; nada de escrúpulos, portanto! Não, não morrereis!” (Carta aos amigos da Cruz. São Luis de Montfort. Cleófas, 2007, p. 27)

“Na realidade, toda perfeição cristã consiste nisso:


a) na firme vontade de tornar-se santo: “se alguém quiser vir após Mim...”
b) na conversão: “renegue-se a si mesmo...”
c) na mortificação: “tome a sua cruz...”
d) na ação: “e siga-Me”
(Carta aos amigos da Cruz. São Luis de Montfort. Cleófas, 2007, p.31)


“O mistério da Cruz é desconhecido pelos Gentios, é repelido pelos Hebreus e desprezado pelos maus católicos” (Carta aos amigos da Cruz. São Luis de Montfort. Cleófas, 2007, p. 43)


“Aquele que entre vós, que melhor souber carregar a sua própria cruz, ainda que não saiba mais que o A e o B, é sem dúvida, o mais sábio de todos. Escutai o grande apóstolo Paulo. Após a sua experiência mística em que pôde conhecer de perto mistérios desconhecidos pelos próprios anjos, exclamou que não queria saber ou conhecer mais nada fora de Jesus Cristo, e este crucificado.
Alegra-te, pois, tu, pobre homem inculto ou tu, mulher, também sem qualquer preparação ou cultura, Se souberdes carregar a cruz com alegria, sabereis mais do qualquer professor da Sorbonne que não saiba sofrer assim, como vós.” (Carta aos amigos da Cruz. São Luis de Montfort. Cleófas, 2007, p.44)


“Que grande honra serdes membros de Jesus Cristo! Uma honra, porém, que exige também a nossa participação no carregamento da cruz. Se a cabeça é coroada de espinho, será que os membros quereriam coroar-se de rosas? Se a cabeça está escarrada e coberta de lama a caminho do Calvário será que os membros deveriam cobrir-se de perfumes num trono real?” (Carta aos amigos da Cruz. São Luis de Montfort. Cleófas, 2007, p. 45)


“Quantos cristãos há, verdadeiramente ingênuos” Julgam-se membros do Salvador e, pelo contrário, são os seus maiores traidores porque, enquanto fazem com a mão o sinal da cruz, mas no coração são inimigos.” (Carta aos amigos da Cruz. São Luis de Montfort. Cleófas, 2007, p. 45)


“Vós sois os templos do Espírito Santo. Já o sabeis. E sabeis também que, como “pedras vivas” devereis ser usados por este Deus de amor para a construção de Jerusalém celeste. Disponde-vos, pois, a ser talhados, cortados e cinzelados pelo martelo da cruz; caso contrário permaneceríeis pedras toscas que não são utilizadas para nada, que são rejeitadas e repelidas para longe.” (Carta aos amigos da Cruz. São Luis de Montfort. Cleófas, 2007, p. 46)


“Se, pelo contrário, não aceitardes sofrer com paciência e carregar a cruz com resignação, como os predestinados, tereis que carregá-la com murmurações e impaciência, como sucede com os condenados.” (Carta aos amigos da Cruz. São Luis de Montfort. Cleófas, 2007, p. 49-50)


“Quer se queira quer não, predestinados ou réprobos, todos deverão carregar a própria cruz de bom grado ou de má vontade. Tende presente os quatro versos seguintes:


Escolhe uma das cruzes que vês no Calvário. Escolhe bem, escolhe sabiamente, já que sofrer como um santo, ou Como um penitente, é necessário. Ou então terás que sofrer como um réprobo, sempre descontente. E isto quer dizer que, se não quiserdes sofrer com alegria como Jesus Cristo, ou com paciência como o bom ladrão; devereis sofrer forçosamente como mau ladrão; devereis beber até ao fundo do cálice mais amargo, sem receberdes qualquer consolação da graça, e devereis carregar todo o peso da cruz, sem o auxílio poderoso de Jesus Cristo. Mais ainda, devereis até mesmo carregar o peso que o demônio, inevitavelmente, se encarregará de acrescentar à vossa cruz, devido à impaciência em que vos lançará, de tal forma que, depois de terdes sido infelizes na terra, como o mau ladrão, tereis ainda que ir juntar-vos a ele nas chamas. (Carta aos amigos da Cruz. São Luis de Montfort. Cleófas, 2007, p. 51)


Créditos: Católicos Tradicionais/ O Segredo do Rosário

Comentário ao Evangelho do dia (27/04) feito por Santo Ireneu de Lyon



(c. 130-c. 208), bispo, teólogo, mártir
Contra as heresias 4,20,4-5; SC 100




                                                  «Quem Me vê, vê o Pai»


«Felizes os puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5,8). Claro que, tendo em consideração a Sua grandeza e a Sua glória inexprimível, «nenhum homem pode ver Deus e viver» (Ex 33,20), porque o Pai é inatingível. Mas, tendo em consideração o Seu amor, a Sua bondade para com os homens e a Sua omnipotência, Ele vai ao ponto de dar aos que O amam o privilégio de ver a Deus [...], pois «o que é impossível aos homens é possível a Deus» (Lc 18,27). Por si próprio, com efeito, o homem não verá Deus; mas Deus, se assim o quiser, será visto pelos homens, por aqueles que Ele quiser, quando quiser e como quiser, pois Deus tudo pode. Foi visto outrora graças ao Espírito, segundo a profecia, depois foi visto graças ao Filho, segundo a adopção, e será visto no Reino dos Céus, segundo a paternidade. Pois o Espírito prepara o homem para o Filho de Deus, o Filho condu-lo ao Pai, e o Pai dá-lhe uma natureza imperecível e a vida eterna que resultam dessa visão de Deus para todo aquele que O vê.


Pois os que vêem a luz estão na luz e participam no seu esplendor; assim, aqueles que vêem a Deus estão em Deus e participam do Seu esplendor. E o esplendor de Deus dá vida: portanto, aqueles que vêem a Deus participam na Sua vida.



Créditos: Evangelho Quotidiano

sábado, 27 de abril de 2013

Santa Teresinha do Menino Jesus e o desejo de realizar todas as obras pelo Amado



Ser tua esposa, ó Jesus, ser carmelita, ser mãe das almas pela união contigo, deveria ser bastante para mim... Mas, assim não acontece... Sem dúvida, as três prerrogativas constituem exatamente minha vocação: Carmelita, Esposa, e Mãe. Contudo, sinto em mim outras vocações. Sinto em mim a vocação de GUERREIRO, de SACERDOTE, de APÓSTOLO, de DOUTOR, e de MÁRTIR. Sinto, afinal, a necessidade, o desejo de realizar por ti, Jesus, todas as obras, as mais heroicas... Sinto na alma a coragem de um Cruzado, de Zuavo Pontifício. Desejaria morrer no campo de batalha pela defesa da Igreja...

Sinto em mim a vocação de SACERDOTE. Com que amor, ó meu Jesus, não te carregaria nas mãos, quando à minha voz descesses do Céu... Com que amor te não daria às almas... Mas, que fazer? Com todo o desejo de ser sacerdote, admiro e invejo a humildade de São Francisco de Assis, e sinto a vocação de imitá-lo, quando recusou a sublime dignidade do sacerdócio.

Ó Jesus! meu amor, minha vida, como conciliar tais contrastes? Como tornar realidade os desejos de minha pobre alminha?...

Oh! apesar de minha pequenez, quisera esclarecer as almas, como os Profetas, os Doutores. Tenho vocação de ser Apóstola.. Quisera percorrer a terra, apregoar teu nome, e implantar em terra de infiéis tua gloriosa Cruz. Mas, ó meu Bem-Amado, uma única missão não me seria bastante. Quisera anunciar, ao mesmo tempo, o Evangelho pelas cinco partes do mundo até as ilhas mais remotas... Quisera ser missionária não só por alguns anos, mas quisera sê-lo desde a criação do mundo,e sê-lo até a consumação dos séculos... Mas, acima, de tudo, quisera, ó meu amado Salvador, por tu quisera derramar meu sangue até a última gota...


Santa Teresinha do Menino Jesus, História de uma alma

sexta-feira, 26 de abril de 2013

As Revelações Celestiais de Santa Brígida da Suécia, Livro 1, Capítulo VII



Capítulo 7: Palavras da gloriosa Virgem à sua filha, sobre a forma de vestir e o tipo de roupas e enfeites com os quais a filha deve adornar-se e vesti-se.


Eu sou Maria, que deu à luz o Filho de Deus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Sou a Rainha dos anjos. Meu Filho te ama com todo o coração. Ama-O! Deves adornar-te com roupas muito honestas e eu te mostrarei como e que tipo de roupas devem ser. Como antes, tinhas uma anágua, uma túnica, sapatos, uma capa e um broche sobre seu peito, agora hás de cobrir-te com roupas espirituais. A anágua é a contrição. Como a anágua se veste junto ao corpo, assim a contrição e a conversão são o primeiro passo de volta a Deus. Através delas, a mente, que em um momento encontrou gozo no pecado, se purifica e a carne impura se mantém sob controle.

Os dois sapatos são duas disposições, na verdade a intenção de retificar as transgressões passadas e a intenção de fazer o bem e manter-se longe do mal. Tua túnica é a esperança em Deus. Como a túnica tem duas mangas, há de haver justiça e misericórdia em tua esperança. Desta forma esperarás na misericórdia de Deus porque não esquecerás sua justiça. Pensa em sua justiça e em seu juízo, de forma que não esqueças sua misericórdia, porque Ele não usa a justiça sem misericórdia nem a misericórdia sem justiça. A capa é a fé. Do mesmo modo que a capa cobre tudo e tudo está contido nela, a natureza humana pode igualmente abarcar tudo e conseguir tudo mediante a fé.

Esta capa deve ser enfeitada com as insígnias do amor de teu Esposo, ou seja, da forma como te criou, da forma que te alimentou, te atraiu para seu Espírito e abriu teus olhos espirituais. O broche é a consideração de sua paixão. Fixa firmemente em teu peito o pensamento de como Ele foi fraudado e mortificado, como se manteve vivo na cruz, ensangüentado e perfurado em todas as suas fibras, como em sua morte seu corpo inteiro se convulsionou pela dor aguda da paixão, como entregou seu Espírito nas mãos do Pai. Que este broche permaneça sempre em teu peito! Sobre tua cabeça, coloque-se uma coroa, ou seja, a castidade em teus afetos, que prefiras resistir aos açoites antes de tornar a manchar-te. Sê modesta e digna. Não penses nem desejes nada mais que o teu Criador. Quando tens a Ele, tens tudo. Adornada desta forma, deves esperar o teu Esposo.


Revelações Celestiais de Santa Brígida da Suécia

Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem - Capítulo Sétimo



MARAVILHOSOS EFEITOS DESTA
DEVOÇÃO EM UMA ALMA QUE LHE É FIEL


Meu querido irmão, convence-te de que, se fores fiel
às práticas interiores e exteriores desta Devoção, que te indicarei
adiante, participarás dos frutos maravilhosos que ela
produz na alma fiel. Ei-los:

Artigo Primeiro

Conhecimento e desprezo de si mesmo

213. Conhecerás, pela luz que o Espírito Santo te dará por
intermédio de Maria, sua querida esposa, o teu fundo mau, a tua
corrupção e incapacidade para todo bem. E em conseqüência
desse conhecimento, desprezar-te-ás e sentirás horror ao pensar
em ti. Considerar-te-ás como um caracol, que tudo estraga com
a sua baba, ou como um sapo, que tudo envenena com a sua
peçonha, ou como uma serpente maliciosa, que só procura enganar.
Finalmente, a humilde Maria te comunicará a sua profunda
humildade e fará com que te desprezes a ti mesmo, mas não
aos outros, e gostes de ser desprezado (Imitação de Cristo, L. I,
cap. 2).

Imitação de Cristo III - Cap 6 - Da prova do verdadeiro amor



1 - JESUS: Filho, não és ainda forte nem prudente no amor. A ALMA: Por que, Senhor? JESUS: Porque por qualquer contrariedade deixas o começado e com ânsia excessiva procuras a consolação. O homem forte no amor permanece firme nas tentações e não dá crédito às astuciosas sugestões do inimigo. Assim como lhe agrado na prosperidade, não lhe desagrado nas tribulações.

2 - Quem ama discretamente não considera tanto a dádiva de quem ama, como o amor de quem dá. Atende mais à intenção que ao valor do dom, e a todas as dádivas estima menos que o Amado. Quem ama nobremente não repousa no dom, mas em mim acima de todos os dons. Nem tudo está perdido, se sentires, às vezes, menos devoção, a mim ou meus santos, do que desejaras. Aquele sentimento terno e doce que experimentas, às vezes, é efeito da graça presente, um como que antegosto da pátria celestial; nele não te deves firmar muito, porquanto vai e vem. Mas pelejar contra os maus movimentos do coração e desprezar as sugestões do demônio é sinal de virtude e grande merecimento.

3 - Não te perturbem, pois, estranhas imaginações, oriundas de matéria qualquer. Guarda firme teu propósito, e tua reta intenção fixa em Deus. Não é ilusão o seres, alguma vez, subitamente arrebatado em êxtase, e logo depois caíres de novo nos costumados desvarios do coração. Porque mais os padeces contra a vontade do que és causa deles, e enquanto te desagradarem e os repelires, serão para ti ocasião de merecimento e não de perdição.

4 - Fica sabendo que o antigo inimigo de todos os modos se esforça por impedir-te os bons desejos e apartar-te de todos os exercícios devotos, nomeadamente da veneração dos santos, da devota memória de minha paixão, da salutar lembrança dos pecados, da vigilância sobre o próprio coração e do firme propósito de aproveitar na virtude. Sugere-te muitos maus pensamentos para te causar tédio e horror e arredar-te da oração e leitura espiritual. Desagrada-lhe muito a confissão humilde e, se pudesse, far-te-ia abandonar a comunhão. Não lhes dês crédito, nem faças caso dele, posto que muitas vezes de arme laços e enganos. Leva à sua conta os pensamentos maus e desonestos que te sugere. Dize-lhe: Retira-te, espírito imundo, desgraçado, sem-vergonha; muito perverso deves ser para me insinuares tais coisas! Vai-te daqui, malvado sedutor, não terás em mim parte alguma, que Jesus estará comigo, qual guerreiro invencível, e tu ficarás confundido. Antes quero morrer e sofrer todos os tormentos, que te fazer a vontade; cala-te e emudece; não te escutarei, por mais que me molestes. O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei. Levante-se embora contra mim um exército, não temerá meu coração. O Senhor é meu socorro e meu Salvador (Sl 26, 1.6; 18,17).

5 - Peleja como bom soldado e, se alguma vez caíres por fraqueza, torna a cobrar maiores forças que as anteriores, tendo certeza que receberás mais copiosa graça; acautela-te, porém, muito contra a vã complacência e a soberba. Por falta desta vigilância andam muitos enganados e caem, às vezes, em cegueira incurável. A ruína destes soberbos, que loucamente presumem de si próprios, sirva-te de cautela e te conserve na virtude da humildade.


Tomás de Kempis, Imitação de Cristo

Comentário ao Evangelho do dia (26/04) feito por São Tomás de Aquino



(1225-1274) - Teólogo dominicano, Doutor da Igreja
Comentário ao Evangelho de João, 14,2 (trad. Breviário 9ª sem.)


                       «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida»


Cristo é ao mesmo tempo o caminho e o termo. É o caminho segundo a Sua humanidade; é o termo segundo a Sua divindade. Neste sentido, enquanto homem, diz: «Eu sou o caminho»; enquanto Deus, acrescenta: «a verdade e a vida». Estas duas palavras indicam com toda a propriedade o termo deste caminho. Na verdade, o termo deste caminho é a aspiração do desejo humano. [...] Ele é o caminho para chegar ao conhecimento da verdade, ou melhor, Ele próprio é a verdade: «Ensinai-me, Senhor, o Vosso caminho, para que eu siga a Vossa verdade» (Sl 85, 11). Ele é também o caminho para chegar à vida, ou melhor, Ele próprio é a vida: «Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida» (Sl 15, 11). [...]

Se, portanto, procuras por onde passar, segue a Cristo, porque Ele é o caminho. «Este é o caminho; andai por ele» (Is 30, 21). E Santo Agostinho diz: «Caminha através do homem e chegarás a Deus. É melhor andar pelo caminho, mesmo a coxear, que andar rapidamente, mas fora do caminho. Porque aquele que vai coxeando pelo caminho, ainda que avance pouco, aproxima-se do termo; mas aquele que anda fora do caminho, quanto mais corre, tanto mais se afasta do termo.»

Se perguntas para onde hás-de ir, procura a Cristo, porque Ele é a verdade, à qual desejamos chegar. «A minha boca proclama a verdade» (Pr 8, 7). Se procuras onde permanecer, une-te a Cristo, porque Ele é a vida: «Quem me encontrar, encontrará a vida» (Pr 8, 35).


Créditos: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Imitação de Cristo III - Cap 5 - Dos admiráveis efeitos do amor divino


1 - A ALMA: Bendigo-vos, Pai celestial, Pai de meu Senhor Jesus Cristo, por vos terdes dignado lembrar-vos de mim, pobre criatura. Ó Pai de misericórdia e Deus de toda consolação! (2Cor 1,3), graças vos dou porque, apesar de minha indignidade, me recreais às vezes com vossa consolação. Sede para sempre bendito e glorificado, com vosso Filho unigênito e o Espírito Santo consolador, por todos os séculos. Ah! Senhor Deus, santo amigo de minha alma, tanto que entrais em meu coração, exulta de alegria o meu interior. Vós sois a minha glória e o júbilo de meu coração; vós sois a minha esperança e meu refúgio no dia da tribulação.

2 - Mas, como ainda sou fraco no amor e imperfeito na virtude, necessito ser consolado e confortado por vós; por isso visitai-me mais vezes e instruí-me com santas doutrinas. Livrai-me das más paixões e curai meu coração de todos os afetos desordenados, para que eu, sanado e purificado interiormente, seja apto para amar, forte para sofrer e constante para perseverar.

3 - JESUS: Grande coisa é o amor! E um bem verdadeiramente inestimável que por si só torna suave o que é difícil e suporta sereno toda a adversidade. Porque leva a carga sem lhe sentir o peso e torna o amargo doce e saboroso. O amor de Jesus é generoso, inspira grandes ações e nos excita sempre à mais alta perfeição. O amor tende sempre para as alturas e não se deixa prender pelas coisas inferiores. O amor deseja ser livre e isento de todo apego mundano, para não ser impedido no seu afeto íntimo nem se embaraçar com algum incômodo. Nada mais doce do que o amor, nada mais forte, nada mais delicioso, nada mais perfeito ou melhor no céu e na terra; porque o amor procede de Deus, e em Deus só pode descansar, acima de todas as criaturas.

4 - Quem ama, voa, corre, vive alegre, é livre e sem embaraço. Dá tudo por tudo e possui tudo em todas as coisas, porque sobre todas as coisas descansa no Sumo Bem, do qual dimanam e procedem todos os bens. Não olha para as dádivas, mas eleva-se acima de todos os bens até Àquele que os concede. O amor muitas vezes não conhece limites, mas seu ardor excede a toda medida. O amor não sente peso, não faz caso das fadigas e quer empreender mais do que pode; não se escusa com a impossibilidade, pois tudo lhe parece lícito e possível. Por isso de tudo é capaz e realiza obras, enquanto o que não ama desfalece e cai.

5 - O amor vigia sempre, e até no sono não dorme. Nenhuma fadiga o cansam nenhuma angústia o aflige, nenhum temor o assusta, mas qual viva chama a ardente labareda irrompe para o alto e passa avante. Só quem ama compreende o que é amar. Bem alto soa aos ouvidos de Deus o afeto da alma que diz: Meu Deus, meu amor! Vós sois todo meu, e eu todo vosso!

6 - A ALMA: Dilatai-me o amor, para que possa, no âmago do coração, saborear quão doce é amar, no amor desmancharme e nadar. Prenda-me o amor, e eleve-me acima de mim, num transporte de fervor excessivo. Cante eu o cântico do amor, siga-vos ao alto, ó meu Amado, desfaleça minha alma no nosso louvor, no júbilo do amor. Amar-vos quero mais que a mim, e a mim só por amor de vós, e em vós a todos que deveras vos amam, conforme ordena a lei do amor que de vós dimana.

7 - O amor é pronto, sincero, piedoso, alegre e amável; forte, sofredor, fiel, prudente, longânime, viril e nunca busca a si mesmo. Pois, logo que alguém procura a si mesmo, perde o amor. O amor é circunspecto, humilde e reto; não é frouxo, não é leviano, nem cuida de coisas vãs; é sóbrio, casto, constante, quieto, recatado em todos os seus sentidos. O amor é submisso e obediente aos superiores, mas aos próprios olhos é vil e desprezível; devoto e agradecido para com Deus, confia e espera sempre nele, ainda quando está desconsolado, porque no amor não se vive sem dor.

8 - Quem não está disposto a sofrer tudo e fazer a vontade do Amado não é digno de ser chamado amante. Àquele que ama cumpre abraçar por seu Amado, de boa vontade, tudo o que for duro e amargo e dele não se apartar por nenhuma contrariedade.


Tomás de Kempis, Imitação de Cristo

Santa Teresinha do Menino Jesus: "O que me atrai, é unicamente o amor..."



Já não desejo tampouco, nem o sofrimento, nem a morte. No entanto, amo ambas as coisas. O que, porém, me atrai, é unicamente o amor... Almejei-os por muito tempo. Estive em posse do sofrimento, e acreditei que já abordava às praias do Céu. Acreditei que a florzinha seria colhida em sua primavera... Agora, o que me guia é só o abandono, já não tenho outra bússola!... Já não sei pedir nada com ardor, a não ser o perfeito cumprimento da vontade do Bom Deus no tocante à minha alma, sem que as criaturas consigam por-lhe obstáculos. Posso repetir as palavras do Cântico Espiritual de Nosso Pai São João da Cruz: "Bebi na adega íntima do meu Bem-Amado, e quando dela saí, já não conhecia nada por todo aquele prado, e larguei o rebanho que antes acompanhava... De alma me consagrei ao seu serviço, com todos os meus recursos. E já não guardo a grei, mas tenho outro mister, pois que só AMAR já é o meu viver!..." - Ou ainda: "Desde que fiz a experiência, o AMOR é tão potente em obras, que de tudo sabe tirar proveito, tanto do bem como do mal que se encontra em mim, e transformar minha alma NELE próprio".


Santa Teresinha do Menino Jesus, História de Uma Alma

As Revelações Celestiais de Santa Brígida da Suécia, Livro 1, Capítulo VI



Capítulo 6: Palavras de Cristo à sua esposa sobre como seu Espírito não pode morar nos malvados; sobre a separação dos bons e perversos e o envio dos bons, armados com armas espirituais, à guerra contra o mundo.

Meus inimigos são como os mais selvagens animais, que nunca podem estar satisfeitos nem permanecer em calma. Seu coração está tão vazio de meu amor que o pensamento da minha paixão nunca os penetra. Nem sequer uma vez, desde o mais íntimo de seu coração, tem saído uma palavra como esta: ”Senhor, tu nos redimistes, louvado sejas por tua amarga paixão!” Como pode viver o meu Espírito em pessoas que não sentem o divino amor por mim, pessoas que estão desejando trair a outros para conseguir seu próprio benefício?

Seu coração está cheio de vermes vis, ou seja, cheio de paixões mundanas. O demônio deixou seus excrementos em suas bocas e por isso não têm gosto pelas minhas palavras. Por isso, com meu serrote os cortarei para apartá-los de meus amigos. Não há forma pior de morrer do que sob a serra. Igualmente não haverá castigo que eles não compartilhem: serão serrados em dois pelo demônio e separados de mim. Vejo-os tão odiosos que todos os que aderirem a eles, se separarão de mim.

Por esta razão, estou enviando meus amigos para que eles separem os demônios de meus membros, já que os demônios são meus verdadeiros inimigos. Eu os envio como nobres soldados à batalha. Todo aquele que mortifique sua carne e se abstenha do ilícito é meu verdadeiro soldado. Como lança levarão as palavras de minha boca e em suas mãos brandirão a espada da fé; em seu peito estará a couraça do amor para que, aconteça o que acontecer não deixem de me amar. Devem ter o escudo da paciência em suas costas, de forma que suportem tudo com paciência. Tenho-os entesourados como ouro num estojo: agora devem sair e andar em meus caminhos.

Segundo os desígnios da justiça, Eu não poderia entrar na glória de minha majestade sem suportar tribulação na minha natureza humana. Portanto, como entrarão eles? Se seu Senhor sofreu, não é de estranhar que eles também tenham de sofrer. Se seu Senhor suportou chicotadas, não será para eles grande coisa o suportar palavras. Não hão de temer porque nunca os abandonarei. Da mesma forma que é impossível para o demônio entrar no coração de Deus e dividi-lo, igualmente será impossível separá-los de mim. E como, diante de meus olhos são ouro puríssimo, pois foram testados com um pouco de fogo, não os abandonarei: é para sua maior recompensa.


Revelações Celestiais de Santa Brígida

Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem - Capítulo Sexto



CAPÍTULO SEXTO

FIGURA BÍBLICA DESTA PERFEITA DEVOÇÃO:


REBECA E JACÓ
183. De todas as verdades que acabo de escrever, em relação

à Santíssima Virgem e a Seus filhos e servos, dá-nos o

Espírito Santo, na Sagrada Escritura, uma imagem admirável:

a história de Jacó, que recebeu a benção de seu pai Isaac,

devido aos cuidados e diligências de sua mãe Rebeca. Ei-la,

como a narra o Espírito Santo (Gn 27). Depois acrescentarei a

sua explicação.

Comentário ao Evangelho do dia (25/04) feito por São Bruno de Segni



(c. 1045-1123), Bispo - Comentário ao Evangelho de Marcos

                «O Senhor cooperava com eles, confirmando a palavra»



O Senhor disse aos Onze: «Estes sinais hão-de acompanhar aqueles que crêem: em Meu nome expulsarão demónios, falarão novas línguas, apanharão serpentes com as mãos e, se beberem algum veneno mortal, não sofrerão nenhum mal; hão-de impor as mãos aos doentes e eles ficarão curados.» No início da Igreja, todos os sinais que o Senhor estabelece aqui foram cumpridos à risca, não só pelos apóstolos, mas por muitos outros santos. Os pagãos não teriam abandonado a adoração de ídolos se a pregação do Evangelho não tivesse sido confirmada por tantos sinais e milagres. De facto, não pregavam os discípulos de Cristo «um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios», nas palavras de São Paulo? (1 Cor 1,23) [...]

Para nós, doravante, deixaram de ser necessários sinais e prodígios: basta-nos ler ou ouvir o relato daqueles que foram realizados. Porque acreditamos nos Evangelhos, acreditamos nas Escrituras que os contam. E, no entanto, ainda hoje se produzem sinais todos os dias; e, se prestarmos bem atenção, reconheceremos que eles têm muito mais valor do que os milagres materiais de outrora.

Todos os dias os padres administram o baptismo e chamam à conversão: não é isto expulsar os demónios? Todos os dias falam uma nova linguagem quando explicam a Sagrada Escritura, substituindo a letra antiga pela novidade do sentido espiritual. Põem em fuga as serpentes, quando libertam os corações dos pecadores de seus laços com o mal por meio de suaves exortações [...]; curam os enfermos quando reconciliam com Deus, através de suas orações, as almas enfermas. Estes eram os sinais que o Senhor havia prometido aos Seus santos: eles os realizam ainda hoje.


Créditos: Evangelho Quotidiano

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Santa Edith Stein - Uma questão de consciência intelectual



Às vezes, acontece de eu ter uma horinha de tempo (mas nem todo dia) e depois também a necessidade de fazer alguma coisa que não esteja ligada com a escola. A esses espaços de tempo, que não entram em consideração para o trabalho pessoal, no ano passado, empreguei para traduzir um livro do Cardeal Newman - The Idea of a University (para a Editora Theatine em Munique, de cuja fundação e direção faz parte também Gogo Hildebrand), e agora me pedem um segundo volume. Traduzir representa para mim uma pura alegria. Além do que, é muito bom entrar em contato direto com Newman, coisa que a tradução proporciona. Toda sua vida foi uma busca da verdade religiosa, conduzindo-o para a Igreja Católica com uma necessidade incontornável. Atualmente encontro-me naquele ponto em que responder às suas cartas parece-me um grande empreendimento.


Quando li as últimas linhas, perguntei-me: como é possível que um homem com formação científica, que reivindica a objetividade rigorosa e que, sem investigação profunda, não ousaria proferir um juízo sobre a mínima questão filosófica - que este desfaça-se de problemas dos mais importantes com uma frase no estilo de um jornaleco local. Refiro-me ao "aparato dogmático pensado para a dominação das massas": por favor, não tome isso como acusação a você. Seu comportamento é o típico de um intelectual, na medida em que não teve educação eclesial, e até poucos anos eu também era assim. No entanto, em nome de nossa antiga amizade, permita-me reformular o problema geral para uma questão de consciência intelectual: (com o ensino de religião nas aulas) quanto tempo você gastou com o estudo do dogma católico, de sua fundamentação teológica? E você já se perguntou alguma vez como explicar que homens como Agostinho, Anselmo de Cantuária, Boaventura, Tomás de Aquino - deixando de lado os muitos milhares, cujos nomes são desconhecidos para os que estão distantes, mas que sem sombras de dúvida não eram ou são menos inteligentes do que nós, pessoinhas ilustradas - que esses homens, no dogma desprezado, viram o que de mais supremo pode ser acessível ao espírito humano, e a única coisa que vale a pena o sacrifício de uma vida por ele? Com que direito você pode identificar os grandes mestres e os grandes santos da Igreja como cabeças-ocas ou como espertalhões impostores?


Seguramente, só pode-se proferir tal suspeita monstruosa, como está contida naquelas palavras, depois de um exame mais acurado de todos os fatos que entram em consideração. Você não gostaria - se não por você, pelo menos por mim - uma vez que seja defrontar-se e responder a essas questões totalmente livre de conceitos prévios? Apenas responder a si mesmo - a mim você não precisa responder se não quiser.


Santa Edith Stein (Santa Teresa Benedita da Cruz), Carta a Roman Ingarden, de 19/06/24.
Créditos: GRAA

terça-feira, 23 de abril de 2013

Gratidão pelo dom da Fé - Santa Teresa Benedita da Cruz (Santa Edith Stein)



"Mesmo que as pessoas não me tivessem feito o bem, isso não poderia, jamais, confundir-me na Igreja. Não entrei nela para ter vantagens, ou porque pessoas tenham me atraído para lá, mas porque sua doutrina e a fé nos seus sacramentos mostraram-se irrefutáveis. E em onze anos experimentei suas bênçãos de modo tão fecundo, que nada jamais me poderá separar dela. E se não houvesse nenhum outro ser humano neste mundo que desse testemunho com sua vida do que pode fazer uma pessoa de fé viva, eu me sentiria comprometida a fazê-lo. Todavia, há um número suficiente de outras pessoas, e eu não deixo de nutrir a esperança de que um dia você irá encontrar-se com um deles."


Edith Stein, Carta a Werner Gordon, de 04/08/1933


Créditos: GRAA

Imitação de Cristo III - Cap 4 - Que devemos andar perante Deus em verdade e humildade



1 - JESUS: Filho, anda diante de mim em verdade e procura-me sempre com simplicidade de coração. Quem anda diante de mim na verdade será defendido dos ataques inimigos, e a verdade o livrará dos enganos e das murmurações dos maus. Se te libertar a verdade, serás verdadeiramente livre e não farás caso das vãs palavras dos homens.

2 - A ALMA: Verdade é, Senhor, o que dizeis; peço-vos que assim se faça comigo. A vossa verdade me ensine, me defenda e me conserve até meu fim salutar. Ela me livre de toda má afeição e amor desregrado e assim poderei andar convosco, com grande liberdade de coração.

3 - JESUS: Eu te ensinarei, diz a Verdade, o que é justo e agradável a meus olhos. Relembra teus pecados com grande dor e pesar e jamais te desvaneças por tuas boas obras. Com efeito, és pecador, sujeito a muitas paixões e preso em seus laços. De ti pendes sempre para o nada; depressa cais, logo és vencido, logo perturbado, logo desanimado. Nada tens de que possas gloriar-te; muito, porém, para te humilhar; pois és muito mais fraco do que podes imaginar.

4 - Nada, pois, do que fazes te pareça grande, nada precioso e admirável, nada digno de apreço, nada nobre, nada verdadeiramente louvável e desejável, senão o que é eterno. Acima de tudo te agrade a eterna verdade, e te desagrade a tua extrema vileza. Nada temas, nada vituperes e fujas tanto como os teus vícios de pecados, que te devem entristecer mais do que quaisquer prejuízos materiais. Alguns não andam diante de mim com simplicidade, mas, curiosos e arrogantes, pretendem saber meus segredos e compreender os sublimes mistérios de Deus, descurando-se de si próprios e de sua salvação. Estes, por sua soberba e curiosidade, não raro caem em grandes tentações e pecados, porque me afasto deles.

5 - Teme os juízos de Deus, treme da ira do Onipotente. Não queiras discutir as obras do Altíssimo; examina antes as tuas iniqüidades, quanto mal cometestes e quanto bem deixastes de fazer por negligência. Alguns põem toda a sua devoção nos livros, outros nas imagens, outros em sinais e exercícios exteriores. Alguns me trazem na boca, mas mui pouco no coração. Outros há, porém, que, alumiados no entendimento e purificados no afeto, sempre suspiram pelos bens eternos; não gostam de ouvir das coisas da terra e com repugnância satisfazem as exigências da natureza; estes percebem o que lhe diz o Espírito da Verdade. Pois lhes ensina a desprezar as coisas terrenas e amar as celestiais, a esquecer o mundo e almejar o céu dia e noite.


Tomás de Kempis, Imitação de Cristo

Imitação de Cristo III - Oração do Cap 3 para implorar a graça da devoção





1 - A ALMA: Meu Senhor e meu Deus! Vós sois todo o meu bem. E quem sou eu para me atrever a falar-vos? Eu sou vosso paupérrimo servo, um vil vermezinho, muito mais pobre e desprezível do que sei e ouso dizer. Lembrai-vos, Senhor, de que sois bom, justo e santo; vós tudo podeis, tudo dais, tudo encheis, e só ao pecador deixais vazio. Lembrai-vos de vossas misericórdias (Sl 24,6) e enchei meu coração com a vossa graça, pois não quereis que sejam infrutuosas vossas obras.

2 - Como poderei eu, nesta miserável vida, suportar-me a mim mesmo, se não me confortar vossa graça e misericórdia? Não desvieis de mim a vossa face, não demoreis a vossa visita, não me tireis o vosso consolo, para que não fique a minha alma diante de vós qual terra sem água (Sl 142, 6). Ensinai-me, Senhor, a fazer vossa vontade (Sl 142, 10), ensinai-me a andar em vossa presença, digna e humildemente; pois vós sois minha sabedoria, que em verdade me conheceis antes de ser feito o mundo, e antes de eu nascer na terra.


Tomás de Kempis, Imitação de Cristo

Comentário ao Evangelho do dia (23/04) feito por Santo Atanásio



Símbolo «Quicumque», atribuído a Santo Atanásio

(entre 430 e 500)


«Eu e o Pai somos Um»




A fé católica é esta : que veneremos um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade, não confundindo as Pessoas, nem dividindo a substância. Porque uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, e outra a do Espírito Santo; mas uma só é a divindade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, igual à Sua glória e coeterna à Sua majestade. Tal como o Pai, assim é o Filho e o Espírito Santo; incriado o Pai, incriado o Filho, incriado o Espírito Santo. [...] O Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus; contudo, não são três deuses, mas um só Deus. [...]


A fé verdadeira consiste em que acreditemos e confessemos que Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem. É Deus gerado da substância do Pai antes do início dos tempos; é homem nascido da substância de Sua Mãe no tempo. Perfeito Deus e perfeito homem, que subsiste com alma racional e carne humana, igual ao Pai segundo a divindade, menor que o Pai segundo a humanidade. E embora seja Deus e homem, não há dois cristos, mas um único Cristo; um, não porque a divindade se tenha dissolvido na carne, mas porque a humanidade foi assumida por Deus. Absolutamente uno, não por confusão das substâncias, mas pela unidade da Pessoa. Pois assim como a alma racional e o corpo constituem um só homem, assim também Deus e homem constituem um só Cristo. O Qual padeceu pela nossa salvação, desceu à mansão dos mortos e ao terceiro dia ressuscitou. Subiu aos céus, onde está sentado à direita de Deus Pai omnipotente, de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos.


Créditos: Evangelho Quotidiano

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Imitação de Cristo III - Cap 3 - Como as palavras de Deus devem ser ouvidas com humildade e como muitos não as ponderam


1 - JESUS: Ouve, filho, as minhas palavras, palavras suavíssimas que excedem toda a ciência dos filósofos e sábios deste mundo. As minhas palavras são espírito e vida (Jo 6,64), e não se devem interpretar humanamente. Não devem ser abusadas para vã complacência, mas devem ser ouvidas em silêncio e recebidas com máxima humildade e grande afeto.


2 - A ALMA: E disse eu: Bem-aventurado o homem a quem instruís, Senhor, e lhe ensinais a vossa lei, para suavizar-lhe os dias maus e dar-lhe consolo neste mundo (Sl 93, 12.13).

3 - JESUS: Eu, diz o Senhor, desde o princípio ensinei aos profetas e ainda agora não cesso de falar a todos; mas muitos são insensíveis e surdos à minha voz. A muitos agrada mais a voz do mundo que a de Deus; mais facilmente seguem os apetites da carne que o preceito divino. O mundo promete apenas coisas temporais e mesquinhas e é servido com grande ardor; eu prometo bens sublimes e eternos, e só encontro frieza nos corações dos mortais. Quem há que me sirva e obedeça em tudo com tanto empenho como se serve ao mundo e aos seus senhores? Envergonha-te, Sidon, diz o mar (Is 23,
 4)- E se queres saber por que, ouve o motivo: Por um pequeno salário se empreendem grandes viagens, e pela vida eterna muitos nem dão um passo sequer. Busca-se o lucro vil; por um vintém, às vezes, há torpes brigas; por uma ninharia e promessa mesquinha não se teme a fadiga, nem de dia, nem de noite.

4 - Mas que vergonha! Pelo bem imutável, pelo prêmio inestimável, para honra suprema e pela glória sem fim, o menor esforço nos cansa. Envergonha-te, pois, servo preguiçoso e murmurador, por serem os mundanos mais solícitos para a perdição que tu para a salvação. Procuram eles com mais gosto a vaidade que tu a verdade. Entretanto, não raro, sua esperança os engana; mas minha promessa a ninguém falta, nem despede com as mãos vazias ao que em mim confia. Darei o que prometi, cumprirei o que disse, contanto que se persevere fiel no meu amor até ao fim. Eu sou quem 2. remunera todos os bons e sujeita a provas duras todos os devotos.

5 - Grava minhas palavras em teu coração e medita-as atentamente, porque te serão muito necessárias na hora da tentação. Coisas que agora não entendes quando lês, entenderás quando eu te visitar. De dois modos costumo visitar meus eleitos: pela tentação e pela consolação. E duas lições lhes dou cada dia: numa repreendo-lhes os vícios e noutra exorto-os ao progresso na virtude. Quem ouve a minha palavra e a despreza, por ela será julgado no último dia.


Tomás de Kempis, Imitação de Cristo

Comentário ao Evangelho do dia (22/04) feito por Beato John Henry Newman



(1801-1890), presbítero, fundador do Oratório em Inglaterra
Sermão «O Pastor das nossas almas», PPS, t. 8, n° 16

«Vai à frente delas, e as ovelhas seguem-No»

«Contemplando a multidão, [Jesus] encheu-Se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor» (Mt 9,36). [...] As ovelhas estavam dispersas porque não havia pastor. [...] Assim era no mundo inteiro quando Cristo veio na Sua misericórdia infinita «para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos» (Jo 11,52). E se, por um momento, foram de novo deixadas sem guia, quando na Sua luta o bom pastor deu a vida pelas Suas ovelhas – segundo a profecia: «Fere o pastor, para que Se dispersem as ovelhas» (Zc 13,7) –, logo, porém, ressuscitou de entre os mortos para viver para sempre, segundo uma outra profecia: «Aquele que dispersou Israel vai reuni-lo e guardá-lo como o pastor ao seu rebanho» (Jr 31, 10).


Como o diz Ele mesmo na parábola que nos propõe, «chama as Suas ovelhas uma a uma pelos seus nomes e fá-las sair [...], vai à frente delas, e as ovelhas seguem-No, porque reconhecem a Sua voz». Assim, no dia da ressurreição, como Maria estivesse a chorar, chamou-a pelo nome (Jo 20, 16), e ela voltou-se e reconheceu pela voz Aquele que não havia reconhecido pela vista. De igual modo, disse a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-Me?», e acrescentou: «Segue-Me!» (Jo 21,15.19). Do mesmo modo, disseram Ele e o Seu anjo às mulheres: «Ele [...] vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis.»; «Ide anunciar aos Meus irmãos que partam para a Galileia. Lá Me verão» (Mt 28,7.10). Desde então o bom pastor, que tomou o lugar das Suas ovelhas e que morreu para que elas pudessem viver para sempre, precede-as, e elas «seguem o Cordeiro para toda a parte» (Ap 14, 4).


Créditos: Evangelho Quotidiano

domingo, 21 de abril de 2013

Comentário ao Evangelho do dia (21/04) feito por São Gregório Magno



(c. 540-604), papa, doutor da Igreja
Homilias sobre o evangelho, nº 14 (trad. Breviário)

«Dou-lhes a vida eterna»


O Senhor diz: «As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz; Eu conheço-as e elas seguem-Me; e dou-lhes a vida eterna.» Delas tinha dito um pouco antes: «Se alguém entrar por Mim, será salvo; poderá entrar e sair e encontrará pastagem» (Jo 19, 9). Entrará efectivamente, abrindo-se à fé; sairá passando da fé à visão e à contemplação, e encontrará pasto abundante no banquete eterno.


As Suas ovelhas, portanto, encontram pastagens, porque todo aquele que O segue na simplicidade de coração é nutrido com um alimento de eterna frescura. Que são afinal as pastagens destas ovelhas, senão as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante? O alimento dos eleitos é o rosto de Deus, sempre presente. Ao contemplá-lo sem interrupção, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida.


Procuremos pois, irmãos caríssimos, alcançar estas pastagens, onde poderemos alegrar-nos na companhia dos cidadãos do céu. A alegria festiva dos bem-aventurados nos estimule. Reanimemos o nosso espírito, irmãos; afervore-se a nossa fé nas verdades em que acreditamos; inflame-se a nossa inspiração pelas coisas do céu. Amar assim já é caminhar. Nenhuma contrariedade nos afaste da alegria desta solenidade interior. Se alguém, com efeito, deseja atingir um lugar determinado, não há obstáculo no caminho que o demova do seu intento. Nenhuma prosperidade sedutora nos iluda. Insensato seria o viajante que, contemplando a beleza da paisagem, se esquecesse de continuar a sua viagem até ao fim.


Créditos: Evangelho Quotidiano

Propósito como sacerdote escrito por São João Bosco por ocasião de sua ordenação

"O padre não vai jamais sozinho para o Céu ou para o Inferno. Se for fiel a sua vocação vai para o Céu com as almas que com seu bom exemplo tiver salvado; se proceder mal e escandalizar os irmãos, irá para o Inferno juntamente com as almas condenadas por causa de seus maus exemplos. Este pensamento me vai ajudar a manter com todo o esforço os seguintes propósitos:

1 - Jamais darei um passeio sem necessidade.

2 - Ocuparei escrupulosamente o tempo.

3 - Sempre que se tratar da salvação das almas, encontrar-me-ão pronto a sofrer, a agir, a humilhar-me.

4 - A caridade e a doçura de São Francisco de Sales iluminem todas as minhas ações.

5 - Mostrar-me-ei sempre contente com o alimento que me derem, a não ser que seja realmente prejudicial à saúde.

6- Tomarei vinho sempre "batizado" e só como remédio, isto é, nos dias e na medidae que minha saúde exigir.

7 - Como o trabalho é uma arma poderosa contra os inimigos de minha salvação, darei ao sono apenas cinco horas por noite. Durante o dia, e especialmente depois da refeição não repousarei nunca a não ser em caso de doença.

8 - Consagrarei todos os dias alguns momentos à meditação e à leitura espiritual. Durante o dia farei uma breve visita ou pelo menos uma oração ao Santíssimo Sacramento. Minha preparação para a Missa durará um quarto de hora. O mesmo se diga da ação de graças.

9 - Fora do Tribunal da Penitência e salvo rarissímas exceções necessárias, nunca me deterei a conversar com mulheres."

Retirado do livro Dom Bosco de A. Auffray SDB

Fonte: Blog Santa Igreja (Missa Gregoriana - CE). Com adaptações.

Ó Virgem Maria, dá-me um coração bom - Santa Edith Stein


Ó doce mãe Maria, dá-me um coração 
Cheio de vitalidade, aberto como o coração de teu filho, 
E transparente como as águas de uma fonte clara. 
Dá-me um coração nobre e corajoso, que não se aborrece, 
Nem sequer liga para as chateações sofridas; 
Um coração despreocupado que se doa alegremente; 
Um coração que conhece as fraquezas, 
E por isso as sente e as experimenta interiormente; 
Um coração profundo e agradecido, 
Que não faz descaso das coisas pequenas. 
Dá-me um coração suave e humilde, 
Que ama sem reivindicar amor em troca, 
Que, cheio de alegria, libera espaço 
Noutro coração para teu filho; 
Um coração nobre e vigoroso, 
Que não se abate nas decepções; 
Que não se dispersa e não se zanga; 
Que não se paralisa com as provações; 
Que na falta de atenção não perde a sintonia, 
Que na indiferença não se desencoraja. 
Dá-me, porém, um coração, 
Impulsionado pelo amor que tens por Jesus, 
Pelo desejo da maior honra e glória de Jesus 
E nisso não se detenha, 
Até alcançar o céu. Amém.
Edith Stein

Padre Pio de Pietrelcina - Relatos em Suas Cartas sobre a oração.

 



            '' A oração é o pão e a vida da alma; é o ar do coração, não quero ser mais que isto, um frade que ora ''.

''Minha maneira habitual de orar é esta. Nem bem inicio a oração, sinto de repente que a alma começa a recolher-se numa paz e numa tranqüilidade impossíveis de exprimir com palavras. Os sentidos ficam suspensos, com exceção do ouvido, que algumas vezes não fica suspenso; geralmente, porém, esse sentido não me causa aborrecimento, e devo confessar que, ainda que se fizesse um enorme rumor à minha volta, nem por isso conseguiriam me incomodar nem um pouquinho. Por aí o senhor compreenderá que são poucas as vezes em que consigo meditar com o intelecto".

A mim parece que o tempo passa rapidamente e nunca é suficiente para orar. Tenho muito gosto pelas boas leituras; porém, leio bem pouco, não só por estar impossibilitado pelas enfermidades, como porque, abrindo o livro, depois de uma breve leitura, fico profundamente recolhido, de modo que a leitura se torna uma oração".

"Não me cansarei de orar a Jesus. É verdade que as minhas orações são, antes, dignas de castigo que de prêmio, porque desgostei demais a Jesus com meus inumeráveis pecados; mas por fim terá piedade de mim".

'' Veja que fenômeno curioso vem ocorrendo comigo, de certo tempo para cá e, aliás, não é pouca a preocupação que me causa. Na oração, acontece de me esquecer de rezar por quem me pede orações (não por todos, porém) ou por quem eu teria intenção de orar. Esforço-me, antes de começar a rezar,
para recomendar, por exemplo, esta ou aquela pessoa; mas assim que entro em oração, meu Deus, faz-se em minha mente um vazio perfeito e não resta mais nenhum vestígio do que, no entanto, me era tão caro. Outras vezes, ao contrário, estando em oração, sinto-me levado a rezar por quem nunca tive a intenção de rezar e, o que é mais maravilhoso, às vezes por quem jamais conheci, nem vi, nem ouvi e nem recomendou a minhas orações, ainda que fosse por meio de outros. E, cedo ou tarde, o Senhor sempre atende a essas orações".


Creditos: Sociedade das ciências antigas - Vida e obra do Padre Pio.

sábado, 20 de abril de 2013

A Eficácia da Ave Maria e do Terço - São Luís Maria de Montfort


E eles (S. Domingos, S. João Capistrano e Alano de la Roche) compuseram livros inteiros sobre as maravilhas e eficácia da Ave Maria para a conversão das almas. Altamente publicaram e pregaram que a salvação do mundo começou pela Ave Maria e a salvação de cada um em particular está ligada a essa prece; que foi essa prece que trouxe à terra seca e árida o fruto da vida e que é esta mesma prece que deve fazer germinar em nossa alma a palavra de Deus e produzir o fruto da vida, Jesus Cristo; que a Ave Maria é um orvalho celeste que umedece a terra, isto é, a alma, para fazer brotar o fruto no tempo adequado, e que uma alma que não for orvalhada por esta prece ou orvalho celeste não dará fruto algum, nem dará senão espinhos e não estará longe de ser amaldiçoada (Heb 6,8).


No livro "De dignitate Rosarii", do bem aventurado Alano de la Roche lê-se o seguinte que a Santíssima Virgem o revelou: "Saibas, meu filho, e comunica-o a todos, que um sinal provável e próximo de condenação eterna é a aversão, a tibieza, e negligência em rezar a Saudação Angélica, que foi a reparação em todo mundo. Eis aí palavras consoladoras e terríveis que se custaria a crer, nse não no-las garantissem esse santo homem e antes dele S. Domngos, como, depois dele, muitos personagens fidedignos, com e experiência de muitos séculos.


Pois sempre se verificou que aqueles que trazem o sinal de condenação, como os hereges, os ímpios, os orgulhosos e os mundanos, odeiam e desprezam a Ave-Maria e o Terço. Os hereges ainda aprendem e recitam o Pai-Nosso, mas abominam a Ave-Maria e o Terço. Trariam antes uma serpente sobre o peito que o Rosário. Os orgulhosos também, embora católicos, mas tendo a mesma inclinação que seu pai Lúcifer, desprezam ou mostram uma indiferença completa pela Ave-Maria, considerando o Terço uma devoção efeminada, suficiente para os ignorantes e analfabetos. Ao contrário tem-se visto e a experiência o prova que aqueles e aquelas que possuem outros e grandes indícios de predestinação, amam , apreciam e recitam com prazer a Ave-Maria. E quanto mais são de Deus, tanto mais amam esta oração. É o que a Santíssima Virgem diz também ao bem-aventurado Alano, em seguida às palavras que citei.


Não sei como isso acontece nem porque,entretanto é verdade e não conheço melhor segredo para verificar se uma pessoa é de Deus do que examinar se gosta ou não de rezar a Ave Maria ou o terço. Digo: gosta, pois pode acontecer esteja na impossibilidade natural ou até sobrenatural de dizê-la, mas sempre a ama e a inspira aos outros.



 Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem - S. Luís de Montfort - pags 235-237



Créditos: Católicos Ribeirão/ O Segredo do Rosário
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