quarta-feira, 31 de outubro de 2012

São Josemaría Escrivá - Santo Rosário - Notas Introdutórias e Primeiro Mistério Gozoso



Como em outros tempos,

o Rosário há-de ser hoje

arma poderosa,

para vencer na nossa luta interior

e para ajudar todas as almas.



Exalta Santa Maria com a tua língua:

o Senhor pede-te reparação

e louvores da tua boca.



Oxalá saibas e queiras semear

a paz e a alegria, pelo mundo inteiro,

com esta admirável devoção mariana

e com a tua caridade vigilante.



Roma, Outubro de 1968

AO LEITOR

A recitação do Santo Rosário, considerando os mistérios, repetindo os Pai-Nossos e as Ave Marias, os louvores à Santíssima Trindade e a invocação constante à Mãe de Deus, é um contínua acto de fé, de esperança e amor, de adoração e reparação.

JOSEMARÍA ESCRIVÁ DE BALAGUER

Roma, 9 de Janeiro de 1973

Estas linhas não se escrevem para mulherzinhas. Escrevem-se para homens, bem barbados e bem... homens, que elevaram alguma vez, sem dúvida, o coração a Deus, gritando-Lhe com o Salmista: Notam fac mihi viam, in qua ambulem; quia ad te levavi animam meam. - Dá-me a conhecer o caminho que hei-de seguir, pois a Ti levantei a minha alma. (Sl. CXLII, 8).

Hei-de revelar, a esses homens, um segredo que muito bem pode ser o começo do caminho por onde Cristo quer que sigam.

Meu amigo: se tens desejos de ser grande, faz-te pequeno.

Para ser pequeno, é preciso crer como crêem as crianças, amar como amam as crianças, abandonar-se como se abandonam as crianças..., rezar como rezam as crianças.

Tudo isto é necessário, para pôr em prática o que te vou descobrir nestas linhas:

O principio do caminho, que tem por fim a completa loucura por Jesus, é um confiado amor a Maria Santíssima.

- Queres amar a Virgem? - Pois então conversa com Ela! - Como? - Rezando
bem o Rosário de Nossa Senhora.

Mas, no Rosário... dizemos sempre o mesmo! - Sempre o mesmo? E não dizem sempre a mesma coisa os que se amam?... Se há monotonia no teu Rosário, não será porque, em vez de pronunciares palavras, como homem, emites sons, como animal, estando o teu pensamento muito longe de Deus? - Além disso, repara: antes de cada dezena, indica-se o mistério a
contemplar - Tu... já alguma vez contemplaste esses mistérios?

Faz-te pequeno. Vem. comigo, e viveremos (este é o nervo da minha confidência) a vida de Jesus, de Maria e de José.

Todos os dias Lhes havemos de prestar um novo serviço. Ouviremos as Suas conversas de família. Veremos crescer o Messias. Admiraremos os Seus trinta amos de obscuridade... Assistiremos à Sua Paixão e Morte... Pasmaremos ante a glória da Sua Ressurreição... Numa palavra: contemplaremos, loucos de Amor (não maior amor que o Amor), todos e cada um dos instantes de Cristo Jesus.



NOTAS A EDIÇÕES ANTERIORES

Amigo leitor: escrevi o "Santo Rosário" para que tu e eu saibamos recolher-nos em oração, quando rezamos a Nossa Senhora.

Que esse recolhimento não seja perturbado pelo ruído de palavras, quando meditares as considerações que te apresento. Não as leias em voz alta, porque perderiam a sua intimidade.

Pronuncia, porém, claramente e sem pressas, o Pai Nosso e as Ave Marias de cada mistério. Assim tirarás, cada vez maior proveito desta prática de amor a Santa Maria.

E não te esqueças de rezar por mim.

O AUTOR

Roma, na festa da Purificação,

2 de Fevereiro de 1952.



A minha experiência sacerdotal diz-me que cada alma tem o seu próprio caminho. No entanto, caro leitor, vou dar-te um conselho prático que não estorvará a acção do Espírito Santo em ti, se o seguires com prudência antes de recitares o Pai Nosso e as Ave Marias de cada dezena, durante uns segundos - três ou quatro - detém-te num silêncio de meditação, considerando o respectivo mistério do Rosário. Estou certo de que esta prática aumentará o teu recolhimento e o fruto da tua oração.

E não te esqueças de rezar por mim.

O AUTOR

Roma, na festa da Natividade de Nossa Senhora,

8 de Setembro de 1971.






1 Não esqueças, meu amigo, que somos crianças. A Senhora do doce nome, Maria, está recolhida em oração.

Tu és, naquela casa, o que quiseres ser: um amigo, um criado, um curioso, um vizinho... - Eu, por agora, não me atrevo a ser nada. Escondo-me atrás de ti e, pasmado, contemplo a cena:

O Arcanjo comunica a sua mensagem... - Quomodo fiet istud, quoniam virum non cognosco? - Como se fará isso, se não conheço varão? (Lc 1, 34).

A voz da nossa Mãe traz à minha memória, por contraste, todas as impurezas dos homens..., as minhas também.

E como odeio, então, essas baixas misérias da terra!... Que propósitos!

Fiat mihi secundum verbum tuum.

- Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc I, 38). Ao encanto destas palavras virginais, o Verbo se fez carne.

Vai terminar a primeira dezena... Ainda tenho tempo para dizer ao meu Deus, antes de qualquer mortal: Jesus, amo-Te.

Santa Teresa reza pelos teólogos e pregadores e diz como devem ser

 
 
Podereis perguntar-me por que insisto em afirmar que devemos ajudar aos que são melhores que nós. Explicarei, pois creio que ainda não entendeis bem o quanto deve ao Senhor por vos ter trazido a esta casa, onde estais livres de negócios, ocasiões perigosas e tratos com o mundo. É grandíssima esta graça!

O mesmo não se dá com aqueles de quem falo, os pregadores e teólogos. Nem conviria ser assim - nestes tempos ainda menos que em outros; a eles compete dar ânimo à gente fraca e encorajar os pequenos. Que seria dos soldados sem comandantes! Vêem-se estes obrigados a viver entre os homens, a tratar com eles, a estar em palácios, e ainda algumas vezes a conformar-se exteriormente com as exigências dos mundanos.

E julgais, minhas filhas, que é preciso pouca virtude para tratar assim com o mundo, e envolver-se em negócios do mundo, e adaptar-se à conversação do mundo e, não obstante, ser no íntimo estranhos ao mundo, e inimigos do mundo, e viver nele como exilados? Em uma palavra: não ser homens, mas, anjos?

Com efeito, se assim não forem, nem merecem o nome de comandantes, nem permita o Senhor que saiam de suas celas. Fariam mais mal do que bem. Não é tempo agora de se verem imperfeições nos que devem ensinar.

Se no íntimo não estiverem fortalecidos, por mais que encubram sua fraqueza, ela transparece. Devem entender quanto lhes importa calcar tudo aos pés, viver desapegados das coisas efêmeras e abraçados às eternas.

Sta Teresa D'Avila, Caminho de Perfeição
Créditos: GRAA

Comentário ao Evangelho do dia (31/10) feito por Santo Agostinho

Bispo de Hipona (Norte de África), Doutor da Igreja - (354-430)
Carta 102 (a Déogratias), 8.11-12

«Quando virdes, Isaac, Jacob e todos os profetas no reino de Deus»

Se Cristo diz que Ele é o caminho da salvação, da graça e da verdade, se é Ele o único caminho para o Pai (Jo 14,6) para os que n'Ele crêem, há quem pergunte o que acontece aos homens que viveram nos séculos que antecederam a Sua vinda. [...] Respondemos que Cristo é a Palavra de Deus pela qual tudo foi feito; Ele é Filho porque é Palavra, não uma palavra que desaparece logo que é pronunciada, mas a Palavra imutável e eterna que permanece junto do Pai imutável, que rege o universo espiritual e corporal de acordo com a conveniência dos tempos e dos lugares. Este Verbo (Jo 1,1-2) é a própria sabedoria e ciência; cabe-Lhe regular tudo e tudo governar, de acordo com o tempo e da maneira que julga conveniente. [...] É sempre o mesmo (He 13,8) [...], foi sempre o mesmo, como o é ainda hoje. [...]

É por isso que, desde a origem do género humano, todos os que creram n'Ele, que de alguma maneira O conheceram, todos os que viveram em piedade e em justiça de acordo com os Seus preceitos, foram indubitavelmente salvos por Ele, qualquer que fosse o tempo e o lugar da sua existência. [...] Assim, do mesmo modo que nós cremos n'Aquele que habita junto do Pai (He 1,3) e que veio até nós pela carne, do mesmo modo os antigos acreditavam n'Aquele, que habita junto do Pai e que haveria de encarnar. A passagem do tempo faz com que se proclame agora como um facto consumado o que então era anunciado como acontecimento futuro, mas a fé não mudou por causa disso e a salvação continua a ser a mesma.

Créditos: Evangelho Quotidiano

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (30/10) feito por São João Crisóstomo

Presbítero de Antioquia, Bispo de Constantinopla, Doutor da Igreja - (c. 345-407),
Homílias sobre o Evangelho de Mateus, nº46, 2

«Até toda a massa ficar levedada»

Seguidamente, o Senhor propõe a parábola do fermento. «Assim como o fermento comunica a sua força invisível a toda a massa do pão, do mesmo modo a força do evangelho transformará o mundo inteiro graças ao ministério dos Meus apóstolos. [...] Não me respondais: "Que poderemos fazer, nós doze miseráveis pecadores, perante o mundo inteiro?" Será precisamente a enorme diferença entre a causa e o efeito, a vitória de um punhado de homens perante a multidão, que demonstrará o vigor da vossa força. Não é por se misturar o fermento na massa "ocultando-o" nela, segundo o evangelho, que toda a massa se transforma? Assim, meus apóstolos, será misturando-vos na massa dos povos que os embebereis com o vosso espírito e que triunfareis sobre os vossos adversários. O fermento, desaparecendo na massa, não perde a sua força; pelo contrário, altera a natureza de toda a massa. Do mesmo modo, a vossa pregação alterará todos os povos. Portanto, estai cheios de confiança.» [...]

É Cristo que dá tão grande força a este fermento. [...] Por conseguinte, não Lhe censureis o pequeno número dos Seus discípulos: é a força da mensagem que é grande. [...] Basta uma faísca para transformar num braseiro alguns pedaços de madeira seca, que seguidamente inflamam toda a madeira, mesmo a verde, à sua volta.

Créditos: Evangelho Quotidiano

domingo, 28 de outubro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (28/10) feito por Santa Gertrudes de Helfta

Monja beneditina - (1256-1301) - Exercícios, n°6

«Senhor, que eu veja»

Em ti, ó Deus vivente, o meu coração e a minha carne estremeceram e a minha alma se alegrou em ti, minha salvação verdadeira (Sl 83,3). Quando Te verão os meus olhos, Deus dos deuses, meu Deus? Deus do meu coração, quando me alegrarás com a visão da doçura da Tua face? Quando preencherás o desejo da minha alma pela manifestação da Tua glória?

Meu Deus, Tu és a minha herança, escolhida entre todos, minha força e minha glória! Quando entrarei no Teu poder para ver a Tua força e a Tua glória? Quando então, em vez do espírito de tristeza, me revestirás do manto de louvor (Is 61,10) para que, unida aos anjos, todos os meus membros Te ofereçam um sacrifício de aclamação (Sl 26,6)? Deus da minha vida, quando entrarei no tabernáculo da Tua glória, a fim de cantar em presença de todos os santos e proclamar de alma e coração que as Tuas misericórdias por mim foram magníficas (Sl 70,16)? Quando se quebrará o fio desta morte, para que a minha alma possa ver-Te sem intermediários? (Gn 19,19) [...]

Quem se saciará à vista da Tua claridade? Como poderá o olho bastar para ver e o ouvido para ouvir na admiração da glória da Tua face?

Créditos: Evangelho quotidiano

sábado, 27 de outubro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (27/10) feito por São Cesário de Arles

Monge, Bispo - (470-543) - Sermão 37,1; SC 243

«Pecadores, lembrai-vos disto e meditai»

Há muitas coisas que não conseguimos realizar fisicamente, por causa da fraqueza humana; mas podemos, com a inspiração de Deus, encontrar o amor no nosso coração, se o desejarmos verdadeiramente. Às vezes, há muitas coisas que não conseguimos tirar do sótão, da adega ou da despensa, mas não temos nenhuma desculpa quando se trata do coração. [...]

Não nos dizem: «Ide para o Oriente e procurai o amor; navegai para Ocidente e encontrareis o amor.» Não, ordenam-nos que entremos no interior do nosso coração, de onde a cólera nos faz sair com tanta frequência. Como diz o profeta: «Pecadores, lembrai-vos disto e meditai» (Isaías 46,8). Não é em países distantes que encontramos o que o Senhor nos pede; Ele envia-nos para dentro de nós mesmos, para o nosso coração, porque colocou em nós o que nos pede. O amor perfeito não é senão a boa vontade da alma; foi acerca dele que os anjos proclamaram aos pastores: «Paz na terra aos homens de boa vontade» (Lc 2,14 Vulg). [...]

Portanto, trabalhemos com todas as nossas forças, com a ajuda de Deus, para dar o primeiro lugar na nossa alma à bondade e não ao mal, à paciência e não à cólera, à benevolência e não à inveja, à humildade e não ao orgulho. Em suma, que a delicadeza do amor tome de tal modo posse do nosso coração, que não haja nele nenhum espaço para a amargura do rancor.

Créditos: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Santa Teresa D'Avila fala do amor fraterno perfeitamente espiritual

 
 
Poderá parecer-vos descabido, irmãs, tratar eu deste assunto. Direis que já sabeis tudo isso que vos explico. Praza ao Senhor que assim seja e que o tenhais impresso nas entranhas, como é preciso.

Se o souberdes vereis que não minto quando afirmo que o Senhor atrai ao estado de perfeição a quem possui este amor. São almas generosas, almas régias, não se contentam com amar coisa tão ruim como os nossos corpos, por formosos que sejam, por muitos encantos que tenham.

Por certo os admiram, e louvam o Criador, porém, não se detêm neles de modo a lhes ter amor pelos atrativos exteriores. Pareceria amar coisa sem valor e ocupar-se em querer bem a uma sombra. Ficariam envergonhados e não teriam condições para, sem afronta, dizer depois a Deus que o amam.

Dir-me-eis: esses tais não sabem amar, nem corresponder ao afeto que se lhes tem. Na verdade, pouco se lhes dá de serem ou não queridos.

Se algumas vezes, no primeiro momento, por inclinação natural, gostam de se sentir amados, caindo em si, vêem que é disparate, a menos que se trate de pessoas capazes de lhes beneficiar a alma com doutrina ou com oração.

Qualquer outra amizade os cansa. Percebem que nenhum bem lhes faz, antes os prejudica. Não é que se descuidem de agradecer e retribuir aos amigos com sua intercessão junto de Deus, mas deixam tudo a cargo do Senhor. É coisa que lhe diz respeito e dele procede.

Em si mesmo não vêem motivo para serem queridos e apreciados. Pensam que se alguém lhes quer bem é porque Deus os ama. Deixam a Sua Majestade o cuidado de pagar, suplicam-lhe que o faça e ficam livres, como se a coisa não fosse com eles.

E, bem considerado, quando não se trata de pessoas que nos podem ajudar a conseguir os verdadeiros bens, às vezes penso que há grande cegueira neste desejo de sermos amados.

Notai agora: quando queremos o amor de alguém, sempre temos em vista um proveito ou nosso contentamento pessoal. Ora, essas almas perfeitas já trazem tudo debaixo dos pés: bens, satisfações e prazeres que o mundo lhes pode dar. Chegaram a tal ponto que, por assim dizer, ainda que queiram, não se podem deleitar senão em Deus, ou em tratar de Deus. Sendo assim, que interesse pode haver em serem amadas?

Convencidas desta verdade, riem-se de si mesmas e do tempo em que se afligiam por não saberem se era correspondido ou não o seu afeto. É muito natural querer a paga de uma boa amizade. Mas, cobrada esta, em que consiste? Palhinhas ocas e sem peso, que o vento leva...

E mesmo quando muito nos tenham querido, que é isto que nos resta? Essas almas perfeitas pouco se importam de serem ou não queridas, a não ser, repito, para seu aproveitamento espiritual, sabendo muito bem, dada a nossa natureza, que aqueles que nos ajudam, podem se cansar.

Parecer-vos-á que essas almas não amam como nós, nem sabem amar senão a Deus? Pois eu vos digo que amam muito mais, e com maior veemência, e com amor mais proveitoso e verdadeiro: enfim é amor.

São sempre muito mais afeiçoadas a dar que a receber, até com o próprio Criador. Asseguro-vos que só este amor merece tal nome, que essas outras afeições imperfeitas lhe têm usurpado o nome.

Perguntareis também: se estes não amam o que vêem, a que se afeiçoam? Na verdade, amam o que vêem e afeiçoam-se ao que ouvem, mas só vêem o que é durável, o que é eterno. Quando amam, passam para além dos corpos, põem os olhos nas almas, e procuram se há o que amar.

Se não houver, mas encontram algum germe de virtude ou alguma boa disposição, indício de ouro naquela mina, cavam e não poupam esforço. Não há coisa difícil que de boa vontade não façam para proveito daquela pessoa, porque desejam continuar a amá-la, mas sabem perfeitamente que é impossível se ela não tiver em si virtudes divinas e grande amor de Deus.

Sem essas virtudes não a podem amar, e ainda menos com afeto duradouro, por mais que essa pessoa faça os maiores obséquios e serviços, que morra de amor e possua todos os encantos da natureza reunidos: a amizade não terá força, nem poderá consolidar-se.

Ninguém pode enganar uma alma perfeita porque ela sabe por experiência, o valor das coisas terrenas. Quando não pensam do mesmo modo poderão amar-se por muito tempo? É amor que há de acabar com a vida, pois, se um não guarda a lei divina, e por conseguinte, não ama a Deus, os seus destinos serão diferentes.

Essas almas nas quais o Senhor infundiu verdadeira sabedoria, não querem amizades que só duram o tempo da vida, não lhes dão valor. Para quem deseja gozar as coisas do mundo - prazeres, honras e riquezas - esse amor terreno será válido quando o amigo é rico e possui meios de recreação e passatempo. Mas se nada disto interessa, nenhum caso faz de tal amizade.

Quando as almas perfeitas amam a alguém, desejam ardentemente que o amigo tenha amor a Deus, para ser também amado por ele. Sabem que de outro modo o amor não é durável.

É amizade que lhes custa muito caro: não há diligência que deixem de fazer para aproveitamento da pessoa amada. Mil vidas dariam para lhe obter um pequeno benefício espiritual. Ó precioso amor, que tão fielmente imita o comandante-chefe do amor, Jesus, nosso bem!

Sta Teresa D'Avila, Caminho de Perfeição
Créditos: Amor e Pobreza

Comentário ao Evangelho do dia (25/10) feito por Santo Isaac, o Sírio

Monge em Nínive, perto de Mossul - (século VII)
Discursos sobre ascese, 1ª série, nº 2

«Eu vim lançar fogo sobre a terra»

Violenta-te (cf Mt 11,12), esforça-te por imitar a humildade de Cristo, para que se torne cada vez mais forte o fogo que Ele acendeu em ti, esse fogo pelo qual são consumidos todos os impulsos deste mundo que destroem o homem novo e maculam as moradas do Senhor santo e poderoso. Porque eu afirmo com São Paulo que «nós somos o templo do Deus vivo» (2Co 6,16). Por isso, purifiquemos esse templo «como Ele é puro» (1Jo 3,3), para que Ele tenha desejo de aí morar; santifiquemo-lo porque Ele é santo (1Pe 1,16); ornamentemo-lo com todas as obras boas e dignas.

Enchamos o templo do repouso da Sua vontade, como de um perfume, através da oração pura, da oração do coração que é impossível de alcançar se nos entregarmos continuamente aos impulsos deste mundo. Assim, a nuvem da Sua glória cobrirá a nossa alma e a luz da Sua grandeza brilhará no nosso coração (cf 1R 8,10). Todos aqueles que permanecem na casa de Deus serão repletos de alegria e rejubilarão. Mas os insolentes e os ignóbeis desaparecerão sob a chama do Espírito Santo.

Fonte: Evangelho Quotidiano

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (24/10) feito por Beato Guerric de Igny

Abade cisterciense (c. 1080-1157) - 3º Sermão para o Advento

"Vós não estais nas trevas para que aquele dia vos
surpreenda como um ladrão" (1 Ts 5, 4)

«Prepara-te, Israel, para te encontrares com o teu Deus, porque Ele vai chegar» (cf. Am 4,12). E vós, também, irmãos, «estai preparados, porque à hora que menos pensais virá o Filho do Homem». Nada mais certo do que a Sua vinda, mas nada mais incerto do que o momento dessa vinda. De facto, pertence-nos tão pouco conhecer o tempo ou os momentos que o Pai, no Seu poder, tem fixados, que nem sequer aos anjos que O rodeiam lhes é dado saber o dia ou a hora (Act 1,7; Mt 24,36).

O nosso último dia virá também: é um facto muito certo. Mas quando, onde e como, isso é muito incerto. Sabemos unicamente, como já se disse antes de nós, que «para aos anciãos, ele já se encontra no limiar, enquanto para os jovens está à espreita» (S. Bernardo). [...] Esse dia não deve apanhar-nos de surpresa, não acautelados, como um ladrão durante a noite. [...] Que o temor, permanecendo em vela, nos tenha sempre preparados, até que a segurança se sobreponha ao temor, e não o temor à segurança. «Estarei atento, diz o sábio, para não cometer pecado» (Sl 17,24), já que não posso preservar-me da morte. Ele sabe, de facto, que «o justo, surpreendido pela morte, encontrará descanso» (Sb 4,7); mais ainda, triunfam da morte os que não foram escravos do pecado durante a vida. Como é belo, meus irmãos, não só ter segurança perante a morte, mas também triunfar dela com glória, seguros no testemunho da própria consciência.

Créditos: Evangelho Quotidiano

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Santa Teresa D'Avila - O Perdão às Ofensas e o Engodo das Honras

 
 
Com esse Alimento celestial - a Eucaristia -, nosso bom Mestre viu que tudo se nos tornava fácil, a não ser por nossa culpa, e poderíamos muito bem cumprir o que dissemos a seu Pai: Seja feita a vossa vontade.

Continuando a oração, que nos está ensinando, agora o bom Jesus pede nos perdoe nossas ofensas, como também nós perdoamos aos que nos têm ofendido, e diz estas palavras: E perdoai-nos, Senhor, as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.

Reparai, irmãs, que não diz: "Como perdoaremos". É para nos dar a entender que deve ser fato consumado. Quem pede uma dádiva tão grande como o Pão do céu, quem submeteu sua vontade ao querer divino, já perdoou tudo. E assim diz: "Como nós perdoamos", no passado.

Fique, pois, bem claro: quem sinceramente tiver dito ao Senhor: Faça-se a vossa vontade, há de ter perdoado tudo, ou ao menos, estar resolvido a fazê-lo. Por esse motivo, os santos alegravam-se com as injúrias e perseguições. Tinham algo para oferecer ao Senhor quando se apresentassem para lhe pedir perdão das ofensas cometidas contra ele.

Uma graça tão imensa e de tanta importância, como é perdoar-nos o Senhor nossas culpas, merecedoras do fogo eterno, nos é concedida a troco de tão pouca coisa como é perdoarmos também nós.

Mas, Senhor, gratuitamente me haveis de perdoar, porque tenho tão poucos desses atos insignificantes a oferecer! Aqui vossa misericórdia acha campo! Bendito sejais vós por me suportardes, a mim criatura tão pobre!

Mas, Senhor meu, será que há outras pessoas nas mesmas condições que eu e que não tenham compreendido esta verdade? Se as há, em vosso nome lhes suplico, que se lembrem desta realidade e não façam caso de umas miseriazinhas a que chamam ofensas. Até parece que, como crianças fazemos choças de palhinhas com esses pontos de honra.

Valha-me Deus, irmãs! Se soubéssemos que coisa é honra e o que é perder a honra! Agora não me refiro a vós, pois seria muito triste se já não tivésseis entendido. Refiro-me a mim, no tempo em que prezava a honra, sem entender que coisa era. Ia com os outros. Em quantas pequeninas coisas sentia-me ofendida! Agora me envergonho.

Como falou bem quem disse que honra e proveito espiritual não combinam! Todavia, não sei se o disse a esse propósito. Mas assim é ao pé da letra. Proveito da alma e aquilo a que o mundo chama honra jamais se unem. É de pasmar ver quanto o mundo anda às avessas. Bendito seja o Senhor que nos tirou dele. (...)

Praza a Deus não se condene uma alma por ter guardado esses negros pontos de honra, sem entender em que consiste a verdadeira honra!

E, depois, temos a ousadia de pensar que fizemos muito, quando perdoamos um nadinha qualquer, que nem era ofensa, nem injúria, nem coisa alguma. Como se tivéssemos feito uma proeza, muito convencidas, diremos ao Senhor que nos perdoe, porque temos perdoado! Fazei-nos, meu Deus, compreender que não nos conhecemos e que nos apresentamos diante de vós com as mãos vazias. Perdoai-nos, por vossa misericórdia!

Na verdade, Senhor, todas as coisas acabam e o castigo é eterno. Não vejo obra alguma digna de vos ser apresentada em troca da imensa graça do perdão por vós concedida. Só o podeis fazer em atenção ao vosso Filho que vos pede perdão por nós.

Mas quão apreciado deve ser pelo Senhor este amor recíproco! O bom Jesus bem pudera apresentar a seu pai outras obras e dizer-lhe: "Perdoai-nos, Senhor, porque fazemos austera penitência, ou porque rezamos muito e jejuamos, deixamos tudo por vós e muito vos amamos". Não alega ainda: "Porque daríamos a vida por vós", nem outros possíveis encarecimentos, senão somente: porque perdoamos.

Ele sabe que somos amigos desta negra honra. Por ser a coisa mais difícil de obter de nós e a mais agradável a seu Pai, oferece-a o Senhor, de nossa parte, apresentando-a para alcançar o perdão.

Verificai bem, irmãs, o que diz o bom Jesus: assim como nós perdoamos. Fala como de coisa já feita. Prestai grande atenção a este ponto. Ao sair desta oração, em que a alma recebe de Deus grandes graças na contemplação perfeita, examinai bem se ela está muito resolvida a perdoar e, quando surge a ocasião, se de fato ela perdoa qualquer injúria, por grave que seja - e não certas ninharias que chamam injúrias. Do contrário, não há que fiar de sua oração."

Sta Teresa D'Avila, Caminho de Perfeição
Créditos: GRAA

Comentário ao Evangelho do dia (23/10) feito por São Bernardo

Monge cisterciense, Doutor da Igreja - (1091-1153)
Sermão sobre o Cântico dos Cânticos, nº 17, 2

Vigiar no Espírito Santo

Temos de estar vigilantes e atentos à obra da salvação que se realiza em nós, porque é com admirável subtileza e com a delicadeza de uma arte divina que o Espírito Santo realiza continuamente esta obra no mais íntimo do nosso ser. Que esta unção que tudo nos ensina não nos seja retirada sem que tenhamos consciência disso, e que a sua vinda não nos apanhe desprevenidos. Pelo contrário, convém-nos estar permanentemente atentos, com o coração totalmente aberto, para recebermos esta bênção generosa do Senhor. Em que disposições quer o Espírito encontrar-nos? «Sede como os servos que esperam o seu senhor, quando ele regressa das núpcias.» Ele nunca regressa de mãos vazias da mesa celeste, com todas as alegrias que esta prodigaliza.

Temos, pois, de velar, e de velar em todo o momento, porque nunca sabemos a que horas virá o Espírito, nem a que horas voltará a partir. O Espírito vai e vem (Jo 3, 8); se, graças à Sua presença, nos mantemos de pé, quando Ele Se retira caímos inevitavelmente, mas sem nos magoarmos, porque o Senhor nos sustenta com a Sua mão. E o Espírito não cessa de comunicar esta alternância de presença e ausência aos que são espirituais, ou antes, àqueles que têm a intenção de se tornar espirituais. É por isso que os visita de madrugada, pondo-os em seguida subitamente à prova.

Fonte: Evangelho Quotidiano

domingo, 21 de outubro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (21/10) feito por São João Crisóstomo

Presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilia contra o anomeanismo
«O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida»

Ao cobiçar os primeiros lugares, os mais altos cargos e as honras mais elevadas, os dois irmãos, Tiago e João, queriam, na minha opinião, ter autoridade sobre os outros. É por isso que Jesus Se opõe à sua pretensão, e põe a nu os seus pensamentos secretos dizendo-lhes: «Quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos.» Por outras palavras: «Se ambicionais o primeiro lugar e as maiores honras, procurai o último lugar, aplicai-vos a tornar-vos os mais simples, os mais humildes e os mais pequenos de todos. Colocai-vos atrás dos outros. Tal é a virtude que vos trará a honra a que aspirais. Tendes junto a vós um exemplo notável: 'Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por todos' (Mc 10,45). Eis como obtereis glória e celebridade. Olhai para Mim: Eu não procuro honras nem glória e, no entanto, o bem que faço é infinito.»


Bem sabemos que, antes da Incarnação de Cristo e da Sua vinda a este mundo, tudo estava perdido e corrompido; mas, depois de Ele Se ter humilhado, tudo restabeleceu. Aboliu a maldição, destruiu a morte, abriu o paraíso, acabou com o pecado, escancarou as portas do céu para levar para lá as primícias da nossa humanidade. Propagou a fé em todo o mundo. Expulsou o erro e restabeleceu a verdade. Fez subir a um trono real as primícias da nossa natureza. Cristo é o autor de bens infinitamente numerosos, que nem a minha palavra nem nenhuma palavra humana poderiam descrever. Antes da Sua vinda a este mundo, só os anjos O conheciam; mas, depois de Ele Se ter humilhado, toda a raça humana O reconheceu. 

Créditos: Evangelho Quotidiano

Comentário ao Evangelho do dia (20/10) feito por Paixão de Santas Felicidades e Perpétua

Paixão das Santas Felicidade e Perpétua (início do século III)
§§ 2-3
«Todo aquele que se declarar por Mim diante dos homens, também o Filho do Homem Se declarará por ele diante dos anjos de Deus»

Prenderam alguns jovens catecúmenos: Revocato e Felicidade, ambos escravos, Saturnino e Secundino, e com eles encontrava-se Víbia Perpétua. Esta era nobre de nascimento, tivera uma educação esmerada e fizera um bom casamento. Perpétua tinha ainda pai e mãe, dois irmãos – um dos quais catecúmeno, também – e uma criança ainda de peito. Tinha cerca de vinte e dois anos. Ela própria relatou a história completa do seu martírio. Ei-la, escrita por seu  punho, com base nas suas impressões:


«Estávamos ainda com os guardas, mas o meu pai já estava a tentar convencer-me. Na sua ternura, tudo fazia para me enfraquecer a fé.
- Pai, disse-lhe eu, estás a ver esse vaso caído no chão, a bilha e aquela coisa ali?
- Estou, disse o meu pai.
- Podemos designá-las por outro nome que não seja o seu?, pergunto-lhe eu.
- Não, respondeu.
- Pois bem, também eu não posso ter outro nome que não seja o meu, mas apenas o meu nome verdadeiro: sou cristã.


«O meu pai ficou exasperado com tais palavras, e avançou para dar cabo de mim. Limitou-se a agarrar-me e abanar-me com força e foi-se embora, com os argumentos do demónio, vencido. Durante alguns dias não voltei a ver o meu pai; dei graças a Deus por isso, essa ausência foi para mim um alívio. Foi precisamente durante esse curto lapso de tempo que fomos baptizados. O Espírito Santo inspirou-me a nada pedir à santa água a não ser força para resistir fisicamente.


«Alguns dias mais tarde, fomos transferidos para a prisão de Cartago. Fiquei espantada com esta prisão: nunca me vira em trevas tais. [...] A inquietação devorava-me, por causa do meu filho. [...] Acalmava o meu irmão, pedindo-lhe que tomasse conta do meu filho. Sofria muito por ver a minha família sofrer por causa de mim. Durante longos dias, estas inquietações torturaram-me. Acabei por conseguir que o meu filho viesse ficar comigo na prisão. Recuperou as forças sem demora. De repente, a prisão transformou-se-me num palácio, e e eu sentia-me ali melhor do que em qualquer outro lugar.» 

Créditos: Evangelho Quotidiano

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Amar a Deus...


"Nunca me sinto contente como quando penso no presente ou tocado de sofrimento, então digo: Quero amar a Deus nesse momento como se fosse o ultimo de minha vida, com alegria, sem pensar no futuro"

Pensamentos de São Paulo da Cruz
Créditos: Filhos da Cruz

Da honra que se deve prestar à gloriosa Santíssima Virgem - São Paulo da Cruz


As riquezas da nossa soberana Senhora são tantas, é um oceano tão profundo de perfeições. que somente aquele grande Deus que a enriqueceu de tão grande tesouros as conhece.
A grande chaga de amor. com que foi docemente ferido o seu puríssmo coração, desde o primeiro instante de sua puríssima e imaculada conceição. cresceu tanto durante todo o decurso de sua santíssima vida. que obrigou sua alma santíssima a partir do corpo. Assim essa morte de amor, mais doce que a própria vida, pôs termo ao grande mar de dores que esta grande Mãe sofreu em todo o decorrer de sua santíssima existência, não só na sacratíssima Paixão de Jesus, mas ao ver tantas ofensas dos homens ingratos a Majestade divina,
Rejubilemo-nos, pois, em Deus, nosso Bem e festejemos o grande triunfo de Maria, nossa grande Rainha e Mãe. Alegremo-nos por ter ela sido exaltada acima dos coros dos Anjos e colocada à direita de seu divino Filho. Nesse grande Coração santíssimo de Jesus pode-se gozar das glórias de Maria Santíssima, amando-a com o Coração puríssimo do divino Filho. E. se Jesus o permitir, voar até o purissino Coração de Maria e rejubilar-nos com ela, alegrando-nos por terem acabado tantos sofrimentos e dores, e pedir-lhe a graca de permanecer sempre imersos no mar imenso do Amor divíno, do qual procede aquele outro mar dos sofrimentos de Jesus e das dores de Maria. Deixemo-nos penetrar por esses sofrimentos, por essas dores. Deixemos que se afie bem a espada ou lança ou dardo, para que se aprofunde mais em nós a ferida do amor; pois, quanto mais profunda for a ferida do amor. mais depressa será libertada do cárcere a (alma) prisioneira.
Eu estou num abismo de trevas e não sei falar destas maravilhas. Quem desejar agradar mais a Maria Santíssima deve humilhar-se, aniquilar-se, porque Maria a mais humilde das criaturas e, por isso, pela sua humildade, mais que todos agradou a Deus. Rogai, pois, a Maria não tarde mais a alcançar-vos a graça e ser verdadeiramente humilde e virtuosa, toda abrasada de amor. Dizei-lhe que está em suas mãos conceder-vos o favor de ferir o vosso coração com o agudo dardo do amor e que a espada ou lança penetre bem a fundo.
Pedi também por mim, pelas atuais necessidades da santa Igreja e de todo o mundo, pelas almas do purgatório e principalmente por aqueles pelos quais maior obrigação temos de orar, bem como por esta mínima Congregação: que Maria Santissima a proteja e enriqueça de santos obreiros, pois ela é a Tesoureira das graças e Sua Divina Majestade quer que tudo passe pelas suas mãos.
Das Cartas de São Paulo da Cruz (Lettere, 1. pp. 349-250)
Créditos: Apaixonados pela Vida

Comentário ao Evangelho do dia (19/10) feito por São João Eudes

Presbítero, pregador, Fundador de Institutos Religiosos - (1601-1680)
O Reino de Jesus, II, 30

«Colocai nas mãos de Deus qualquer preocupação,
pois é Ele que cuida de vós» (1 Pd 5,7)

O nosso muito amoroso Salvador assegura-nos em vários lugares das Suas sagradas Escrituras que tem um cuidado e uma vigilância constantes em relação a nós, que nos traz e sempre nos trará ao colo, no Seu coração e nas Suas entranhas (Is 46,3-4). E não Se contentou em dizê-lo só uma ou duas vezes, mas di-lo e repete-o cinco vezes na mesma passagem.

E noutra passagem diz-nos que mesmo que fosse possível encontrar uma mãe que se viesse a esquecer do filho que carregou nas suas entranhas, Ele nunca Se esquecerá de nós (Is 49,15-16); que nos escreveu nas mãos, para nos ter sempre diante dos olhos (Is 49,17); que quem nos fere, fere a pupila dos Seus olhos (Zc, 2,12); que não nos devemos preocupar com as coisas que são necessárias para viver e para vestir, que Ele sabe bem que precisamos de tudo isso e cuida de nós (Mt 6,31-34); que contou todos os cabelos da nossa cabeça (Mt 10,30) e que não perderemos um só (Lc 21,18); que Seu Pai nos ama como O ama a Ele, e que Ele nos ama como Seu Pai O ama (Jo 15,9; 17,26); que quer que estejamos onde Ele estiver (Jo 17,24), quer dizer, que estejamos descansando com Ele no seio e no coração de seu Pai (Jo 1,2).

Fonte: Evangelho Quotidiano

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (17/10) feito por São (Padre) Pio de Pietrelcina

Capuchinho - (1887-1968) - AP; CE 47
«
Ai de vós, fariseus, porque gostais do primeiro lugar nas
sinagogas e de ser cumprimentados nas praças!»

A verdadeira humildade do coração, mais do que exteriorizada, é sobretudo sentida e vivida. De facto, temos sempre de nos mostrar humildes na presença de Deus, mas não com aquela falsa humildade que apenas leva ao desencorajamento, ao abatimento e ao desespero. Temos de desconfiar de nós próprios, de não pôr os nossos interesses por cima dos dos outros, temos de nos julgar inferiores ao próximo.

Se é preciso ter paciência para suportar as misérias dos outros, mais paciência ainda é precisa para aprendermos a suportar-nos a nós próprios. Porque as tuas infidelidades são quotidianas, deves continuamente praticar actos de humildade. Quando o Senhor te vir assim arrependido, estender-te-á a mão e atrair-te-á a Si.

Neste mundo, ninguém merece nada; é o Senhor que nos concede tudo, por pura benevolência e porque, na Sua infinita bondade, tudo nos perdoa.

Créditos: Evangelho Quotidiano

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (16/10) feito por São Rafael Arnaiz Baron

Monge trapista espanhol
Escritos espirituais, 04/03/1968


Vós purificais o exterior, mas Deus encontra-Se no interior

Se as pessoas que procuram a Deus soubessem! Se esses sábios que buscam a Deus no conhecimento intelectual e nas vãs discussões soubessem; se os homens soubessem onde se encontra Deus! Quantas guerras se evitariam; quanta paz não haveria no mundo, quantas almas seriam salvas. Insensatos e tolos, os que procuram a Deus onde Ele não está! Escutai e espantai-vos: Deus está no coração do homem, isso eu sei. Mas reparai, Deus vive no coração do homem quando esse coração está desapegado de tudo o que não é Ele, quando esse coração se apercebe de que Deus bate à porta (Ap 3,20) e, varrendo e limpando todas as suas salas, se dispõe a receber Aquele que é o único que o pode saciar.


Que bom é viver assim, com Deus no mais fundo do coração; que doçura tão grande vermo-nos cheios de Deus! [...] Custa pouco, não custa mesmo nada fazer tudo o que Ele quer, pois amamos a Sua vontade e até mesmo a dor e o sofrimento se tornam paz, pois sofremos por amor. Só Deus sacia a alma e a preenche plenamente. [...] Que venham os sábios perguntar onde está Deus: Deus encontra-Se onde o sábio, com toda a sua orgulhosa ciência, não consegue chegar.


Créditos: Evangelho Quotidiano

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Êxtase de Santa Teresa - Irmã Kelly Patrícia



Letra:


Eu ia pelo mosteiro, eu ia pensando no meu grande amor
Tinha perdido umas chaves, por certo no corredor.
Olhava em todo cantinho mirava uma planta, mirava uma flor,
Que São José me ajudasse, Nossa Senhora e Nosso Senhor.
Parei ao pé de uma escada, minha alma inundava suavíssima luz.
Quando na entrada do claustro, alguma coisa reluz.
Vi dois formosos bracinhos pra mim abertinhos em forma de cruz,
Ai que Menino tão lindo! Tão lindo, tão lindo! Menino Jesus!
Fiquei até abobada, fiquei extasiada ante aquela lindeza,
E quando indagou meu nome quase morri de surpresa,
Tereza só de Jesus, a mais indigna serva de vossa realeza.
E o teu? O meu ?
O meu teu nome invertido,
É bem parecido é Jesus de Tereza

Impressão de Santa Teresa ao visitar a casinha de São João da Cruz, em Durvelo

"Ao entrar na capela, fiquei admirada ao ver o espírito que o Senhor havia infundido ali. E não só eu, pois dois mercadores, meus amigos, que haviam vindo comigo de Medina, não faziam outra coisa senão chorar! Nunca me esqueço de uma pequena cruz de madeira sobre a pia de água benta: sobre essa cruz estava colada uma imagem de Cristo, feita de papel, que parecia suscitar mais devoção que se fosse feita de material muito bem trabalhado"

Sta Teresa de Jesus, As Fundações.
Créditos: Amor e Pobreza

Desprezo de si e humildade - Sta Teresa D'Avila

 
 
A princípio, tudo se nos afigura muito árduo, e com razão, porque é guerra contra nós mesmos. Mas começando a trabalhar, Deus opera tanto na alma e lhe faz tai favores, que ela acha pouco tudo quanto se pode fazer nesta vida.

(...) Tudo, ou ao menos quase tudo, depende do esquecimento de nós mesmas e de nossas comidades. Quem deveras começa a servir ao Senhor, o mínimo que lhe pode oferecer é a vida, depois de lhe ter dado a vontade. Que há de temer?

(...) Aprendamos a contradizer em tudo a nossa vontade própria. Se empregardes nisto toda diligência, a pouco e pouco estareis no cume sem saber como. Parece demasiada exigência dizer que não tenhamos satisfação em coisa alguma! É porque não se diz a um tempo quantos prazeres e alegrias acarretam esta contradição, e o que se ganha com ela, ainda nesta vida! Quanta segurança!

(...) Acerca dos movimentos interiores haja muita vigilância, especialmente no que se refere às proeminências. Deus nos livre, por sua Paixão, de dizer ou pensar, para deter-nos nisto: "Sou mais antiga", "tenho mais anos", "trabalhei mais", "tratam melhor a outra". Se surgirem tais pensamentos, atalhai-os com presteza. Demorar neles ou pô-los em prática é peste e origem de grandes males. 

(...) Onde houver disputas de honra ou de dinheiro, crede-me, nunca progredirão muito. Não chegareis a gozar do verdadeiro fruto da oração, ainda que tenhais dela muitos anos de exercício - ou, para melhor dizer, de meditação - porque oração perfeita elimina esses ressaibos.

(...) Considere cada um em si o que tem de humildade e verá os progressos que fez. Parece-me que ao verdadeiro humilde, ainda por primeiro movimento, não ousará o demônio tentar em matéria de superioridades. Sagaz como é, teme o golpe. É impossível uma alma humilde não sair com maior fortaleza e aproveitamento na humildade quando é tentada contra ela.

Está claro, nessa tentação ela revê sua vida passada, compara os seus pobres serviços com os benefícios recebidos de Deus, examina seus próprios pecados e o lugar onde merecia estar por eles. Considera também as grandezas que o Senhor realizou aniquilando-se a Si mesmo para nos deixar exemplo de humildade. Isto faz tanto bem à alma, que o maligno não ousa tornar à carga, para não sair com a cabeça quebrada.

Segui este meu conselho e não o esqueçais: para vingar-vos do demônio e livrar-vos depressa da tentação, não vos contenteis em tirar proveito só no interior - grande mal seria se assim não fosse - mas, também no exterior, procurai que os irmãos se beneficiem com vossas tentações.

Assim que a tentação vos assaltar pedi à prelada que vos mande fazer algum serviço baixo, ou fazei-o como puderdes. Nesta matéria vive sempre estudando o modo de dobrar vossa vontade nas coisas que vos contrariam. O Senhor vos fará descobrir as ocasiões, e com isto durará pouco a tentação.

Deus nos livre de pessoas, desejosas de o servir, que se lembram da própria honra! É mau lucro. 

Sta Teresa D'Avila, Caminho de Perfeição, Cap. 12
Créditos: GRAA

Comentário ao Evangelho do dia (15/10) feito por São Pedro Crisólogo

Bispo de Ravena, doutor da Igreja - Sermão 3; PL 52, 303-306

«Esta geração pede um sinal»

É o próprio Jonas que pede que o atirem para fora do barco: «Pegai em mim e lançai-me ao mar», disse (Jn 1,12) - o que designa a Paixão voluntária do Senhor. [...] Mas eis que surge um monstro das profundezas, eis que se aproxima um grande peixe que vai realizar e manifestar plenamente a ressurreição do Senhor, ou melhor, engendrar esse mistério. Eis o monstro, imagem terrível do inferno, que, quando abre a garganta faminta para o profeta, prova e assimila o poder do seu Criador e, ao devorá-lo, se compromete na verdade a nunca mais devorar ninguém. A temível morada das suas entranhas prepara a morada para o Visitante que virá do alto; de tal maneira que aquilo que fora causa de desgraça se torna a barca impensável para uma travessia necessária, retendo o passageiro e expulsando-o três dias depois na margem. Assim era dado aos pagãos o que tinha sido arrancado aos inimigos de Cristo. E aos que pediram um sinal, o Senhor achou por bem dar-lhes apenas esse símbolo, pelo qual compreenderiam que a glória que esperavam receber de Cristo devia ser também dada aos pagãos. [...]

Pela malícia dos Seus inimigos, Cristo foi mergulhado nas profundezas do caos da morada dos mortos; durante três dias, percorreu todos os recantos desta morada (1Pe 3,19). E quando ressuscitou, ao mesmo tempo que destruiu a maldade dos Seus inimigos, fez brilhar a Sua própria grandeza e o Seu triunfo sobre a morte.
É portanto justo que os habitantes de Nínive se elevem no dia do juízo para condenar esta geração, pois eles converteram-se pela proclamação de um só profeta naufragado, estrangeiro, desconhecido; enquanto as pessoas desta geração, depois de tantas obras admiráveis e de tantos milagres, com todo o brilho da ressurreição, não se tornaram crentes nem se converteram.

Fonte: Evangelho Quotidiano

sábado, 13 de outubro de 2012

Por que te amo, Ó Maria (Santa Teresinha do Menino Jesus) - Ir. Kelly Patrícia

Iniciamos hoje a colocar aqui as belíssimas canções na doce voz da Irmã Kelly Patrícia, baseadas nos escritos de Santos como Santa Teresinha do Menino Jesus, Santa Teresa D'Ávilla, São João da Cruz, Santa Faustina, e muitos outros. Para combinar com o dia de hoje, sábado, e com a festa de Nossa Senhora Aparecida, que celebramos ontem, publicamos, primeiramente, Porque te amo, Ó Maria, versão do sublime poema composto por Santa Teresinha, no final de sua vida, em honra à Nossa Senhora.


Comentário ao Evangelho do dia (13/10) feito por Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein)

Carmelita, mártir, co-padroeira da Europa
A oração da Igreja
 
«Felizes os que escutam a palavra de Deus e a põem em prática»

Foi no silêncio eterno da vida interior de Deus que a decisão da redenção foi tomada. E foi na obscuridade de uma casa silenciosa de Nazaré que a força do Espírito Santo desceu sobre a Virgem, que estava sozinha e em oração, e se realizou a encarnação de Cristo. Em seguida, reunida em oração silenciosa em torno da Virgem (Act 1,14), a Igreja nascente esperava a nova efusão do Espírito, que fora prometido para lhe dar a vida, a clareza interior, a fecundidade e a eficácia. [...]


É neste diálogo silencioso entre os seres abençoados por Deus e o seu Senhor que se preparam os acontecimentos da história da Igreja, que são visíveis de longe e que renovam a face da terra (Sl 103,30). A Virgem, que guardava em seu coração cada palavra dita pelo Senhor (Lc 2,19; 1,45), prefigura os seres atentos em quem a oração sacerdotal de Jesus renasce constantemente para a vida. 

Fonte: Evangelho Quotidiano

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (12/10) feito por Homilia atribuída a São Macário


Monge do Egipto - Homilia 33
«A Sua própria casa somos nós» (Heb 3, 6)
O Senhor instala-Se numa alma fervorosa, faz dela o Seu trono de glória, toma assento nela e nela permanece. [...] Esta casa onde habita o seu mestre é toda graça, ordem e beleza, assim como a alma com quem o Senhor permanece é toda ordem e beleza. Ela possui o Senhor e todos os Seus tesouros espirituais. Ele habita nela, e nela domina.
Que terrível, porém, é a casa de onde o Senhor está ausente, longe da qual o Senhor Se encontra! Esta casa deteriora-se, arruína-se, enche-se de manchas e de desordem, tornando-se, na palavra do profeta, lugar de reunião de serpentes e de sátiros, casa abandonada que se enche de gatos selvagens, de hienas e de cardos (Is 35, 11-15). Infeliz da alma que não consegue levantar-se de queda tão funesta, que se deixa prender e acaba por odiar o esposo e por desviar os seus pensamentos de Jesus Cristo!
Mas quando o Senhor a vê recolher-se e procurar, noite e dia, o seu Senhor, chamá-Lo como Ele a convida a fazer: «Orai sem desfalecer», então «Deus far-lhe-á justiça» (Lc 18, 1-7), como prometeu, e purificá-la-á de todo o mal, fazendo dela uma esposa «sem mancha nem ruga» (Ef 5, 27). Acredita na Sua promessa, que é a verdade. Verifica se a tua alma encontrou a luz que lhe iluminará os passos, bem como o alimento e a bebida verdadeiros, que são o Senhor. Ainda os não tens? Procura noite e dia, e encontrá-los-ás.
Fonte: Evangelho Quotidiano

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (10/10) feito por São Cipriano

Bispo de Cartago, mártir
A Oração do Senhor, 9-11; PL 4, 520ss.


Seus filhos no Filho

Como são numerosas e intensas as riquezas da oração do Senhor! São coligidas em poucas palavras, mas de uma densidade espiritual inesgotável, a ponto de nada faltar neste resumo perfeito do que deve constituir a nossa oração. Está escrito: «Orai assim: Pai Nosso, que estais nos céus».


O homem novo, que nasceu de novo e foi conduzido a Deus pela graça, diz primeiro: «Pai», porque se tornou Seu filho. O Verbo, a Palavra de Deus, «veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam. Mas a quantos O receberam, aos que n'Ele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1,11-12). Aquele que acreditou no Seu nome e se tornou filho de Deus deve começar por dar graças e proclamar que é realmente filho de Deus. [...] Mas não basta, irmãos bem-amados, termos consciência de que invocamos o Pai que está nos céus; também acrescentamos: «Pai nosso», ou seja Pai dos que crêem no Seu Filho, dos que se santificaram por Ele e nasceram de novo pela graça espiritual: esses tornaram-se realmente filhos de Deus. [...]


Quão grande é a misericórdia do Senhor, quão grandes são a Sua benevolência e a Sua bondade, para nos permitirem orar assim na presença de Deus, a ponto de Lhe chamamos Pai! Como Cristo é Filho de Deus, assim nós também somos chamados filhos. Nenhum de nós teria ousado empregar esta palavra na oração: foi necessário que o próprio Senhor nos encorajasse a isso.

Fonte: Evangelho Quotidiano

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

São Josemaria Escrivá sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus

 
 
Quando na Sagrada Escritura se fala do coração, não se alude a um sentimento passageiro, que produz emoção ou lágrimas. Fala-se do coração para indicar a pessoa que, como nos manifestou o próprio Jesus, se orienta toda ela - alma e corpo - para o que considera o seu bem: Porque onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração.

Por isso, quando falamos do Coração de Jesus, pomos de manifesto a certeza do amor de Deus e a verdade da sua entrega por nós. Recomendar a devoção a esse Sagrado Coração equivale a recomendar que nos orientemos integralmente - com tudo o que somos: alma, sentimentos, pensamentos, palavras e ações, trabalhos e alegrias - para Jesus todo.

Nisto se traduz a verdadeira devoção ao Coração de Jesus: em conhecer a Deus e nos conhecermos a nós mesmos, e em olhar para Jesus e recorrer a Jesus, que nos anima, nos ensina, nos guia. A única superficialidade que pode existir nessa devoção é a do homem que, não sendo integralmente humano, não consegue aperceber-se da realidade de um Deus feito carne.

Jesus na Cruz, com o coração trespassado de Amor pelos homens, é uma resposta eloquente - as palavras são desnecessárias - à pergunta sobre o valor das coisas e das pessoas. Os homens, a sua vida e a sua felicidade, valem tanto que o próprio Filho de Deus se entrega para os redimir, para os purificar, para os elevar. Quem não amará o seu Coração tão ferido?, perguntava uma alma contemplativa, ao dar-se conta disso. E continuava a perguntar: Quem não retribuirá amor com amor? Quem não abraçará um Coração tão puro? Nós, que somos de carne, pagaremos amor com amor, abraçaremos o nosso Ferido, Aquele a quem os ímpios atravessaram as mãos e os pés, o lado e o Coração. Peçamos que se digne prender o nosso coração com o vínculo do seu amor e feri-lo com uma lança, pois é ainda duro e impenitente.

S. Josemaria Escrivá, É Cristo que Passa.
Créditos: GRAA

Os que não acabaram - São João de Ávila



Vinham os magos, decididos. Quem não se decide a servir a Deus por toda a vida ou a morrer à sua procura não está capacitado para a guerra. Deus ordenava aos israelitas que, à hora de entrarem em combate numa guerra, se anunciasse por meio de um arauto que todos os que estivessem construindo uma casa e ainda não a tivessem acabado, e todos os que tivessem plantado uma vinha e ainda não tivessem colhido os frutos, e todos os casados e todos os medrosos – voltassem para suas casas (Deut 20, 5 e segs; 1 Mac 3, 56 e Jz 7, 3).

- “Padre, que quereis dizer com isso?” Que nem todos estão capacitados para a guerra. Porque dirás: – “Não acabei o que estava fazendo”. Tereis o corpo na guerra e o coração em casa (cf. Mt 6, 21). Esses são os homens sobrecarregados com os ocupações da vida: – “Que farei, que comerei, como sustentarei os meus filhos?” (cf. Mt 6, 25 e 31). Julgais que, preocupando-vos em demasia, conseguireis manter-vos. Infeliz o homem que não se apóia em Deus, mas que vive pensando se choverá muito ou se não choverá!

Dou-te este sinal para que vejas se estás apoiado em Deus: se nas dificuldades te afliges, se nos sofrimentos te encolhes, não estás apoiado em Deus. Na hora da angústia me reconfortastes (Sl 4, 2), diz Davi. – “Não posso Eu sustentar-te sem a chuva?”, diz-te o Senhor. Aquele que se apóia em Deus não se deixa abater nem pelos sofrimentos, nem pelas angústias, nem pela morte, nem pelo inferno. Quem não se apóia n’Ele, quanto medo sente, como anda preocupado!

Disse Jesus Cristo: Não vos preocupeis pela vossa vida, nem pelo vosso corpo, nem pelo que vestireis (Mt 6, 25-31). Estais tão cheios de preocupações com o muito comer e beber que, se a palavra de Deus entrar nos vossos corações, um minuto depois será sufocada! (cf. Mt 13, 22) Trabalhai e ganhai o suficiente para comer, que Deus assim o quer, mas essas preocupações e angústias desmedidas são sinal de que não estais apoiados em Deus. Quem se encontra nesse estado não irá para a guerra.

São João de Ávila, “O Mistério do Natal”
Créditos: Deus lo Vult!

Comentário ao Evangelho do dia (08/10) feito por São Gregório de Nissa

Monge, Bispo - Homilia 15 sobre o Cântico dos Cânticos

O bom Samaritano

«Este é o meu amado; este é o meu amigo, mulheres de Jerusalém» (Ct 5,16). A Esposa do Cântico mostra aquele que procurava, dizendo: «Eis Quem eu procuro, Aquele que, para Se tornar nosso irmão, veio de Judá. Tornou-Se amigo daquele que caiu nas mãos dos salteadores; curou as suas feridas com azeite, vinho e ligaduras; içou-o para a Sua própria montada; levou-o para uma estalagem; deu duas moedas de prata para que cuidassem dele; e prometeu pagar, quando regressasse, o que tivessem gastado no cumprimento das suas ordens». Cada um destes detalhes tem um significado bem evidente.

O doutor da Lei tentou o Senhor e quis mostrar a sua superioridade em relação aos outros, dizendo: «E quem é o meu próximo?» O Verbo expõe-lhe então, sob a forma de uma narrativa, toda a história sagrada da misericórdia: conta a queda do homem, a emboscada dos salteadores, o roubo da veste incorruptível, as feridas do pecado, a invasão causada pela morte em metade da nossa natureza (uma vez que a nossa alma permanece imortal), a passagem inútil da Lei (uma vez que nem o sacerdote nem o Levita trataram das feridas daquele que tinha caído nas mãos dos salteadores).

«Era, na verdade, impossível que o sangue dos toiros e dos carneiros apagasse o pecado» (Heb 10,4): só o podia fazer Aquele que revestiu toda a natureza humana: a dos judeus, dos samaritanos, dos gregos, numa palavra, de toda a humanidade. Com o Seu corpo, que é a montada, Ele veio ao encontro da miséria do homem. Curou as suas feridas, fê-lo repousar na Sua própria montada, fez da Sua Misericórdia uma estalagem, onde todos os que penam e se vergam sob o seu fardo encontram repouso (cf. Mt 11,28).

Fonte: Evangelho Quotidiano

sábado, 6 de outubro de 2012

Tudo é nada comparado a Ele


Considera o que há de mais formoso e grande na terra..., o que apraz ao entendimento e às outras potências..., o que é recreio da carne e dos sentidos... E o mundo, e os outros mundos que brilham na noite: o Universo inteiro.

E isso, mais todas as loucuras do coração satisfeitas..., nada vale, é nada e menos que nada, ao lado deste Deus meu! - teu! -, tesouro infinito, pérola preciosíssima, humilhado, feito escravo, aniquilado sob a forma de servo no curral onde quis nascer, na oficina de José, na Paixão e na morte ignominiosa..., e na loucura de Amor da Sagrada Eucaristia.

S. Josemaria Escrivá, Caminho, n. 432
Créditos: GRAA

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O testamento de Irmã Faustina




“Domingo da Pascoela. [Festa da Divina Misericórdia] Hoje novamente me ofereci em sacrifício ao Senhor, como holocausto pelos pecadores. Meu Jesus, se já está próximo o fim da minha vida, suplico-Vos humildemente, aceitai a minha morte em união Convosco como um holocausto que hoje Vos faço no pleno gozo das minhas faculdades mentais e com toda a consciência, com um tríplice objetivo:
Primeiro — para que a obra da Vossa misericórdia se difunda pelo mundo todo e para que a Festa da Misericórdia seja solenemente aprovada e comemorada.
Segundo — para que os pecadores recorram à Vossa misericórdia, experimentando
os inefáveis efeitos dessa misericórdia, especialmente as almas agonizantes.
Terceiro — para que toda a obra da Vossa misericórdia seja executada de acordo com os Vossos desejos e por certa pessoa, que dirige esta obra..." (Diário, 1680).

O Terço da Divina Miericórida - Santa Faustina

Sobre uma visão em 13 de setembro de 1935, Irmã Faustina escreve:

"Eu vi um anjo, o executor da cólera de Deus... a ponto de atingir a terra ... Eu comecei a implorar intensamente a Deus pelo mundo, com palavras que ouvia interiormente. À medida em que assim rezava, vi que o anjo ficava desamparado, e não mais podia executar a justa punição..."

 No dia seguinte, uma voz interior lhe ensinou esta oração nas contas do rosário:

 "Primeiro reze um 'Pai Nosso', uma 'Ave Maria', e o 'Credo'. Então, nas contas maiores diga as seguintes palavras:

 'Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e do mundo inteiro.'

 Nas contas menores, diga as seguintes palavras:

 'Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.'

 Conclua dizendo estas palavras três vezes:

 'Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro.'

 Mais tarde, Jesus disse a Irmã Faustina:

 "Pela recitação desse Terço agrada-me dar tudo que Me pedem. Quando o recitarem os pecadores empedernidos, encherei suas almas de paz, e a hora da morte deles será feliz. Escreve isto para as almas atribuladas: Quando a alma vê e reconhece a gravidade dos seus pecados, quando se desvenda diante dos seus olhos todo o abismo da miséria em que mergulhou, que não desespere, mas se lance com confiança nos braços da minha Misericórdia, como uma criança nos braços da mãe querida. Estas almas têm sobre meu Coração misericordioso um direito de precedência. Dize que nenhuma alma que tenha recorrido a minha Misericórdia se decepcionou nem experimentou vexame..."

"....Quando rezarem este Terço junto aos agonizantes, Eu me colocarei entre o Pai e a alma agonizante, não como justo Juiz, mas como Salvador misericordioso".

 Créditos: www.luso.com.br

O Diário de Santa Faustina


O DIÁRIO, escrito em forma de memórias,
relaciona-se com os últimos quatro anos
de vida de Irmã Faustina.
Apresenta a imagem da união dessa alma com Deus, bem como a profundeza da sua vida espiritual.
O Senhor proporcionou a Irmã Faustina
grandes graças; o dom da contemplação,
o profundo conhecimento do mistério da Misericórdia Divina, as visões, as revelações, os estigmas ocultos,
o dom de profetizar e de ler nas almas humanas,
bem como o dom raramente encontrado
dos esponsais místicos
(v. Introdução do Diário de santa Irmã Faustina, p. 9).


"Secretária do Meu mais profundo mistério, deves saber que estás em exclusiva intimidade Comigo. A tua tarefa é escrever tudo que te dou a conhecer sobre a Minha misericórdia para o proveito das almas, que lendo estes escritos experimentarão consolo na alma e terão coragem de se aproximar de Mim. E, por isso, desejo que dediques todos os momentos livres a escrever" (Diário, 1693).

"Através de ti, como através dessa Hóstia, passarão os raios da misericórdia para
o mundo" (Diário, 441).


"Meu Coração está repleto de grande misericórdia para com as almas, e especialmente para com os pobres pecadores. Oxalá, possam compreender que Eu sou para eles o melhor Pai, que por eles jorrou do Meu Coração o Sangue e a Água como de uma fonte transbordante de misericórdia. Para eles resido no Sacrário e como Rei de Misericórdia desejo conceder graças às almas (...) Oh! como é grande a indiferença das almas para com tanta bondade, para com tantas provas de amor. (...) para tudo têm tempo, apenas não têm tempo para vir buscar as Minhas graças" (Diário, 367).

"Ó infelizes, que não aproveitais esse milagre de misericórdia de Deus! Clamareis em vão, pois já será tarde demais" (Diário, 1448).

"Diz aos pecadores que ninguém escapará ao Meu braço. Se fogem do Meu misericordioso Coração, hão-de cair nas mãos da Minha justiça. Diz aos pecadores que sempre espero por eles, presto atenção ao pulsar dos coraçãos deles, para ver quando batem por Mim. Escreve que falo a eles pelos remorsos da consciência, pelos malogros e sofrimentos, pelas tempestades e raios; falo pela voz da Igreja e, se menosprezarem todas as Minhas graças, começarei a Me zangar com eles, deixando-os a si mesmos, e dou-lhes o que desejam" (Diário, 1728).

(O Díário de Santa Faustina)
Créditos: jesus-misericordioso

Comentário ao Evangelho do dia (05/10) feito por Beato John Henry Newman

Presbítero, fundador do Oratório em Inglaterra
Sermão «Cristo oculto do mundo»

«Quem vos ouve é a Mim que ouve, e quem
vos rejeita é a Mim que rejeita»

A Igreja é chamada corpo de Cristo. Ela é agora o que era o Seu corpo material quando Ele estava visível na terra. Ela é o instrumento do Seu poder divino. É dela que nos devemos aproximar para obter d'Ele o bem. E quando alguém a insulta, Ele enche-Se de cólera. Mas, a bem dizer, o que é a Igreja senão uma entidade humilde, que por vezes provoca o insulto e a impiedade nos homens que não vivem da fé? Ela é um «vaso de barro» (2Co 4,7). [...]

Sabemos que os melhores sacerdotes são imperfeitos e falíveis e estão sujeitos a más tendências como todos os seus irmãos. E, no entanto, foi sobre eles que Cristo, não falando apenas dos apóstolos mas dos setenta discípulos (aos quais os ministros cristãos são seguramente iguais em termos de responsabilidades), disse: «Quem vos ouve é a Mim que ouve, e quem vos rejeita é a Mim que rejeita; mas quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou».

Além disso, Ele tornou os pobres, os fracos e os aflitos testemunhas e agentes da Sua presença. É natural que nós tenhamos a mesma tentação de os negligenciar e os tratar com irreverência. Os Seus discípulos neste mundo são o que Cristo era e, assim como a Sua condição obscura e fraca levava os homens a insultá-l'O e a maltratá-l'O, assim também as mesmas características das testemunhas da Sua presença levam os homens actuais a insultá-las. [...] Por conseguinte, tanto agora como nos dias da Sua vida física, Cristo está neste mundo mas não de forma ostensiva.

Fonte: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

São Francisco de Assis e a Vocação Mais Perfeita

 
Thomas Merton

Estes pensamentos sobre a vocação são evidentemente incompletos. Mas há uma lacuna que precisa ser preenchida para evitar toda a confusão. Falamos das vidas ativa e contemplativa, sem até aqui nos referir à vocação que S. Tomás coloca acima de qualquer outra? a vida apostólica em que os frutos da contemplação são divididos com outros.

Em lugar de falar teoricamente desta vocação, consideremo-la, antes, em sua perfeita encarnação num dos maiores santos: Francisco de Assis A estigmatização de S. Francisco foi o sinal divino de que ele foi de todos os santos o mais semelhante a Cristo. Ele conseguiu, mais do que nenhum outro, reproduzir em sua vida a simplicidade, a pobreza e o amor de Deus e dos homens, que marcaram a vida de Jesus. Mais do que isso, Ele foi um Apóstolo que encarnou perfeitamente o espírito e a mensagem do Evangelho. Conhecer S. Francisco é simplesmente compreender o Evangelho, e segui-lo no seu verdadeiro e integral espírito, é viver o Evangelho em toda a sua plenitude. O gênio da sua santidade fê-lo capaz de comunicar ao mundo os ensinamentos de Cristo não neste ou naquele aspecto, não em fragmentos desenvolvidos pelo pensamento e a análise, mas na total plenitude da sua simplicidade existencial. S. Francisco foi, como devem ser todos os santos, simplesmente "um outro Cristo".

Sua vida não reproduziu somente este ou aquele mistério da vida de Cristo. Ele não se contentou de reviver as humildes virtudes da infância divina e da vida oculta em Nazaré. Não foi só tentado como Cristo no deserto ou cansado como Ele nas viagens do seu apostolado.  Não fez só milagres como Jesus. Não foi, apenas, crucificado como Ele. Todos esses mistérios foram unidos na vida de Francisco, e nós os encontramos todos ali, ora em separado, ora em conjunto. Cristo ressuscitado reviveu perfeitamente nesse santo que foi completamente possuído e transformado pelo Espírito da divina caridade.

A frase de S. Tomás, contemplata aliis tradere (dividir com outros os frutos da contemplação), não é retamente compreendida se não temos em mente a imagem de um S. Francisco andando pelas estradas da Itália medieval, transbordando de alegria com a mensagem que só podia ser-lhe diretamente comunicada pelo Espírito de Deus. A sabedoria e a salvação pregadas por Francisco foram não apenas a exuberância da mais alta espécie de vida contemplativa, mas foram simplesmente a expressão da plenitude do Espírito cristão, isto é, do Espírito Santo.

Homem algum poderá ser um apóstolo de Cristo, se não é cheio do Espírito Santo. E homem algum é cheio de Espírito Santo, se não faz o que normalmente se espera de um homem que segue Cristo até o fim: abandonar todas as coisas, para recobrá-las em Cristo.

O que há de notável em S. Francisco, é que no sacrifício que fez de todas as coisas, ele incluiu também todas as "vocações", no sentido limitado do termo. Edificados durante séculos pelos vários ramos da família religiosa franciscana, ficamos surpresos de pensar que S. Francisco se pôs em marcha nas estradas da Umbria, sem a menor idéia de possuir uma "vocação franciscana". E de fato não possuía. Ele lançara aos ventos todas as vocações, com as suas vestes e outras possessões. Não se considerava um apóstolo, mas um mendigo errante. Certamente não se tomou por monge; se tivesse querido ser monge, teria achado uma porção de mosteiros para entrar. E, evidentemente, não era também consciente de ser um "contemplativo". Nem se preocupava com comparações entre as vidas ativa e contemplativa. Levava, entretanto, as duas ao mesmo tempo, e com a mais alta perfeição. Nenhuma boa obra lhe foi estranha, nenhuma obra de misericórdia, corporal ou espiritual, faltou em sua bela vida! Sua liberdade abraçava tudo.

Francisco poderia ter sido ordenado padre. Recusou por humildade (pois isso também teria sido uma "vocação", e ele estava acima das vocações). Mas tinha, de fato, a perfeição e a quintessência do espírito apostólico de sacrifício e caridade, que são necessários na vida de cada sacerdote.

É preciso um instante de reflexão para aceitar o pensamento que S. Francisco nunca disse Missa, o que é difícil de crer a quem for penetrado do seu espírito.

Se havia em seu tempo uma vocação reconhecida, que Francisco podia ter associado com a sua vida, era a de eremita. Os eremitas foram os únicos membros duma classe definida de religiosos, que ele imitou com nitidez. Saía, frequentemente, para as montanhas a rezar e a viver solitário. Mas não pensou, jamais, que tinha a "vocação" de só fazer isto. Ficava sozinho enquanto o Espírito o conduzia à solidão, e depois deixava-se levar de volta às cidades e aldeias, pelo mesmo Espírito.

Se ele tivesse pensado nisso, poderia ter reconhecido que a sua vocação era essencialmente "profética". Era como outro Elias ou Eliseu, ensinado pelo Espírito na solidão, mas reconduzido por Deus às cidades dos homens com uma mensagem a dizer-lhes. As muitas facetas da vocação de um S. Francisco mostram que aqui ultrapassamos os ordinários "estados de vida". Mas é por este motivo mesmo que, ao falar de "vida mista", ou de "vocação apostólica", faríamos bem em pensá-las em termos de um S. Francisco ou de um Elias. A "vida mista" é muito facilmente reduzida ao seu nível mais baixo, onde ela não é mais que uma forma da vida ativa. Nesse plano, ela perde em comparação com a vida contemplativa. Por quê? Porque a dignidade da vida apostólica, segundo S. Tomás, deriva não do elemento de ação que ela contém, mas do elemento de contemplação. Uma vida de pregação sem contemplação não passa de uma "vida ativa", e, embora possa ser muito santa e meritória, não pode reivindicar a dignidade atribuída por S. Tomás à vida que "divide, com outros os frutos da contemplação".

Mas na proporção em que um frade mendicante se aproxima do ideal de fundador, na proporção em que ele vive a pobreza e a caridade de Francisco ou Domingos, e mergulha no conhecimento amoroso de Deus que só a poucos é concedido, na proporção em que se abandona ao Espírito Santo, ele ultrapassará de muito a perfeição contemplativa daquele cuja contemplação é um dom recebido para si somente.

MERTON, Thomas. Homem Algum É Uma Ilha. Rio de Janeiro: AGIR, 1968. p. 139-141.
Créditos: GRAA

Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo Ambrósio

bispo de Milão, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de Lucas 7, 45.59


«Como cordeiros para o meio de lobos»

Enviando discípulos para a messe que tinha sido bem semeada pelo Verbo do Pai, mas que clamava por ser trabalhada, cultivada, cuidada com solicitude para que os pássaros não roubassem a semente, Jesus declara-lhes: «Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos». [...] O Bom Pastor não teme que os lobos Lhe ataquem o rebanho; não enviou os Seus discípulos para se tornarem presas deles, mas para difundirem a graça. A solicitude do Bom Pastor faz com que os lobos não consigam atentar contra os cordeiros que Ele envia. E envia-os para que se realize a profecia de Isaías: «O lobo e o cordeiro pastarão juntos» (Is 65,25). [...] Além do mais, não têm os discípulos ordem de nem sequer levarem um cajado na mão? [...]


Portanto, aquilo que o humilde Senhor prescreveu, também os discípulos o realizam através da prática da humildade. Porque Ele não os enviou a semear a fé pela coacção, mas pelo ensino; não através da ostentação da força do seu poder, mas pela exaltação da doutrina da humildade. E considerou que era bom juntar a paciência à humildade, tendo em conta o testemunho de Pedro: «ao ser insultado, não respondia com insultos; ao ser maltratado, não ameaçava» (1Pe 2,23).


O que remete para o que foi dito: «Sede Meus imitadores: abandonai o desejo de vingança, não respondais aos ataques da arrogância retribuindo o mal, mas com a paciência que perdoa. Ninguém deve imitar aquilo que recebe dos outros; a mansidão atinge os insolentes de forma muito mais decisiva.»


Fonte: Evangelho Quotidiano
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